domingo, 13 de junho de 2010

Doll da Dani para fic "Estúpido Cupido"



Olhem que amor a doll que a Dani fez para a minha fic "Estúpido cupido". É absolutamente fofa! Obrigada, lindinha! *beijo*

sábado, 12 de junho de 2010

Art: Doll do Sev

Dani fez essa doll! Não é perfeita?

Fic: Estúpido Cupido (parte 1)

Título: Estúpido cupido
Autora:Magalud
Censura:PG-13
Casal/Shipper: HG/SS
Resumo: Os deuses perseguem Severus até depois de morto
Notas: Feito para o Fest de Dia dos Namorados do Snapefest Responde ao desafio de magalud: "Cupido ficou indisponível e Snape é "recrutado" por anjos (criaturas mágicas, não religiosas) para atuar como Cupido no Dia dos Namorados. Snape é quem tem que fazer as pessoas se apaixonarem!" Eu mudei um pouco o desafio. Imagem da deusa veio de uma pintura de Botticelli. Eu quase fiz um crossover, mas optei por não fazer. Ideias de Highlander e de Dead Like Me, A Morte Lhe Cai Bem. Agradecimentos às betas Chris e Shey
Disclaimer: Harry Potter, Severus Snape e todos os outros personagens pertencem a J.K. Rowling, seus advogados, e os engravatados da Warner Brothers. Eu não quero ter nada a ver com eles ou com a dinheirama que eles ganham com Harry Potter. Bom, é claro que eu aceitaria o dinheiro, se eles estivessem oferecendo.


Estúpido cupido


O ambiente era úmido e escuro, a temperatura sufocante. Não havia um vento ou brisa, e Severus Snape se arrepiou diante do lago escuro cheio de promessa de eventos terríveis. As árvores à volta do lago não tinham folhas, seus galhos eram retorcidos e secos. Não havia vegetação, pássaros ou mesmo insetos. Tudo à sua volta era desolação e danação.

"Então isso é o inferno", pensou, sombrio.

— Na verdade, isso é o Averno — corrigiu uma voz conhecida ao lado dele.

Severus se virou abruptamente, as vestes se movendo com fluidez. Albus Dumbledore sorriu.

— Olá, meu rapaz.

Severus ficou ainda mais desolado.

— Droga, Albus. Se você está aqui, para onde vão me levar?

— Na verdade, é para isso que eu estou aqui. Sua presença foi requisitada em outro lugar.

Um barco aportou naquele instante a uns 100 metros de onde Severus e Dumbledore estavam parados. Como por mágica, uma multidão se materializou, querendo embarcar. O barqueiro, um homem velho e muito magro, mas muito severo e enérgico, começou a selecionar os que entrariam no barco para atravessar o lago. Na multidão, Severus reconheceu o Lorde das Trevas, Bellatrix Lestrange, Charity Burbage, George Weasley, Remus Lupin e sua mulher Nymphadora, entre outros.

— Você não precisa entrar ali — disse Dumbledore.

— E vão todos para o mesmo lugar?

— Segundo a tradição, todos serão julgados por seus atos e mandados para os lugares onde devem estar.

— E eu não deveria entrar no barco?

— Caronte tem ordens para não deixar você entrar. Sua presença, como expliquei, é requisitada em outro lugar. Agora vamos.

Severus deixou a balbúrdia e a confusão dos que eram rejeitados pelo barqueiro do Inferno e seguiu Dumbledore. Ele não soube dizer como, mas de repente se viu numa sala de mármore, com Dumbledore, ao pé de um trono onde uma mulher lindíssima estava sentada, altiva, olhando os dois. Ela tinha o cabelo preso num coque elaborado e um adereço de pérolas na cabeça, vestia uma túnica branca coberta por uma capa vermelha, sandálias douradas nos delicados pés muito alvos. Nem Veelas puro-sangue eram tão formosas, tão cativantes ou cheias de graça. Seguramente, pensou Severus, aquela era a mulher mais linda que ele já vira na vida. E na morte, claro.

Dumbledore se curvou respeitosamente:

— Minha senhora, ele está aqui, a seu pedido.

— E você não revelou minha identidade a ele, Dumbledore?

— Não, senhora.

— Excelente. Você, Severus Snape, muito me intriga. Poucas vezes eu vi entre mortais um exemplo tão recalcitrante e tão profundo. Ao mesmo tempo, você cometeu atos terríveis. Meu pai não o considera suficientemente bom para os Elísios, e meu tio não acha que você deva ser enviado para o Tártaro, onde ficam os criminosos pela eternidade. Normalmente eu não me meto nesses assuntos, mas meu filho indisciplinado me obrigou a modificar os procedimentos para fazer os mortais se apaixonarem. E é aí que você entra, Severus.

Ele não estava entendendo nada.

— Sim, senhora.

— Sua missão é assumir esse posto. Você será contatado todos os dias para sua missão. Ganhará um novo corpo e instrumentos para fazer seu trabalho.

— Trabalho?

A linda mulher o encarou, uma expressão mista de enfado com urgência.

— Severus, eu sei que eu sou linda e estonteante, mas tente se concentrar, OK? Vamos deixar os rapapés de lado e falar claro. Você está ganhando a chance de fazer as pessoas se apaixonarem. Com sorte, isso vai ajudar a determinar seu destino na eternidade.

— Eu? Fazendo pessoas se apaixonarem?

Dumbledore comentou com sua senhora:

— Agora caiu a ficha.

— Mas o que isso fará de mim? Um... alcoviteiro? Casamenteiro?

— Não, casamento não é comigo, é com aquela mal-amada da Juno. Preferimos o termo Cupido. É o nome do meu filhinho. O garoto é indisciplinado, então tive que apelar para essas equipes avançadas pelo mundo dos mortais. No seu caso, que será apenas um cupido em teste, você só terá um supervisor. Normalmente as nossas equipes trabalham em grupos de quatro ou cinco. Um esquema semelhante de Anjos da Morte e Ceifadores de Almas, mas sem a parte macabra.

— Cupido? Então eu vou andar por aí de fraldinhas, com asas, e ainda por cima de arco e flecha na mão?

Ela soltou uma risada, um gorjeio magnífico e mavioso.

— Oh, Severus, querido, você é divertido. Não, lamento informar, mas você não terá asas até merecê-las. Adoro como meu filho continua com a carinha de bebê fofinho da mamãe...

Severus ainda estava um tanto quanto tonto com tudo aquilo. Se Cupido era o filho dela, então aquela mulher era...

Ela sorriu e era como se o Sol entrasse naquele lugar, de tão resplandecente.

— Sim, eu sou Vênus. Afrodite, Freya, Ishtar, Ísis, Astarte, Inana... São muitos nomes para mim. E agora você me foi emprestado para o seu teste. Papai Júpiter diz que ainda há esperança para você, mas se depender do tio Plutão, você vai pro inferno, mesmo. Então tente fazer o melhor que puder, está bem?

— Sim, Madame. Obrigado, Madame.

— Dumbledore, que me conhece desde que eu era pequetitinha, vai arrumar alguém para ajudar você a voltar para o mundo dos mortais. Essa pessoa pode explicar melhor os seus instrumentos de trabalho. Agora vá e saiba que você só voltará quando seu destino estiver selado.


o0o o0o o0o


Severus passou a maior parte de sua vida fingindo ser outra pessoa, então não foi problema para ele voltar ao mundo dos vivos e assumir uma nova identidade. Como de costume, eles usaram a identidade de uma pessoa natimorta e forjaram todos os documentos necessários para "construir" uma nova vida para Severus, cupido temporário.

O que Severus não estava acostumado era à época na qual vivia. Ele tinha sido designado para apaixonar casais e cuidar de corações no rastro da Segunda Guerra Mundial. Londres ainda se recuperava dos bombardeios nazistas, era grande a movimentação na cidade, e isso só facilitava a relocação de Severus. Ele alugava a parte de cima de um sobrado na zona sul da cidade e ofereceu-se para trabalhar numa botica perto de casa.

Mas o pior, o pior de toda sua nova vida, era o fato de ele ter sido reduzido a ser praticamente um Muggle. Ele só tinha os poderes relativos à sua missão. E ele não parava quieto. Aparentemente, a guerra Muggle só fizera os mortais mais sedentos de romance. E aí era o trabalho de Severus fazê-los se apaixonarem.

Felizmente, ele tinha ajuda e supervisão para fazer seu trabalho. O começo da relação entre os dois foi um tanto turbulento, mas depois de um tempo as coisas melhoraram, ao menos na opinião de Severus. Não que ele achasse tudo um mar de rosas. Um mundo tosco e grosseiro, onde até uma tecnologia rudimentar como o telefone era inconfiável, e no qual, para piorar tudo, Severus não tinha magia? Que Inferno poderia ser pior do que aquilo?

Severus não admitia, mas a presença de Ruth na sua pós-vida era muito animadora. Ruth era uma alma que não falava muito de si, mas era alegre, jovial e totalmente incapaz de se preocupar seriamente com alguma coisa — ao menos aparentemente. Severus aprendeu muito cedo a não perguntar sobre a vida de Ruth. Rapidamente os dois estabeleceram uma rotina. E tudo indicava que aquela manhã não seria diferente.

Snape estava errado.

Como toda manhã, ele deixou o sobrado e entrou no pub. Ruth já estava lá, como sempre, a pilha de pequenos papéis a seu lado. Ela limpava o balcão com uma toalha.

— Bom dia, dorminhoco.

Severus deu de ombros, sentando-se no balcão:

— Eu já me ofereci para chegar mais cedo.

— Eddie não chega cedo, e as panquecas dele são incomparáveis. — Ela passou para ele os papeizinhos e a xícara de chá. — Isso é o que tem para hoje.

Ele olhou os papéis, franzindo o cenho.

— Miller de novo?

— Reconheceu o nome?

— Essa cabeça-oca se apaixona toda semana, eu acho.

— Parece que ela é infeliz no amor, coitada.

— Isso eu não sei. Só sei que é persistente.

— Mas você não acompanha seus casos?

— Meu trabalho é fazerem se apaixonar. O que acontece dali para frente não é meu problema.

Ruth abanou a cabeça.

— É, rapaz, vamos ficar juntos muito tempo.

— Já que vamos ficar juntos muito tempo, você teve uma resposta do pessoal lá de cima?

— Não, por quê?

— Porque eu faria meu trabalho bem melhor se tivesse meus poderes de volta! Tudo seria tão mais simples com um Confundus, um Obliviate, um glamour, tantos feitiços úteis...

Ruth fechou a cara.

— Por isso é que os bruxos nunca são chamados para esses trabalhos pós-vida. Vocês são muito mal-acostumados.

— Mas se são feitiços úteis...!

Ruth suspirou:

— Olha, vamos ficar juntos um tempo e é melhor encarar os fatos de uma vez: você morreu. Aquela vida acabou, meu amigo. Até você aceitar esse fato, seus testes não vão começar de verdade.

— Os testes para saber para onde eu vou? Eles não começaram?

— Hades não acha você lá essas coisas como súdito, mas Zeus não quer você nem pintado de dourado. Já que nenhum dos dois concorda em dar a você uma segunda chance, sua sorte foi a Chefona ter gostado de sua história. Você sabe, o amor pela bruxa ruiva e proteção ao filho dela. Ah, as deusas te adoram.

— Você falou em Hades e Zeus, ao invés de Júpiter e Plutão. Prefere os nomes gregos aos latinos?

Ruth deu de ombros.

— Não é que eu prefira. É só questão de costume.

Um grito veio da cozinha e ela abriu um sorriso.

— As panquecas devem estar prontas.

Minutos depois, alimentado, Severus saiu do pub, olhou a lista de cabeças-ocas que iria se apaixonar naquele dia e pôs-se ao trabalho.

O amor estava no ar.


o0o o0o o0o


Não era um serviço que necessitasse de muito cérebro: Severus recebia o papel com nome e endereço do "alvo", ia magicamente até o local no horário marcado e tocava a pessoa. Era só isso: um toque e a mágica estava feita. Ele não entendia de onde surgira aquela ideia de flechas no coração. Provavelmente nem o Cupido original, filho da Chefona, usava isso.

Severus não tinha controle sobre quem se apaixonava por quem, e estava muito feliz com isso. Nada de ficar ouvindo gente choramingando por não ser correspondido, por ter sido abandonado, traído, trocado por um rival... Severus se irritava só de imaginar o rosário de lamentações. Ele deixara de pensar nessas coisas cedo na vida e não seria na morte que ele mudaria de hábito.

Ele tinha muito que fazer, pois embora não fosse vivo, ele tinha um corpo e precisava mantê-lo. Para tanto, tinha um emprego na botica para garantir o sustento. Em diversas ocasiões, porém, o trabalho na botica atrapalhava a atividade de cupido em treinamento. Além disso, ele era Muggle em tempo integral, e isso também atrapalhava suas tarefas mágicas.

Com o passar do tempo, os nomes dos papéis que Ruth lhe dava se tornaram conhecidos. Um exemplo típico era a já mencionada Srta. Miller. Nos papéis, ela era Miller, Sarah; e ela se apaixonava e desapaixonava com uma frequência alarmante. Havia épocas em que Severus jurava que a moça tinha por missão monopolizar seu tempo. Então ela conheceu George, e — que surpresa, pensou Severus, com ironia — apaixonou-se por ele. Só que o rapaz também se apaixonou pela moça. Depois de George, Severus nunca mais visitara Sarah Miller.

Depois de umas indiretas de Ruth, ele passou a dar atenção a alguns casos. Como o de Johnson, Rita. No primeiro contato, Severus viu a jovem e rica Rita se apaixonar pelo amigo do irmão, um soldado de nome Ed. Os dois ainda namoravam quando Severus tocou Ed e ele se enrabichou com Anne, traindo Rita. Quando Rita descobriu, não perdoou e expulsou Ed de sua vida. Anne, ao descobrir que Ed tinha trocado Rita por ela, ficou com medo que Ed fizesse o mesmo com ela e desmanchou tudo. Severus acompanhou Rita se apaixonar por Tom, um dos amigos de Ed, enquanto Anne descobria a felicidade amorosa ao lado de Gil, que conhecera num dos bailes da vitória dos Aliados. O destino de Ed foi se apaixonar por Rita, de novo. Mesmo tendo inúmeras namoradas, Ed não recebeu mais a visita de Severus e não conseguiu se apaixonar por mais ninguém.

— Rita era o grande amor da vida dele — comentou Severus. — Ele aprendeu a lição, mas já era tarde demais.

Ruth assentiu, colocando mais chá na xícara dele.

— É uma pena que nossas ordens sejam de não nos envolvermos na vida dos mortais. Se você escrevesse essas histórias de amor, ficaria rico!

— E o que eu faria com dinheiro? Nem vida eu tenho. Não, só quero que decidam logo o que farão comigo para eu seguir adiante.

Ruth sorriu para ele e passou os papéis para ele.

— Isso é o que você tem para hoje.

Severus olhou a lista e franziu o cenho.

— Algo errado? — perguntou Ruth.

— Aqui diz Potter. Eu conheci um quando era vivo. Aliás, conheci dois. Será que são relacionados com as pessoas que eu conheci?

Ruth o encarou.

— Isso vai ser um problema?

— Não sei. Acho que não. Não tinha pensado que encontraria conhecidos.

— Mas eles não conhecem você. Eles conhecem Severus Snape. Seu nome agora é Connor MacLeod. Não se esqueça disso.

— Eu sei, mas ainda assim... É estranho.

— Seu primeiro compromisso é daqui a pouco. Melhor se apressar. Amanhã falamos sobre isso.

— Amanhã é domingo. Tenho folga na botica.

— E você faz seu próprio café?

— Não, vou para outro pub. Quer marcar um encontro lá?

Ruth riu-se:

— Ah, querido, assim vão pensar que temos um romance. Mas aceito o convite.

— Certo. King's Cross, às 9 horas, que tal?

— Está marcado.

Naquele sábado, Severus não pôde deixar de pensar na ironia que era a sua missão. Ele tinha que fazer Potter, Charlus, apaixonar-se por Black, Dorea, para juntos gerarem James Potter. Se Severus sabotasse sua missão, James jamais nasceria e a vida de Severus Snape talvez fosse menos sofrida. Do mesmo modo, se James Potter não nascesse, Harry Potter jamais existiria, e o Lorde das Trevas poderia reinar sem rivais sobre bruxos e Muggles.

Ele não podia arriscar.

Então, naquele sábado, Severus tocou o braço de Charlus Potter. Dias mais tarde, ele pôs a mão no ombro de Dorea Black.

Severus contou o ocorrido a Ruth no pub de King's Cross.

— E eu não podia arriscar — disse ele. — Sei que eu não deveria me envolver, mas não posso mudar as coisas. Não posso mudar o que sei nem o que fui. Se isso foi um teste, não sei se passei nele.

Ela sorriu para ele.

— Geralmente, quem é escolhido para esse seu trabalho precisa primeiro beber as águas do rio Lethe, o rio do esquecimento, apagando todas as memórias de sua vida. A Chefona não quis que você passasse por isso, portanto, posso ousar dizer que trombar com conhecidos faz parte de seu teste, sim.

— E... er.. tem chance de eu encontrar a mim mesmo? Digo, já que aqui é o passado.

— Ah, MacLeod — Ruth deu um sorriso triste. — Nessa linha do tempo, você não vai existir. Não se pode arriscar um paradoxo no continuum espaço-tempo.

— Mas... Mas... Quem vai espionar o Lorde das Trevas? Como o lado de Dumbledore vai ganhar a guerra?

Ruth lembrou-o:

— Isso não é problema seu, Connor MacLeod. Esqueça isso. Lembre-se: Severus Snape pertence a uma outra linha do tempo. Você precisa deixá-lo ir.

Falar era mais fácil que fazer, pensou Severus. Ainda mais observando as pessoas de sua antiga vida pipocando de volta na sua frente.


o0o o0o o0o


— Certo, MacLeod, é hora de nos mudarmos — disse Ruth um belo dia.

— Mudarmos?

— Já faz mais de 40 anos que estamos nessa terra e não envelhecemos. As pessoas vão desconfiar de algo errado. O melhor a fazer é assumir outra identidade e nos mudarmos para outra parte da cidade. A nova identidade já está sendo providenciada. Agora é hora de pensarmos numa outra profissão.

— Outra profissão? Mas... poções são a minha vida.

— Pelo amor de Zeus, MacLeod! Você ainda continua preso na identidade de Severus Snape? Eu venho dizendo há 40 anos que ele morreu! Que teimosia a sua!

— Desculpe, mas não posso evitar. Severus Snape é o que sempre fui. Não me espere para mudar de um dia para o outro.

— E 40 anos são de um dia para o outro? Já ouvi falar em apego, mas você ganha o prêmio de qualquer um. Bom, é bom dar aviso na botica, porque você vai sair de lá.

— E para onde eu vou? O que eu digo?

— Diga que você tem família no interior e eles precisam de você. Invente algo. Você vem acompanhando pessoas há 40 anos! Use uma história deles. É o que eu vou fazer.

— E o que você vai fazer?

— Acho que vou ser professora de jardim da infância. Ando com saudade de brincar com os pequenos. Por que você não arruma uma nova profissão? Ouvi dizer que você aprendeu a dirigir.

— E que desperdício de tempo foi isso. Mal tirei uma carteira de motorista, vou ter que fazer outra, para minha nova identidade.

— Acostume-se a isso. Connor MacLeod tem que morrer. A Chefona disse que o nome vai despertar suspeitas entre os mortais daqui a alguns anos.

— E o que isso quer dizer?

— Isso é com ela. Mas a nova carteira de motorista pode abrir novas possibilidades profissionais. Você poderia ser um motorista. Talvez taxista, com horários flexíveis. Podia comprar um carro. Ou poderia começar um curso profissionalizante na sua área. Botânica, química, sei lá. Talvez até enfermagem. Seja lá como for, você tem de duas a três semanas para decidir. E já se prepare também com seus bens e dinheiros. Você vai passar tudo para a sua nova identidade. Eu estava pensando em irmos para Highgate, que tal?

Severus Snape suspirou. Em 40 anos, ele nunca tinha absorvido a personalidade de Connor McLeod, e agora teria que mudar de nome outra vez. Ele deu início aos procedimentos como Ruth pedira.

As coisas se complicaram ainda mais para Severus no dia em que, entre os papéis que Ruth lhe passou, estavam os nomes de Evans, Lily e de Potter, James. Um turbilhão de sentimentos se apoderou do ex-bruxo assim que ele recebeu o papelzinho. Aquela era Lily, sua Lily, perdida uma vez e agora ele iria perdê-la novamente. De novo, derrotado por Potter. Maldito Potter, herói de Quidditch, fanfarrão riquinho, rei da impunidade.

Apesar de toda a resistência e a revolta em seu coração, Severus sabia que não podia contrariar as ordens da Chefona, como Ruth dizia. Talvez aquele fosse um dos testes. Ele tinha que assegurar um desempenho que garantisse uma eternidade tranquila. Portanto, ao abordar Lily, no antigo bairro de sua infância, enquanto ela ainda estava em Hogwarts, Severus jurou que poderia chorar. Invisível, pelos poderes de sua missão de cupido, ele observou a jovem, os cabelos avermelhados cascateando à luz do sol, parecendo puro fogo, enquanto os olhos verdes brilhantes pareciam ainda mais cheios de vida e alegria do que ele se lembrava. Oh, o que ele daria para poder ficar ali e observá-la, mesmo que invisível, como ele fazia quando tinha nove anos, toda vez que Lily e Petúnia brincavam no parquinho.

Mesmo morto há 40 anos, Severus Snape tinha um coração que se encheu de dor e calor ao olhar Lily mais uma vez, provavelmente a última vez. Ela não era para ele, talvez nunca tivesse sido, talvez pudesse ter sido. Agora era tarde para se fixar nessas coisas. Só o que ele sentia era que seu coração se agitava, às vezes o sufocava. Ele se aproximou para tocá-la e fazê-la se apaixonar por Potter.

Não conseguiu.

Pela primeira vez, Severus viu Ruth sair do sério. Ela saiu de trás do balcão do pub, agarrou-o pelo braço e o levou a um dos reservados do pub.

— Você perdeu a cabeça?

— Olhe, desculpe. Eu preciso de um tempo...

— Não tem essa de tempo, MacLeod! — Ruth praticamente babava. — Você derrapou, e foi feio!

— Ela foi a mulher que eu...

Ela o interrompeu, sibilando para tentar manter a voz baixa:

— Ela é o alvo! Ela é sua missão! Você vive dizendo que seus alvos são uns idiotas e estúpidos, e você me faz pior do que eles! Olha só, você é mais do que idiota e estúpido: está se comportando como um bobão e patético! Ainda está apaixonado por ela?

— Não! Não é isso. É... difícil.

— Bom, MacLeod, meta na sua cabeça: a vida é difícil para os vivos, mas ela é ainda mais difícil para nós, não-vivos. Você pode achar que tem poder sobre eles, mas não tem. Os vivos têm que viver suas vidas, e nós estamos nas marginais. Você já sabe disso, e mesmo assim tentou interferir. Espero que eu tenha sido clara em dizer que isso é grave, MacLeod.

Severus sentiu-se como se tivesse quatro anos. Mas ele não pudera evitar. Ao ver Lily...

Ruth continuou, interrompendo seus pensamentos:

— Então, sendo sua primeira derrapada feia em 40 anos, eu vou lhe dar uma chance. Uma. Hades adoraria saber disso. Ele o mandaria direto para o Tártaro. Ou melhor, para os Campos de Asfódelos, mas você adoraria isso, não? Nenhuma preocupação, nem gente idiota para irritar você!

Os Campos eram uma espécie de Purgatório, e Severus sabia disso. Pela tradição, os campos só tinham asfódelos e eram uma terra neutra, ou seja: seus habitantes não eram nem bons nem maus, realizando tarefas diárias monótonas e repetitivas. Se bebessem a água do rio Lethe, do esquecimento, perdiam a iniciativa e a memória, transformando-se em pouco mais do que robôs.

— Vou lhe dar uma chance. Você vai consertar isso. Há um plano para esses mortais, um plano maior do que eu ou você, e se você começar a esculhambar com esse plano, não vai ficar bem para nenhum de nós dois. Entendeu?

Ele assentiu com a cabeça, e Ruth repetiu:

— Entendeu mesmo?

— Sim, senhora. — Ele realmente parecia envergonhado.

— Só me apareça aqui amanhã com todas suas missões cumpridas. Ah, e eu já tenho uma nova identidade para você começar a transferir algum dinheiro. Connor MacLeod vai morrer em breve.

— E quando ele morrer, meu nome será...?

— Você será Russel Nash. Já tem uma conta bancária nesse nome. Eis aqui os dados. Pode começar a transferir algum dinheiro para assegurar um lugar para morar. Você sabe, Highgate é uma área onde o aluguel pode ser bem salgado.

— Que tal se eu escolher Camden, então? Ou um bairro próximo?

— Você é quem sabe. Já preenchi os papéis de inscrição para lecionar numa escola fundamental da região. Hum, temos que encontrar um pub baratinho ou um pé-sujo para nossas reuniões. Isso tudo é tão refrescante e divertido, não acha? Quase faz a gente se sentir vivo de novo.

Severus concordava que ele se sentia vivo. Mas não estava. Por isso, no dia seguinte, ele tocou sua doce Lily pela última vez, depois tocou James Potter e começou o processo de ir aos poucos se tornando Russel Nash, enterrando Connor MacLeod.

continua...

Fic: Estúpido Cupido (parte 2)

Por mais que tentasse, Severus não conseguia fechar o vazio em seu coração. Acatando as instruções de Ruth (que mudara seu nome para Brenda Wyatt), ele se afastara totalmente de Lily Potter. Eventualmente, suas missões o levavam a tocar pessoas que conhecera, como Tonks e Lupin, variados Weasley, diversos adolescentes a quem lecionara quando era vivo.

Como cupido, mesmo que temporário, ele obviamente levava o amor a outras pessoas. Mas agora ele prestava atenção a elas. Se fosse honesto consigo mesmo, eventualmente até torcia por seus "clientes".

Só agora, depois de muito tempo, Severus entendia de onde os mortais tiraram a ideia de que Cupido usava arco e flecha. O amor podia ser profundo e certeiro, causando dor e fazendo o coração sangrar. Era um impacto de uma ferida mortal, que transformava quem era atingido. Aí a pessoa passava a se sentir como se tivesse sido "flechada". E retirar uma flecha podia ser doloroso e demorado — assim como esquecer um grande amor.

Por isso tudo, Severus começou a se questionar se algum dia tinha realmente amado Lily. Ele não sentira o êxtase que seus clientes experimentavam. Sentira carinho por Lily e gratidão pela atenção que ela lhe dava. Mas ele sentia que ela não era para ele, e por isso o ódio a James Potter.

— Agora caiu a ficha — comentou Ruth, suavemente. — Você podia sentir muitas coisas em relação a Lily, mas nenhuma era amor.

— Mas então o que era?

— Apego, para começar. Desejo, talvez. Você mesmo já identificou carinho e gratidão.

Severus soltou um daqueles sorrisos auto-depreciativos. Ruth quis saber:

— O que foi?

— Nada, além da ironia de que, depois de morto, estou distribuindo algo que nunca tive em vida. Então, já que estou morto, provavelmente, nunca terei isso. Por toda a eternidade.

— Em nome de Cronos, homem, não fale assim do tempo. O futuro a Zeus pertence. Eu já falei que existe um plano, não? Confie na Chefa e faça seu trabalho direito. A gente nunca sabe o que vai acontecer amanhã ou daqui a 20 anos.

Pois foram necessários mais ou menos 20 anos para Severus receber a tal surpresa de que Ruth falava.

o0o o0o o0o


Numa manhã, Severus entrou no pub onde Ruth lhe entregava os papeizinhos com os alvos e se arrepiou. Depois de todo aquele tempo, o ex-bruxo reconheceu magia no ar.

E em segundos, estava naquele mesmo ambiente claro e resplandecente, todo em mármore, onde conhecera a deusa Afrodite. Desta vez, porém, não havia Dumbledore por perto. Ele estava sozinho, cara a cara com a Chefona.

Será que seus testes tinham acabado?

Será que ele tinha falhado?

— Severus, querido, preciso de um favor seu. Você é meu cupido especial e tenho uma missão sob medida para você.

— Sim, Madame.

— Tem uma mortal que está me irritando. Preciso que você faça uma entrega especial para ela.

— Sim, Madame.

— Essa atrevidinha nunca prestou os devidos respeitos a mim e agora que ficou viúva quer fazer votos de nunca mais se apaixonar. Não pode! Ninguém pode se fechar para o amor.

Severus decidiu não tomar aquilo como uma crítica pessoal a ele. Simplesmente deixou que a deusa continuasse a desabafar. Foi o que ela fez.

— Eu sempre soube que ela favorecia mais Atenas do que eu, mas ignorar-me totalmente? Desprezar-me? Isso não! Ela merece uma lição! Severus, é aí que você entra. Vou enviá-lo agora para a casa dessa petulante, e você deve fazê-la apaixonar-se. Aí quero ver de que sua preciosa Atenas será útil. Quero ver essa insolente tentar usar o cérebro para vencer o coração.

— Alguma ordem especial que eu deva cumprir?

— Apenas uma, Severus. Você deve derramar algumas gotas desse líquido na pele dela. É um de meus elixires mais potentes. Só... deixe o destino acontecer. Obrigada, meu cupido especial. Você fez de mim uma deusa muito feliz e orgulhosa.

E, num piscar de olhos, Severus desapareceu daquele local. Assim que ele saiu, Afrodite suspirou, lamentando:

— Vai ser uma pena perdê-lo.

Saindo detrás do trono, Dumbledore mostrou-se e comentou:

— Ele teria ficado muito grato, se pudesse se lembrar.

— Oh, sim. Ele foi um súdito exemplar. E eu me diverti muito brincando de ser Ruth.

— Se me permite a curiosidade, Madame, por que decidiu mudar os termos do contrato?

Afrodite o encarou, o movimento balançando os cachos perfeitos de suas madeixas e sorriu, mostrando os graciosos dentes:

— Ora, e como eu poderia negar a ele tamanho pedido do coração? Severus mereceu, e eu jamais negarei a força do amor a um coração merecedor.

o0o o0o o0o


Severus olhou em volta do ambiente que ele não via há tantos anos. Estava no Ministério da Magia. Ele conhecia o suficiente da magia olimpiana para saber que estava invisível. Agora precisava apenas localizar a moça que tanto desagradara a deusa Afrodite e completar sua tarefa. Quem sabe depois disso ele receberia uma recompensa. Quem sabe depois dessa missão especial ele finalmente poderia descansar sem ter que trabalhar para um senhor (ou senhora) cheio de poder que controlasse sua vida ou sua morte.

Foi nesse momento que Severus se deu conta de que ele não tinha recebido um papelzinho. Como saber quem era seu alvo? Será que Ruth poderia ajudá-lo?

Então ele a viu. Ela saía de uma das lareiras do átrio do ministério. Inacreditavelmente, ele a reconheceu.

A Srta. Granger.

Dificilmente ela ainda era senhorita. Severus se lembrava de tê-la tocado, ainda adolescente, e ela se apaixonara por Ronald Weasley. Isso tinha sido há pelo menos 30 anos e ele não se recordava de tê-la tocado novamente. Seria isso que teria desagradado tanto a Chefona?

Mais madura, Hermione Granger desabrochara em uma graciosidade serena, reparou Severus. Ela parecia manter-se longe de futilidades, ainda assim era bela a seu próprio jeito. Aparentava ter cerca de 40 anos, talvez mais - aproximadamente a mesma idade dele quando morrera.

Severus se recordara do que a deusa dissera: "Ela é uma atrevidinha que ficou viúva e fechou-se para o amor". Ela vestia preto, indicando luto. Ronald Weasley deveria ter falecido há pouco tempo. E Severus também não se esquecera da insuportável sabe-tudo que constantemente erguia as mãos na sua sala de aula, respostas na ponta da língua, os olhos castanhos brilhando de animação. Sim, Hermione Granger podia ser bem irritante.

Por outro lado, a fúria de Afrodite contra mulheres mortais que a desafiavam era bem conhecida. As lendas de Helena de Tróia, Pasífae, Andrômeda e Psiquê lhe vieram à mente. Todas essas mulheres tiveram destinos terríveis, condenadas a ordálios excruciantes. Seu coração se apertou ao pensar em Hermione passando por experiência semelhante.

A moça atravessou o imenso hall e dirigiu-se aos elevadores. Num impulso, Severus a seguiu. Os dois entraram juntos no elevador, acompanhados por outros funcionários do Ministério e os memorandos flutuantes de aviõezinhos de papel.

Tão perto Severus estava que sentiu o cheiro familiar de magia, de resíduos e vestígios de feitiço no ar, de varinhas polidas. Não importa o que Ruth dizia: aquele era o seu mundo, fosse qual fosse o nome que ele usava.

Percebendo que perdia a concentração, Severus afastou esses pensamentos e focalizou-se em sua missão. Aquela era a melhor oportunidade que teria. Ele tirou o frasco com o elixir da deusa e aproximou-se da mulher que era seu alvo.

Severus encarou os olhos castanhos, vendo o brilho da meninice no rosto mais maduro. O cabelo escovado tinha cachos suaves, um suave perfume de jasmim a envolvia. Nas mãos dele, o frasquinho com o elixir o encarava. Sua missão o esperava. Por que ele hesitava?

Ele lembrou Andrômeda, Helena e Psiquê. Como ele podia condenar Hermione aos mesmos tormentos? E por que, em nome de Zeus, ele não conseguia completar sua missão?

Severus procurou, de novo, afastar os pensamentos. Abriu o frasquinho. Algumas gotas bastariam, segundo a deusa. Ele só precisava fazer o líquido tocar a pele dela.

Ele só não contava com o suave solavanco do elevador. Mesmo suave, o balanço foi o suficiente para fazer o elixir derramar-se no braço dele.

Instantaneamente, Severus sentiu-se zonzo. A realidade parecia ter se alterado. Sons, cores, imagens estavam distorcidas. E tudo pareceu ainda mais surreal quando Hermione Granger, muito pálida, olhou diretamente para ele e arregalou os olhos.

— P-professor Snape...?

Foi nesse instante que a realidade foi demais para ele, e o cobertor cinza e quente da inconsciência envolveu-o.

o0o o0o o0o


— ... e, até onde conseguimos descobrir, o senhor está em perfeitas condições de saúde. Tirando o óbvio, claro.

Severus encarou o medibruxo, ainda incrédulo. Depois encarou a Srta. Granger, quer dizer, Sra. Weasley, e Harry Potter, como que tentando obter uma confirmação do que ouvira. Gravemente, pediu:

— Gostaria que repetisse o que acaba de dizer, por favor.

— O senhor está perfeitamente saudável, Sr. Snape — resumiu o medibruxo.

— Não, eu quis dizer o que disse antes disso.

Eles se entreolharam, e o jovem médico repetiu, pacientemente:

— Já se passaram 25 anos da Batalha de Hogwarts. Voldemort foi derrotado. O senhor foi dado como morto e enterrado com honras de herói. Pelo pouco que pudemos apurar, presumimos que o senhor tenha sido salvo por Narcissa Malfoy, tratado secretamente na Mansão durante todo esse tempo. Suspeitamos que, aos poucos, a saúde mental de Madame Malfoy tenha se deteriorado e ela tenha feito do senhor um prisioneiro durante todos os anos em que Lucius Malfoy cumpriu pena em Azkaban, onde ele veio a morrer. Sua falta de memória certamente é fruto dos variados Obliviate aplicados. Por algum tempo, sua idade nos intrigou. Quero dizer, o senhor não envelheceu um ano desde a Batalha Final. Então a Sra. Weasley nos ofereceu a explicação: suspeitamos do uso ilegal de um vira-tempo. Isso explicaria que suas últimas memórias tenham sido apenas da batalha. Esperávamos poder confirmar essas suposições com Madame Malfoy, mas tudo indica que o estado dela seja permanente.

Severus olhou em volta, ainda atordoado. Ele estava há três dias em St. Mungo's, todos tentando descobrir como ele subitamente aparecera num elevador do Ministério da Magia após ficar "morto" durante 25 anos. Estava desmemoriado e não envelhecera um dia além da última lembrança que tinha: o chão da Casa dos Gritos, onde agonizava depois de entregar a Harry Potter as memórias que o ajudariam a vencer Lorde Voldemort. Severus ainda entendia pouco do que acontecera e não sabia direito como deveria se sentir.

A Srta. Granger tinha sido uma companhia incansável e paciente, relatando a ele as mudanças no mundo bruxo e compartilhando com ele as surpresas destes novos tempos. Ela lhe contou a respeito de seu casamento com Ronald Weasley, de quem enviuvara há pouco, e dos dois filhos, Rose e Hugo, ainda em Hogwarts.

Harry Potter parecia maravilhado em vê-lo, emocionado até.

— Minha caçula está em Hogwarts — falou Harry, animado. — O nome dela é Lily Luna. Está em Gryffindor.

— Que surpresa — disse Severus, sarcástico. — Naturalmente, seguiu os irmãos e manteve a tradição de uma família só de Gryffindors.

— Poderia ser, se levasse em conta apenas o mais velho, James Sirius, que já terminou Hogwarts. Mas Al, o do meio, foi parar em Slytherin. Ele se forma esse ano.

Severus ergueu uma sobrancelha.

— E você não o deserdou? Notável.

Harry manteve o sorriso.

— Al está morto de vontade de conhecê-lo; ele o admira muito. Também está curioso, afinal, o nome dele é Albus Severus.

Severus já estava de boca aberta para despejar um comentário sardônico sobre "Gryffindors em pele de Slytherin", mas não conseguiu emitir um único som. Quando ele recobrou a voz, mal pôde articular as palavras.

— Mas por quê? O que você estava pensando?

— Pensei que meu filho podia se inspirar no exemplo de dois homens a quem admiro muito. Um pela sabedoria e visão, outro pela coragem e astúcia. Era o mínimo que eu podia fazer por homens a quem eu não mais podia ir pessoalmente dizer obrigado.

Severus ainda estava impactado com a informação de que Potter dera seu nome a um de seus filhos. E o que era aquilo nos olhos dele? Gratidão? Admiração?

A Srta. Granger dispersou o clima bizarro, indagando:

— E então, professor? Sua alta está chegando. Tem planos?

Aquilo pegou Severus de surpresa.

— A-alta...?

— Sua saúde está perfeita. — Harry parecia satisfeito. — St. Mungo's não trata gente saudável. Não há motivo para mantê-lo aqui mais tempo.

Ele não tinha pensado nisso. Onde ele iria viver?

— Minha casa...

— Spinner's End foi tomada pelas autoridades, o que é padrão para mortos sem testamento ou herdeiros — informou Hermione. — Por isso Harry e eu decidimos que o senhor é bem-vindo para passar o tempo que quiser comigo.

— Com a senhorita? Isso seria impróprio.

— Já pedi para me chamar de Hermione. E em que isso seria impróprio? Está numa situação incomum, precisa de ajuda. E depois de tudo que fez por nós...

— Mas... O que podem pensar a seu respeito? Nossa diferença de idade... Eu dei aulas para vocês!...

— Bem, agora a situação se inverteu, não é mesmo? Afinal, aos 43 anos, sou mais velha que você, um jovem de apenas 38 anos. Eu é que estaria me aproveitando de você. Confesso que a ideia chega a me atrair...

Harry arregalou os olhos, tanto quanto Severus, que indagou:

— Mas... mas...

— Fique tranquilo, professor. Não vou fazer avanços indevidos enquanto estiver na minha casa. A menos que não queira, claro.

Novamente Severus ficou sem palavras, olhando a moça sorrir. Harry pigarreou e apressou-se em dizer:

— Er, eu vou ali, falar com o médico, sobre uma coisa, acho, e, bom, já fui.

Sem esperar resposta, ele simplesmente saiu. Severus encarou Hermione e disse de maneira cuidadosa:

— Essa experiência de voltar dos mortos me deixou um pouco abalado. Pensei ter ouvido que gostaria de... er...

Hermione chegou perto dele e interrompeu:

— Ouviu certo. Não me entenda mal, eu realmente não sou assim impulsiva, mas acho que gostaria de tentar um relacionamento.

— Com seu velho e recém-redivivo mestre de Poções?

— Já resolvemos essa história de idade. E eu vejo todas as qualidades que fizeram de você um dos heróis da vitória contra Lorde Voldemort. Além do mais, Severus, não devemos tentar entender essas coisas do amor. Elas simplesmente acontecem. O que diz?

— É tudo muito repentino...

De repente, uma flecha invisível o atingiu, e ele completou:

— ... mas parece ser a coisa certa a fazer.

Hermione sorriu para ele, e ele correspondeu ao sorriso. Os dois trocaram um beijo tímido, corações acelerados, uma ligeira excitação diante do desconhecido e das grandes mudanças que certamente viriam.

Eles não podiam ver, mas ali no quarto de hospital, uma deusa grega lindíssima soltou um suspiro de alívio.

— Ah, finalmente! — Ela se virou para o menininho de fraldas e asas, que portava um arco e flechas. — Obrigada, filhinho. Sem você, esses dois não iriam se acertar tão cedo.

Ao lado dela, Dumbledore concordou:

— Sem dúvida, ambos precisavam desse empurrãozinho. E agora? O que acontece?

— Agora as coisas se ajeitam. Os filhos dela, os amigos, a família... tudo vai dar certo. Posso arranjar com Hermes para a imprensa dar uma ajudazinha também. Isso pouco importa. O mais importante eles já têm.

Dumbledore sorriu e vaticinou:

— Só o que eles precisam é amor.

The End

Fic: O pedido

Título:O pedido
Autora: Magalud
Par: Severus/Lily
Gênero: Romance
Censura: PG
Desafio: Severus enfrenta o sogrão quando vai à casa da namorada oficializar o namoro (Claire)
Resumo: Severus vai ao pai de Lily pedi-la oficialmente em namoro. Drabble.
Notas/Avisos: Nenhum. Agradeço à beta Cris
Disclaimer: Tudo que você reconhecer é de outros, JK, Warner, etc. O resto é meu, meu!


O pedido



― Então pretende namorar minha filha.

― Sim, senhor.

― Você parece ter pensado muito nisso, meu jovem.

― Sim, senhor.

― Você gosta dela há tempo?

― Sim, senhor. Desde que a conheci. Quando eu a vi no parquinho, sabia que queria me casar com ela.

― Oh, você tem intenções sérias.

― Sim, senhor. Lily para mim não é brincadeira. Eu a amo de verdade.

― Fico feliz, meu rapaz. Então você vai ter uma profissão e trabalhar bastante para sustentar vocês.

― Sim, senhor.

― Vamos combinar o seguinte: venha me procurar de novo daqui a algum tempo. Se não tiver mudado de ideia, e se ela aceitar, então você terá o meu apoio para se casar com Lily.

― Obrigado, senhor. Devo voltar daqui a quanto tempo?

― Uns oito anos. Agora vocês dois podem brincar no parquinho. Dez anos não é idade de pensar em casamento.

― Sim, senhor.

The End

Artes da Shey


Duas artes inéditas da Shey para o Fest!

Fic: As irmãs Stock (parte 5)

Capítulo 11: “Eslipo”
Snape saiu em direção ao lago, ela deveria estar lá, nervosa com tudo aquilo que havia ocorrido. Anita sempre ia ali quando precisava pensar, era sempre assim que ela reagia todas as vezes que precisava ficar sozinha. Mas ele não deixaria que ela tivesse uma opinião errada ao seu respeito, ele amava Anita e não iria perdê-la tão facilmente assim. Se ela não estava pronta, ele iria respeitar a vontade dela. “Eu deveria ter imaginado...ela sempre foi muito tímida e retraída...eu não deveria ter feito aquilo...eu deveria ter me controlado...Inferno!!!” - Ele censurava-se mentalmente durante cada curva do caminho.

- Anita!!! - O nome dela ecoou sem resposta.

- Anita, precisamos conversar... - Ele olhou para os lados em busca do olhar dela, mas era tudo vazio.

- Stock, apareça eu preciso falar com você!!! - Snape gritou com raiva daquele joguinho, ele sabia que ela estava ali.

Não havia ninguém ali?

Não...

- Estupefaça!!! - Gradou uma voz rouca atrás de Snape.

Tarde demais... Não houve tempo para revidar, Snape caiu inerte no chão, covardemente atingido pelas costas...

- Olá verme, a quanto tempo!!! - Yaxle cumprimentou-o cinicamente.

- Eu poderia matar você agora...- Pronunciou ele enquanto chutava Snape no chão.

- Mas não vou...ao menos, não agora!!!- Ele sorriu macabramente.

- Sabe...todo esse tempo fugindo...me deixou cansado...- Ele deu um chute no estômago dele- Eu estou precisando de um pouco de diversão...

- Vamos traidor, vou lhe mostrar o meu local preferido!!! - Yaxle pegou Snape pelas vestes, como se carregasse um saco de batatas e aparatou dali.

***


Anita sentiu que precisa ficar sozinha e pensar em tudo aquilo que havia ocorrido, ela saiu em direção ao seu local preferido, foi em rumo ao lago, esconder-se, como sempre fazia na hora do aperto. Ela estava lá quando Snape foi atacada e observava trêmula a ação de Yaxley.

***

Snape estava acordando, aos poucos as dores no seu corpo se tornavam mais intensas, e ele percebeu chocado que estava amarrado, estava numa espécie de cabana de madeira, o local fedia a um odor forte e nauseante, mistura de sangue e sujeira.

- Demorou a acordar Snape... - Yaxle sentiu enorme prazer ao vê-lo sangrando na sua frente, o sangue escorrendo e ensopando o chão.

- O que pensa que está fazendo? - Perguntou Snape, avaliando rapidamente sua situação.

- Estou apenas me divertindo um pouco, antes de matar você... – Ele respondeu como se fosse uma coisa extremamente óbvia.

- Realmente, deve ser muito fácil torturar alguém amarrado, por que não me solta e duelamos como dois homens adultos? - Perguntou Snape superiormente, apesar da tensão que sentia percorrer todo seu corpo.

- Duelar com você???... - Yaxle perdeu um pouco da falsa segurança.

- Sim...Ou está com medo de mim? - Perguntou Snape com um sorriso de puro deboche.

- MEDO???!!! - Berrou Yalex com o rosto tensionado – Eu NUNCA teria medo de um verme traidor como você...

- Antes de matá-lo...- Disse ele olhando para o porco estripado sobre a mesa.

- Quero fazer algumas...perguntinhas...- Yaxle tentou voltar ao controle.

- Quem você estava procurando? - Yalex levantou uma das sobrancelhas, seu rosto doentio radiava certo prazer.

- Não é da sua conta.- Snape respondeu firmemente.

- CRUCIO!!!

- Ahhh!!! - Snape sentiu o feitiço jogá-lo ao chão, a dor tomava conta de todo oseu corpo, era impiedosa e mortal.

- Eu vou ser bonzinho...vou facilitar pra você...

- Não banque o filantropo, Yaxle...o papel não lhe cai bem!!! -Rebateu o mestre ironicamente.

- Crucio!!!

- Ahhh!!!

- Eu ouvi você falando...- Disse o comensal observando cada gesto de Snape.

- Quem é Anita Stock?- inquiriu nervosamente.

- Ninguém!!!

- CRUCIO,CRUCIO,CRUCIO!!! - Repetiu fortemente até vê-lo quase sem forças caído no chão.

- Não sei...- Murmurou ele.

- Você está mentindo...até eu sei quem é Anita Stock!!!- Exclamou ele com um sorriso psicopata.

- Então me diga, você... – Exclamou Snape querendo saber se era um blefe ou não.

- Uma bela moça de lábios vermelhos e olhos azuis... – Yalex tinha um brilho no olhar.

- … (Snape ficou calado, aparentemente ele a conhecia)

- Eu poderia fazer com ela...o mesmo que eu fiz com aquela amiguinha dela...

- Qual era mesmo o nome dela???... - Yalex perguntou para si mesmo

- ….Lenorah Kiel, lembrei!!! - Exclamou satisfeito consigo mesmo.

- Não toque nela, ou eu vou!!! - Snape reagiu com ódio

- Vai o quê? - Riu debochadamente – Você não vai fazer nada, Snape!!!

- Eu estuprei Lenorah na frente dos pais dela...Você deveria ter visto a cara do senhor Kiel...- E continuou ao ver que o assunto lhe torturava mais do que as maldições imperdoáveis.

- ...O Lord disse que eu podia torturar aquele traidor do Kiel a vontade, antes de matá-lo, é claro...então...eu... – Yalex gargalhou diante da face de Snape.

- Seja homem e me enfrente num duelo, seu covarde!!! - Interrompeu Snape desesperado para salvar Anita.
- Sabe Snape...eu gosto de ouvi-las chorando...me excita!!!

- Maldito, você em enoja!!!!!!! - Snape estava doente com o que ele dizia.

- Mas você sabe que eu jamais poderia fazer algum mal a sua querida Anita Stock, não sabe? - Perguntou rindo.

- Por quê? - Bradou Snape confuso.

- Meu caro Severo...acredito que essa moça, seja ela quem for...andou mentindo pra você.

- O que está dizendo???!!! - Exclamou Snape irritado

-Ela não pode ser Anita Stock... – Afirmou Yaxle com toda certeza.

- Simplesmente, por que eu matei a filha caçula dos Stock....Eu matei Anita Stock!!! - Respondeu Yaxle friamente, seu rosto duro e impenetrável.

- … – Snape não disse nenhuma palavra, deveria ser um engano.

- Da para acreditar que a pirralha dos Stock, metida a heroína, veio querer defender a sua amiguinha...me enfrentando!!!

- Eu não queria...mas fui forçado a matá-la...Uma pena, eu podia ter me divertido com ela também!!!

- Cale-se!!! - Snape se contorcia diante de todas essas informações.

- Chega de conversa...faça seu ultimo pedido. – Yaxle olhou-o com nojo.

- Avada...
“Anita eu te amo...”
- Alarte Ascendare!!
- Berrou Anita com toda a sua raiva – Yalex subiu para o alto e foi jogado de encontro ao chão.
- Você está morta, eu matei você!!! - Yalex exclamou assustado, arregalando ou olhos e empalidecendo, ela seria um fantasma?

- Anita Stock... - O comensal balbuciou

- Não...Eu não sou Anita Stock, eu sou Lenorah Kiel!!! - Diante dessa frase ela simplesmente transformou-se diante de deles, sua pele antes branca tornou-se morena e seus olhos azuis ficaram verdes.

- Sentiu saudades de mim...- Debochou Yalex com um sorriso.

- Só nojo e desprezo!!! - Respondeu Anita enojada só em vê-lo

- Confundus!!! - Yalex tentou atacá-la

Anita caiu ao chão desorientada, e rapidamente Yaxle a segurou pelos punhos, o corpo dele pesava sobre o seu, era uma sensação sufocante, os olhos dele a encaravam como nos seus piores pesadelos.

- Novamente estamos juntinhos...veja como é o destino..só que dessa vez, querida...eu terei de matar você!! – Exclamou ele acariciando o rosto dela.

- Me largue!!! – Lenorah gritou com todo o seu fôlego, o seu pior pesadelo estava tornando-se realidade, e dessa vez ela não poderia simplesmente acordar.

- Não leve a mal, nada pessoal...só um castigo para o nosso querido Snape!!!

- Não toque nela, o seu problema é comigo!!! – Gritou Snape, tentando se desvencilhar-se das cordas.

- Fique quieto Severo, não estou falando com você!!!- Yaxle berrou para Snape

Era o que Lenorah precisava, cinco segundos de distração, só isso...

- Não fale assim com ele!!! – Lenorah aproveitou a distração dele e deu uma joelhada no ponto franco de todo homem.

- Maldita!!! - Berrou Yalex contorcendo-se de dor.

- Eu não tenho mais 8 anos de idade, seu covarde!!! – Ela gritou olhando-o com nojo

Lenorah foi rápida ao empurrá-lo com força, mas Yalex tentou puxá-la de volta, segurando o seu cordão com toda a força. Ela segurou o grito de dor, seu cordão arrebentou-se do seu pescoço.

- Avada Kedavra!!! -Yalex caiu morto ao chão. - Por alguns minutos, ela ficou observando os olhos dele estavam arregalados numa expressão vazia e assustadora. Ela aproximou-se do corpo dele e pegou a sua cornetinha com as duas mãos.
- Nunca mais ninguém vai tirar nada de mim!!!- Balbuciou Lenorah, ainda trêmula, mas aliviada.
- Anita...- Snape chamou-a quase exaurido da tortura.
- Por favor, não me chame assim... – Os olhos verdes o encararam com amor, doçura e dor.
- Quem é você? - Perguntou Severo sentido-se enfraquecer.
- Eu sou quem sempre fui... - Ela disse suavemente, percebendo a perplexidade do rosto dele.

- Desculpe-me, dear my love!!! – Ela suavemente encostou seus lábios nos dele.

“Eslipo” - feitiço não verbal.


Capítulo 11 : Savage, o auror

Snape acordou confuso, demorou alguns minutos para perceber que estava no leito oeste do Hospital St. Mungus, “Eu devo ter tido um delírio”, pensou consigo mesmo, mas ao tentar levantar-se percebeu que a dor, que sentia pelo corpo, não o deixaria mentir para si mesmo. Ele havia sido torturado e espancado por Yalex. Mas isso não importava, ao menos não agora...Ele pensava em Anita...(ou Lenorah)...como chamá-la...como encará-la? Ele estava confuso demais.

- Severo, você acordou!!! - McGonagol acabava de entrar com uma xícara na mão, aparentemente havia ido tomar um cafezinho.

- Sim.. -Snape parecia tentar assimilar todos os acontecimentos.

- Como você está? - Perguntou ela alegremente.

- Já estive melhor...- Respondeu ele

- Imagino...- Confirmou ela

- Quanto tempo estou aqui?

- A uma semana.

- Severo, foi Anita quem matou Yalex? -Perguntou a velha bruxa

- Não, fui eu – Mentiu ele para salvá-la

- Severo, isso é muito nobre da sua parte, mas os aurores usaram Prior Incantato na sua varinha...

- O que mais eles sabem?

- Bem...ela fugiu..

- Como?

- Pareci que quando quiseram prendê-la, a irmã Ludmila Stock tentou encobri-la e duelou com quatro aurores sozinha, enquanto a irmã fugia...

- Ela está bem?

- Sim...Ludmila está presa e Anita desaparecida.

- Eu tenho de sair daqui!!!– Snape tentou levantar-se em vão.

- Não, você ainda está convalescente!!! - Ela repreendeu ele, como se o mestre fosse um aluno de primeiro ano.

- ...E os aurores querem interrogá-lo – Continuou McGonagal

- Professor Sanpe, posso falar com o senhor? - O auror Savage bateu na porta

- ...Departamento de execução de leis mágicas.

- Se não tem jeito...- Retrucou Snape de mau humor.

- Gostaria que o senhor me contasse como foi o assassinato de Yaxle.

- Assassinato? Eu diria legítima defesa, ele estava ameaçando a minha vida e a senhorita Stock, heroicamente me salvou...

- Sinto informá-lo senhor, mas Anita Stock está morta há vários anos... - Falou Savage gravemente.

- Como assim? Ela estuda em Hogwarts e é uma excelente aluna!!! – Interveio McGongol chocada.

- Madame, quem vocês conheceram foi Lenorah Kiel uma perigosa delinqüente.

- Perigosa delinqüente? - Pasmou-se a diretora

- Isso é um absurdo!!! – Exclamou Snape grosseiramente.

- Estamos procurando Lenorah Kiel por usurpação, fraude, uso indevido da magia e assassinato. – Afirmou Savage.

- Mas eu já disse que foi em legítima defesa!!! -Exclamou Snape nervosamente.

- Mesmo que tenha sido, os outros crimes também são muito graves, cavalheiro... Quando a pegarmos, vai direto para Askaban!!!- Declarou o auror pesadamente.
- Mas a família dela, quer dizer...a senhora Stock...ela sabe disso? - Perguntou a diretora pálida.

- Infelizmente a senhora Stock está morta, a pobre senhora teve um ataque fulminante quando descobriu toda a trama... - Savage puxou no seu bigodinho ao prosseguir – ..Trágico, madame!!!

- Eu não sou obrigado a ficar aqui ouvindo isso!!! – Irrompeu Snape

– O senhor, faça o favor de si retirar!!! - Ordenou Snape fuzilando-o com os olhos.

- Isso é uma falta de respeito!!! - Savage perdeu seu sorriso

- Compreenda, senhor Savage...Muita emoção de uma vez só. Ele deve estar traumatizado – Defendeu McGonagal, evitando maiores transtornos.

- Venho em outro momento, madame - Respondeu Savage beijando a mão da diretora.

- Nós agradecemos!!! – Gradou Snape ironicamente.

***
Snape tentou fechar os olhos, mas era difícil, a algumas horas estava esperando o sono chegar e ele não vinha. Respirou fundo, e acabou por diluir uma gota da poção de dormir em um copo de água, afinal, não queria ficar dopado. Severo estava nervoso demais, atento demais para simplesmente virar e dormir. Agora, Anita...que dizer Lenorah...está sendo perseguida por aurores, com risco de acabar em Askaban. Ele respirou fundo, novamente, seus olhos lacrimejaram.

“A poção estava começando a fazer efeito”. Suspirou.

“Anita...tinha belos olhos azuis, cheios de fúria, medo e dor. Lábios vermelhos e macios bem dispostos numa pele branca como o marfim, um certo ar inatingível...quase frio. Ela era linda, não resta dúvidas...Mas havia uma certa frieza na sua fisionomia, a qual só era quebrada pela sua suavidade e doçura, o que parecia quase contraditório....
Sua visão estava turva, ligeiramente nublada. Uma confusão de pensamentos embaralhados na sua cabeça, eles rodopiavam sem nexo ou direção. Severo quase podia vê-la, mas não poderia tocá-la, esse era o castigo dado pela poção...

“Não poderia tocá-la...”
O verdadeiro nome dela rodopiou na cabeça dele...
“Lenorah...”

“Ela estava diante de mim...não era Anita....era Lenorah...ela parecia uma lembrança antiga, embaçada. Sim, era ela!!!Os olhos verdes, e a pele morena...numa combinação quase irresistível, havia um certo magnetismo que ela emitia, talvez fossem os seus olhos meigos e doces. Ela parecia aflita...“Estranho” - pensou consigo mesmo - Ela não combina com nada que fosse ruim, ou mal...Lenorah tinha calor, uma luz, talvez fosse ela a sua salvação...”

Snape sabia que era uma alucinação, tudo culpa da poção. Então riu de si mesmo, e resolveu participar desse jogo, e chamou-a baixinho:

- Lenorah...Lenoral...Lenorah...

“Pude sentir novamente, aqueles lábios suaves e doces nos meus, era uma pressão delicada, como todos os seus beijos, antigos ou atuais. É como se diz, muda-se a capa, mas não o conteúdo...Agora fazia sentido, seu rosto lindo e caloroso, ela não era fria nem distante...ela estava próxima...Senti os dedos dela passando pelos meus cabelos, era o mesmo toque macio de Anita, mas era diferente...talvez me parecesse ainda mais verdadeiro e entregue do que antes, não havia medo”.
ESCURIDÃO.

Snape acordou e sorriu, há tanto tempo não tinha tido um sonho tão lindo e real. Ele havia sentido até o toque dela. Olhou para os lados e percebeu que ao havia algo no seu leito, era um papel em forma de canudo, todo enrolado por um cordão com um pingente em formato de coração. Ele reconheceria aquele cordão em qualquer lugar.

- Anita...quer dizer...Lenorah!!! -Exclamou ele, levantando-se para ler a carta.

Dear my love,

Agora chegou o momento de lhe explicar tudo, meu nome é Lenorah, eu sou filha única dos Kiel, meu pai era um comensal da morte, que acabou se desviando das trevas, e tornando-se um informante do Dumbledore. Ele mudou graças ao amor da minha mãe, e é por isso que eu acredito que o amaria mesmo você sendo um comensal.
Eu era uma criança quando comensais invadiram minha casa e destruíram tudo que eu tinha, eles mataram os meus pais. Durante o ataque, eu tentei fugir, mas Yaxle me capturou...ele me estuprou na frente do meu pai, graças a Deus minha mãe já estava morta e não viu.
Eu estava ferida quando Ludmila e Anita Stock apareceram, Ludmila começou a lutar com Yaxle para me salvar, mas ela ainda era uma adolescente e ele lançou um feitiço imperdoável nela, um feitiço de morte. Mas Anita, apesar de ser tão criança quanto eu, correu na frente da Ludmila e a defendeu com o seu próprio corpo. Ela caiu morta ali mesmo. E eu não fiz nada.
Yaxle foi embora, pois os aurores já estavam chegando. Eu tive um ataque nervoso e comecei a me transformar descontroladamente, narizes redondos e arrebitados, compridos, finos, etc...boca grande e pequena, cabelo curto, longo, intermediário, e em todas as cores possíveis e imagináveis, tudo isso em frações de minutos. Eu não conseguia parar de me tremer e de me transformar.
Nós pegamos o corpo da Anita e a levamos para a casa dos Stock, nós passamos três horas tentando reanimá-la, nós usamos até feitiços ilegais, mas ela já estava morta. Ludmila percebeu que eu era metamorfamaga e implorou pra que eu me passasse por sua irmã, ela temia que a senhora Stock morresse de um ataque ao perceber que Anita havia morrido. Eu não tinha mais ninguém, e estava com medo de Yaxle voltar para me matar. Ludmila me ofereceu tudo que eu mais precisava e queria: uma família e proteção, acabei aceitando, por favor, não me julgue por isso.

Eu espero que um dia você consiga me perdoar por todo o mal que lhe causei. Não pense que tudo foi uma grande mentira, pois o nosso amor foi a única coisa pura que eu preservei em toda essa teia de falsidade. Eu nunca quis mentir para você, mas eu não podia contar a verdade. Esse segredo também envolvia Ludmila, Yaxle e a senhora Stock. Contudo, mesmo assim, por diversas vezes eu tentei lhe contar mas, eu não consegui. Severo, eu queria ter conseguido entregar a você tudo o que tenho, o meu corpo e o meu espírito. Mas eu não consegui...Quero que saiba, que ao menos eu lhe dei o meu coração.

PS: Minha mãe, me deixou esse cordão em formato de coração. Como eu havia lhe dito, não foi nenhum Stock que me deu ele.

Sempre sua.

LK.

Fic: As irmãs Stock (parte 4)

Capítulo 08: A jóia em formato de coração.

Snape passou o dia pensando de quem poderia ter sido a autoria daquele bilhete. Ele tinha muitos inimigos e saber qual deles seria o autor dessa ameaça seria uma tarefa hercúlea. Tinha de pensar. Mas pensaria nisso depois, escutara as três pancadas suaves na porta, era Anita Stock para uma visita surpresa. Ele sorriu.

-Isso são horas, senhorita Stock!- A voz grave dele fazia Anita sentir segurança.

-Eu estava estudando e perdi as horas, acabei jantando tarde, e eu não queria dormir sem antes te dar um beijo...- Ela disse colocando-se na frente dele.

-Acabou com a poção que eu te dei? -Perguntou Snape

-Sim...E não senti mais nada, acho que não devia ter ficado sem comer...Sempre é assim, fico fraca e fico enjoada- Ela disse séria.

-Não fique sem comer de novo...É uma ordem, senhorita Stock- Falou Severo sem nenhum humor.

-Não seja tão sentimental...senão eu posso pensar que gosta *mesmo* de mim- Ela disse abraçando-o.

Snape passou a mão pela cintura dela, e beijou sua cabeça uma vez, ele não disse nenhuma palavra por alguns minutos.

-Para prevenir, pegue outra poção para enjôo na cômoda.-Ele disse ao separar-se dela.

-Está bem...-Anita levantou-se e foi em direção a cômoda de madeira no canto da sala. Ela abriu a primeira gaveta, olhou e não viu nada...a não ser por um papel meio amassado...escrito...”traidor e verme” , ela voltou a vista e mais por instinto do que por curiosidade ela leu o bilhete todo.

-Severo o que é isso?- Ela entregou-lhe o bilhete com as mãos trêmulas.

-Quem foi que escreveu esse bilhete?- Anita tinha os olhos angustiados.

-Por um acaso pareço com a Trelawney? - Disse ele revirando os olhos.

-Não vê que não está assinado!!!- Continuou, mostrando o bilhete.

-Não tem idéia de quem seja? -Anita Rebateu nervosamente.

-É Óbvio que não...-Disse ele com um muxoxo.

E só de pegar o bilhete pela primeira vez , ela percebeu...Jamais esqueceria a caligrafia *dele*, o nome lhe veio a mente, rasgando feito pólvora. Aquele modo de escrever, inclinado de forma esticada, a maneira deitada de escrever o “S” , com toda força e brutalidade, marcando todo o papel até do outro lado...

-Pois...eu sei...quem....escreveu...-Ela parecia decidir se dizia ou não.

-Então, diga logo!!!- Rebateu ele com pressa.

Ela só conhecia uma pessoa que escreveria daquela maneira...

-Yaxley!!!-Ela olhou-o temerosa.

-Como tem tanta certeza?- Perguntou Snape ao ver a reação da moça.

-Não...é...um...comensal???- Ela disse olhando para os pés.

-Sim...- Respondeu ele com as sobrancelhas levantadas.

-Mas isso não explica o fato...Como sabe que é dele?- Perguntou Snape com seus olhos negros e inquisidores.

-Severo...-Ela pareceu fugir.

-Diga...senão eu leio a sua mente.- Ameaçou impiedosamente.

-Você prometeu!!!- Ela respondeu surpresa e temerosa.

-Eu sei...mas isso é muito sério...que ligação tem com ele? -Sua voz saiu mais áspera do que o normal.

Ela andou pela sala, aparentemente nervosa, sacudindo as mãos.

-Eu direi...-Falou num suspiro depois de pensar alguns minutos.

-Minha irmã trabalha na parte de investigações...ela vê cartas....pistas...eu as vezes a ajudava, olhando as cartas, procurando algum indício...me lembro da letra dele....Com certeza, foi ele que escreveu o bilhete...

-Então é ele que anda me mandando recadinhos...-Disse Snape sarcasticamente, parecendo satisfeito com a resposta dela.

-Acredito que sim...se quiser, posso mandar para Ludmila,minha irmã,ela pode confirmar. -Respondeu Anita franzindo a testa.

-Não precisa...Se você tem certeza de que é ele.- Respondeu Snape friamente.

-Você está bem? -Inquiriu Snape ao perceber que ela estava branca como papel.

-Sim...- Respondeu olhando para o lado.

-Você está tremendo?- Severo segurou Anita.

-Não- Balbuciou a corvinal escondendo as mãos trêmulas.

-Não seja tola, é óbvio que está tremendo!!!- Snape arqueou as duas sobrancelhas.

-Não estou... – Ela tentou rebater inutilmente.

-Não minta pra mim, Anita!!!- Snape falou duramente.

-Severo...estou com medo por você...não brigue comigo!!- Ela colocou a mão esquerda sobre a testa preocupada.

-Não seja boba, eu sei me cuidar muito bem!!!- Snape tentou acalmá-la

-Mas...eu sei que Yaxley é perigoso, ele pode lhe fazer muito mal...-Ela abraçou-o fortemente ele sorriu, afinal ela se importava.

-Estou tomando todas as precauções...agora que eu sei que é ele...tudo fica ainda melhor, se ele aparecer por aqui, será pior para ele.- Respondeu com firmeza.

Anita olhou-o visivelmente preocupada, a testa tensa e as mãos geladas, suas pernas pareciam bambas. E estavam.

-Severo...se ele aparecer aqui....fuja...-Ela disse com os olhos perdidos no horizonte.

-Me acha tão covarde assim? - Ele levantou uma das sobrancelhas.

“ Seria um insulto?”

-Não pense isso...peço por mim...Não quero perder você...- Os olhos azuis eram aflitos.

-Não vai perder...Eu acabo com ele facilmente. - Ele sorriu com o canto da boca ao perceber a preocupação dela.

-Acaba... - Ela sorriu esquecendo-se de tudo, esse era o poder do abraço dele, fazer com que ela esquecesse do medo.

-Pensei que já soubesse do que eu sou capaz?- Snape levantou-a alguns centímetros do chão para beijá-la melhor.

-Eu esperei por esse beijo o dia todo...- Ela respirou ofegante ao separar-se dele.

-Sabe que isso é terrivelmente bom para o meu ego, não é?- Ele perguntou levantando a sobrancelha com um sorriso sonserino.

-OPS!!!Não era a minha intenção...-Ela disse ao empurrar o cordão do seu pescoço para o lado, para que ele não o visse.

Tarde demais.

-Quem te deu esse cordão?- Ele perguntou ao perceber a jóia pela primeira vez.

-Ahhh...esse???...ninguém em especial...-Ela parecia incomodada com a pergunta.

Ele percebeu.

-Uma jóia...em formato de coração...me pareci muito especial - Disse ao observar a jóia mais de perto, parecia ser cara.

-Foi a senhora Stock, sua mãe, quem lhe deu?- Perguntou com um sorriso no rosto.

-Não...- Ela disse de forma estranha.

-Então foi sua irmã...Ludmila? - O sorriso encurtou.

-Não...eu tenho de ir, agora.-Ela tentou se desvencilhar-se dele.

-Espere mais um pouco, pra que tanta pressa assim?- Ele olhou-a cinicamente.

- Quem lhe deu o cordão?

- Tenho de ir... - Anita não gostava da expressão do rosto dele.

-Foi algum parente seu???- Tentou arriscar diante do silêncio dela.

-Oras, isso não importa!!- Ela afastou-se dele zangada.

-É apenas uma pergunta simples!!!Foi algum Stock?-Ele não desistiria.

-Estou indo embora...tenho muita tarefa para fazer!!! – Anita tentou chegar a porta.

-Ainda não, quero uma resposta...- Ele foi rápido.

-Severo...eu tenho muita tarefa, é sério!!!- A moça tentou passar-Ele a impediu com o braço.

Snape continuava firme.

-Eu nem devia ter vindo...Você sabe...Tenho de ir, agora!!!- Anita tentou sair novamente, sem êxito.

-Anita, essa pergunta só tem uma resposta...sim ou não?Diga.- As mãos dele a apertaram de maneira firme. Seus olhos negros eram inquisidores e implacáveis.

-Talvez...-Ela tentou enganá-lo e correr para porta.

Sem sucesso.

-Resposta errada, só vou lhe dar mais essa chance...- Os olhos dele estreitaram perigosamente, ele falava a sério. Anita estremeceu

-Foi algum Stock?-Ele repetiu a pergunta

-Não. -Ela respondeu olhando para o chão.

Snape a soltou mediante a resposta.

-Adeus. - Disse a moça ao sair sem olhar para trás.


Capítulo 09: Histórias Tristes.

Três batidas suaves na porta...

-Professor Snape, eu vim para minha detenção.- Informou Anita.

-Então entre logo, senhorita Stock!!!- Respondeu de mau humor.

-O que devo fazer?- Perguntou Anita séria.

-Sente-se naquela poltrona.- Snape apontou para o estofado.

Anita sentou-se obediente. Ele foi na mesa e pegou dois copos de suco de abóbora e trouxe. Sentou-se ao lado dela e ofereceu-lhe um copo. Ela observou bem o rosto dele, atrás de alguma informação. Nada. A jovem resolveu entrar no jogo e bebeu o primeiro gole.

-Está com raiva de mim? - Foi a primeira pergunta que ele fez.

-Não...E você, está chateado comigo? – Anita parecia tensa.

-Não...só quero que confie mais em mim.- Respondeu Snape analisando-a.

-É difícil pra mim...- Ela olhou para o lado, buscando coragem, antes de continuar- Eu tenho dificuldade para me abrir com as pessoas...você foi a primeira pessoa com a qual eu quis compartilhar algo.

Snape sentiu que ela estava abrindo o seu coração para ele.

-Eu me sinto segura com você, sei que não vai me *machucar*.-Ela observou seu cabelo negro e liso, que caia desajeitadamente sobre seus ombros.

-Eu não quero machucá-la, mas não sei se posso fazer isso...- Snape sabia como era ser magoado. Ele não queria passar por isso de novo, e nem fazer isso com ela.

-Eu sei que você não quer me machucar...e dará o seu melhor para que isso não aconteça -Ela disse fechando os olhos e beijando-o.

-Eu queria ter conhecido você a mais tempo...-Ela suspirou e o abraçou.

-Talvez eu não estivesse pronto para você.- Ele deu um sorriso torto.

-Como assim...fala por você ter sido um comensal da morte?- Anita perguntou encarando-o.

-Não só por isso...Antes de te conhecer, eu passei muito tempo magoado e revoltado. – Ela estava abrindo-se com ela.

-Eu te amaria mesmo que você fosse um comensal. -Ela passou a mão suave pelo rosto dele, acariciando-o.

-Não sabe o que está dizendo...-Ele disse olhando-a incrédulo.

-Ah...eu sei, infelizmente eu sei...- Ela abraçou ele mais forte. Seus braços fortes eram toda a proteção que ela precisava. Anita fechou os olhos novamente. Estava segura.

-O que quer dizer com isso?- A frase não passou despercebida.

-Eu sei de um caso...De um amor verdadeiro... entre um bruxo das trevas, na verdade...um comensal da morte...e uma bruxa...muito boa...-Os olhos de Anita ficaram marejados, ela passou a mão no rosto disfarçadamente para enxugar as lágrimas escorriam silenciosas.


Mas foi tarde, Snape havia notado a presença da lágrima rebelde.


-E como acabou a história? - Snape perguntou disfarçando a curiosidade que sentia.

-Acabou mal...-Ela respirou fundo- Era um amor impossível...

-Como o nosso?-Perguntou Snape debochadamente.

-NÃO!!-Ela protestou, como se a comparação lhe doesse fisicamente – O nosso amor é sólido...seguro...firme!

E voltando aos braços dele, Anita terminou a conversa dizendo:

-Não quero mais falar dessas...histórias tristes- E dizendo isso, ela o beijou suavemente nos lábios.

SsssSSssSSssSSssSSssSSss

E como se não bastasse as preocupações que ele já tinha, com a recente ameaça de morte, agora ainda tinha mais essa...aquela jóia em formato de coração, feita em ouro e cravejada com pedras preciosas...

“Uma jóia cara, muito cara..para se dar para qualquer um.” Pensou ao sentar na cadeira.

“E não foi nenhum Stock...que havia lhe dado...”- Ele respirou fundo, e fechou os punhos. A mente trabalhando ruidosamente.

“E ainda tem a história do bilhete...ela conhecia a caligrafia do Yaxley” - Ele bateu na mesa com força.

As peças se juntando...

“Um comensal da morte apaixonado por uma bruxa...muito boa?”- Ele colocou as mãos sobre a cabeça.

“Poderia ser...” -Uma voz lhe disse mentalmente.

-Não, não pode ser!!!- Ele balbuciou em resposta a si mesmo.

“Ela podia ter tido outro namorado, isso seria normal...”

-Mas logo ele...

“Yaxley...” – O nome dele queimou na sua mente.


Snape passou a mão pelos cabelos negros, e segurou a cabeça pesadamente, tudo indicava que era isso...O jeito com que ela ficou pálida ao ouvir o nome dele, as suas mãos tremeram, aquilo tudo era muito estranho... Sentiu nojo ao pensar na cena...Yaxley e Anita JUNTOS. Sentia vontade de socar Yaxley até a morte, ou torturá-lo com cruciatos por ter tocado na sua Anita...

“Talvez fosse melhor dormir...” – Ele pensou consigo mesmo, enquanto vestia o seu pijama.

***

O relógio estava ali dependurado na parede, e mesmo que quisesse, ele não o deixaria mentir. Estava atrasado!

- Por Morgana, Anita já deve estar me esperando!!!

Snape pegou as suas tradicionais roupas e as vestiu o mais rápido que pode, correu em direção ao local combinado tomando todo cuidado para não ser visto. Apesar de ser muito cedo e o caminho pelo o qual ele havia escolhido ser pouco utilizado, principalmente por alunos e professores. Mas, foi incrivelmente rápido... Ele já estava lá, diante do lago, procurando por Anita. Ela não estava lá.

“Onde ela havia se metido?”

Severo passou por entre arbustos e escutou barulhos estranhos, como o de beijos sufocados...Ele reconheceria esses ruídos a quilômetros , e como professor de Hogwarts era o seu dever acabar com essa pouca vergonha, desses adolescentes insubordinados, e isso deveria ser feito rápido, antes que Anita aparecesse. Severo iria surpreendê-los, mas quem teve a surpresa maior foi ele, pois não eram dois alunos:

Anita e Yaxley estavam lá, juntinhos, abraçados e aos beijos. Snape sentiu uma raiva súbita, a qual percorreu todo o seu corpo através da sua corrente sanguínea. Era ódio puro!

-TIRE AS SUAS MÃOS DELA!!! –Berrou com toda a sua força.

-Snape??? – Anita parecia surpresa em vê-lo, mas não houve muito tempo para conversas.

Yaxley e Snape estavam rolando do chão como dois adolescentes, brigando aos murros pelo amor de Anita. Eles trocavam ofensas e socos quando...

- PUFT!!!!

****

Capítulo 10: Quem tem medo de bicho papão?

Severo abriu seus olhos, ele estava todo suado, a respiração rápida, todo o seu corpo latejava da queda. Ele observou o relógio na parede, eram 3:00horas da madrugada, Snape estava caído no chão do seu quarto.Ele sorriu aliviado.

Havia sido apenas um pesadelo terrível...

“Como em tão pouco tempo, Ela se tornou tão importante pra mim???”

***

Anita e Julliane estavam sentadas lado à lado para o café da manhã.


-Oi garotas!!!- Saudou Herbert Westy ao sentar-se na mesa. Bem no meio das duas corvinais.

-Bom dia Westy. – Respondeu Anita sem ao menos olhá-lo na cara.


Desde o dia da biblioteca, Herbet Westy havia caído muito no conceito dela.

-Bom dia Herbert- Falou Julliane com um sorriso no rosto.

-Vocês estão sabendo que tem um bicho papão solto no Castelo?-Perguntou Herbert bem alto, querendo chamar a atenção de todos na mesa.

E pareci que ele havia conseguido.

-Ohhh...por Merlin!!!- Julliane gritou ao reclinar-se sobre a mesa.

-É sim...Thomas disse que ele foi para o lado dos grifinórios!!!- Respondeu Herbert, fazendo menção com a cabeça para o mesa dos grifinórios.

-Podemos ir atrás deles, para treinar um pouco- Sugeriu Eduard Village, que estava sentado bem de frente ao Westy.

- O que acha da idéia Anita? – Perguntou Herbert querendo puxar papo com a jovem Stock.

-Creio que já que os grifinórios são tão...corajosos...eles podem lidar muito bem com isso sozinhos! - Disse sem humor nenhum.

-Credo, Anita...vai dizer que não quer ver o bicho de perto?- Perguntou Village.

-Não...odeio bicho papão!!!- Falou abrindo outra folha do jornal.

-Eu também. - Concordou Julli depressa.

-Não se preocupem garotas, eu cuido de vocês...- Disse Westy abraçando as duas.

Anita aproveitou o momento para afastá-lo de perto dela.

-Não preciso de sua ajuda Westy...- Ralhou Anita revirando os olhos e se afastando dele.

-Tudo bem, alguém está de mal humor por aqui...-Brincou Westy pegando uma fruta e saindo.

-Não precisava de tanto Anita!!!- Brigou Julli cruzando os braços. Quando Westy saiu do campo de visão das duas.

-Aham...Você sabe que não suporto ele!!!- Anita balançou a cabeça em desagrado.

-Sei não...As vezes você pareci até outra pessoa...-Julli olhou-a horrorizada.

Anita riu.

-Que bom que você acha engraçado!!!- Respondeu a outra corvinal.


***

Anita andava pelas masmorras sorrateiramente, ela estava indo ao encontro de Snape, e suas pernas ficavam trêmulas só de pensar em encontrar um bicho papão rondando por aí. Mas estava aliviada ao pensar na idéia daquele bicho ter indo em direção da torre dos grifinórios e não para as masmorras.

E como de costume, ela deu três batidas na porta.

-Professor Snape?- A sua voz estava aparentemente normal.

Sem resposta. Ela ficou muito nervosa com a ausência daquela voz grave, forte...esse era o som reconfortante da voz de Snape.

-Professor Snape?- Ela chamou um pouco mais alto ao dar as três batidas na porta.

-Professor Snape? - Anita sentiu-se mal com a demora dele. Sua voz tremeu.

“Talvez Yaxley estivesse aí...”-Pensou afoitamente.

“Ele poderia ter comprido a ameaça..” - Sua perna tremeu.

-Professor Snape? - Anita gritou o mais alto que pode e deu as três batidas mais fortes que pode.

Sem resposta.

-Professor Snape...Abra, por favor!!!- Ela bateu forte e continuou a espancar a porta até os seus punhos doerem.

Ela poderia até sangrar. Não pararia até ouvir a voz dele. Se a porta fosse de vidro, teria quebrado por inteira. Diante da insistência da moça.

-Professor Snape...Abra, por favor!!!- Ela implorou seus punhos latejavam.

Até que a porta finalmente abriu.

-Está louca senhorita Stock? - A voz grossa e firme não a enganaria.

Era ele...

Ela suspendeu a respiração.

Ele olhava-a com a cara fechada e os braços cruzados, visivelmente irritado.

- Entre. – Pronunciou mortalmente.

-Que escândalo foi esse? -Perguntou alto com a sobrancelha levantada.

-Eu...- Ela balbuciou sem graça, deveria ter parecido uma louca.

-Deixe-me ensiná-la...você bati na porta e espera a pessoa vir atender...Pareci simples, não? - Perguntou sarcasticamente.

-Se a pessoa não aparecer...você vai embora, ao invés de ficar gritando na porta dela...como se houvesse acabado de fugir do St. Mungus. - Respondeu acidamente. Estreitando os olhos de tanta raiva.

-Desculpe-me- Ela murmurou zangada pela repreensão dele.

-Por que demorou tanto a abrir a porta?- Perguntou cruzando os braços, agora ela estava com raiva dele.

-Estava fazendo algumas poções...precisava de concentração. - Respondeu mais calmo.

-Não precisava ter sido tão estúpido, Severo...Eu estava preocupada com você...demorou muito a atender a porta!!! - Afirmou ela, cruzando os braços e sentando no sofá, sem olhá-lo no rosto.

-Eu não queria ter sido...grosseiro - Respondeu ele mais calmo.

Snape poderia ter atendido logo a porta, mas não quis fazer isso. Ele estava pensando em Anita e Yaxley, e a idéia estava lhe deixando maluco, estava arrancando o seu sono e o seu humor totalmente. Ele estava uma pilha de nervos, e naquele momento, ele preferia não vê-la.

“É fácil saber, é só ler a mente dela.”- Uma voz lhe disse mentalmente.

Ele fechou os dois punhos. Não poderia fazer isso, havia feito uma promessa. Iria cumpri-la até o final (ou não...). Queria se afastar de Anita para pensar, o contato com a pele dela, com o seu cheiro, prejudicava a sua razão. Precisa se afastar dela para pensar. Mas ela gritava e berrava do outro lado da porta. Batia com força. Havia temor em sua voz. Snape não resistiu diante do desespero da corvinal. Foi vencido. Abriu a porta.

-Quer ajuda com a poção???- Perguntou Anita, que aparentemente havia lhe desculpando pelo seu mal humor.

-Pegue um pouco de sangue de salamandra pra mim- Disse ele voltando a mexer no caldeirão.

-Está no armário dos fundos...-Disse ao observá-la de rabo de olho. Ele estava fingindo estar concentrado, mexendo no seu caldeirão.

-Severo, você precisa arrumar esse armário...Ele está imundo!!- Anita colocou a mão na boca para tentar segurar a tose, mas foi em vão...

-Acho que devia tirar esses vidrinhos daqui...está muito úmido, pode estragá-los!!!- Sugeriu Anita.

-É para ser úmido mesmo...- Disse Snape revirando os olhos.

-Não estudou que raminha brasileira do campo precisa de umidade...-Disse aborrecido.

-De umidade, sim...mas não de sujeira...está imundo, isso aqui!

-Olhe!!!- Ela mostrou o dedo cinza de fuligem para ele.

-Já pegou o sangue de salamandra?- Perguntou arqueando as sobrancelhas, visivelmente irritado.

-Eu acho que encontrei...está aqui no fundo.-Ela falou alto.

Anita esticou a mão para pegar o vidrinho, mas sem querer ela tocou em algo que parecia substancial. Ela se assustou e desequilibrou, caindo para trás...

Foi então que ela viu Yaxley na sua frente, ele estava forte e poderoso, com da ultima vez que ela o havia visto. As mesmas feições cruéis e duras. Ela gritou.

-NÃO!!!!!!

***

Snape estava fatiando as lagartixas para a sua poção de redução, precisava repor o estoque, não gostava de ficar sem suas poções. Principalmente as mais simples e urgentes. Isso o incomodava profundamente.

Mas a sua concentração foi interrompida, por um grito de que ecoou por toda a sala. Era Anita...

-O que está acontecendo dessa vez? – Murmurou aborrecido.

Snape entrou na sala com as suas vestes negras esvoaçantes, a varinha em punho, todos os seus reflexos ativos esperando pelo pior. Ele viu Anita jogada no chão, tentando rastejar, ela gritava e chorava de pavor diante da figura tenebrosa de Yaxley. Ele a olhava e sorria, mostrando os dentes amarelados, sua expressão cruel e tenebrosa.

Mas não era Yaxley, ao menos não o verdadeiro...

Era um bicho papão.

Snape passou na frente de Anita para protegê-la, suas vestes negras eram o escudo dela.

O bicho papão transformou-se na forma de Anita...morta.

Ele estremeceu, seu pior temor havia mudado...

Teve de pensar rápido. Não estava preparado par isso.

-Ridículus- Ele encarou o bicho e debochou do seu pior temor...

O bicho papão se transformou numa grande boneca de porcelana, rachando-se e quebrando-se ao meio. Agilmente, ele pegou Anita do chão e colocou no sofá.

-Severo...Eu tive tanto medo...-Ela tremia nos braços dele.

-Está tudo bem...-Snape garantiu tranqüilizando-a ao passar a mão pelos cabelos dela.

-você tem medo de me perder, Severo?-Ela disse já mais calma, sua voz estava surpresa.

-É...parece que meu bicho papão mudou...-Ele falou sarcasticamente ao pensar como estava envolvido com ela.

-Anita...Eu tenho de perguntar...-Ele olhou nos olhos dela e estremeceu, a ocasião era perfeita.

-Por que o seu bicho papão é o Yaxley?- Ele olhou-a seriamente, avaliava cada expressão do seu rosto pálido.

-Eu quero contar uma coisa a você. Ela fechou os olhos e começou a falar:

-Quando eu era criança...eu tinha uma amiga chamada Lenorah Kiel...-O nome pareceu queimar a boca dela e Anita teve de engolir para poder continuar – ...Ela morava muito próximo a minha casa...E nós brincávamos juntas...Mas um dia, houve um ataque...Yaxley e outros comensais mataram os pais dela...- Anita colocou as mãos no rosto e chorou- Ela era uma criança, apenas uma criança....ela era uma menina boa....-Anita tirou as mãos do rosto e o encarou para continuar- ...Mas, apesar de Yaxley ser amigo da sua família...Yaxley matou a mãe dela, o seu pai e...estuprou e matou ela...Severo...Eu...era...sou...ohhh...

Anita abraçou-o violentamente e sussurrou no ouvido dele fracamente

-Por favor, não me peça para continuar.-Ela implorou entre lágrimas

-Não precisa...-Ele respondeu chocado com aquilo tudo que ela lhe contara.

-Está tudo bem, Anita... - Ele levantou o rosto dela com uma mão- ...Não vou deixar que ele machuque você...-A firmeza dos olhos negros deram segurança a ela.

-Obrigada. -A corvinal murmurou baixinho, apoiando-se nele.
***

continua...

Fic: As irmãs Stock (parte 3)

Capítulo 06 : O Bilhete


- Isso não deveria ter acontecido!!! – Foi a primeira coisa que Snape disse ao afastar-se bruscamente de Anita.


-Mas...- Anita tentou balbuciar envergonhada.


-Vá embora, senhorita Stock....é o melhor a se fazer- Snape disse quase para si convencer, ao separar-se dela com todo o seu autocontrole.



Esse golpe foi duro demais para Anita agüentar sem demonstrar qualquer sentimento. Ela correu o mais rápido que pode para o seu quarto. O seu plano era nunca mais sair dali. Havia cometido um erro, um erro fatal...

“Eu deveria saber....”

Snape andou pela sua sala com as mãos trêmulas, o que ele havia feito tinha sido horrível demais. Seguir os seus impulsos daquela maneira era doentio, insano demais, principalmente para ele, que era tão razão. As diferenças entre os dois, e os motivos para evitar a todo custo uma nova aproximação...lhe diziam algo que o seu coração negava com veemência.

“Pela manhã as coisas estariam mais calmas”-Pensou ele.


***

Mas a verdade é que existem amores que só aumentam com o tempo, amores que quanto mais se reprime, mais ele aumenta e que podem chegar a um ponto, onde esse mesmo amor é capaz de sufocar todos os outros antigos amores, devido a sua enorme proporção. Snape amou Liliam, era um fato inegável, mas o seu amor por Anita estava crescendo com proporções perturbadoras, sufocando inclusive o seu antigo amor pela sua falecida amiga.


Capítulo 07 : O Pesadelo


By Anita:

Eu estava novamente naquele dia escuro, ela estava lá de novo, novamente ela me visitava nos meus mais terríveis pesadelos, a minha querida amiga estava lá, caída no chão, seus belos olhos arregalados, numa expressão vidrada e vazia, seu rosto parado como o de uma bela estátua de mármore, não havia dúvidas para ninguém, infelizmente, nem para mim. Ela estava morta. E eu tremia dos pés a cabeça, igualzinho havia sido....

Ela estava morta, mas eu a ouvia em toda a parte que eu fosse:

-Por que você fez isso? Me roubou tudo que era meu!!!!!

- Me perdoe!!! – Gritei entre lágrimas para a imagem do seu belo rosto inerte.

- Por que você não fez alguma coisa...Até quando vai ficar com medo?
Faça alguma coisa, por mim...

-Eu não posso fazer nada, você está morta!!! – Eu gritava descontrolada, enquanto corria por aquele maldito caminho de novo.

A voz suave dela ecoava por todo lugar...

- O meu assassino está vindo...corra!!!!!

-Não!!! – Eu corria loucamente por entre ramos e arbustos, mas sempre acabava escorregando na poça de lama, sempre o mesmo pesadelo...

E Yaxley estava lá, rindo para mim, debochando do meu pavor diante da sua face bruta e perversa, e eu sempre soube que o seu sorriso amarelo estaria nos meus piores pesadelos para me lembrar da minha covardia, e das minhas piores fraquezas.

Anita abriu os olhos, sentia novamente o mesmo embrulho no estômago, aquele mal estar que aquele homem lhe trazia, a doença que era vê-lo, mesmo que em um pesadelo. Ela correu para o banheiro o mais rápido que seus pés podiam, e fez o que sempre fazia depois de um sonho desses, ela provocou tudo que tinha comido.

“Como eu o odeio...”

O pavor de vê-lo não passou ao acordar, pelo contrário, ela continuava enjoada, com medo, mas diferente das outras vezes, ela não poderia correr para a cama de Ludmila Stock, sua irmã não estava ali, não era mais a sua casa. Ela levantou-se fraca, e saiu vagando para o único lugar onde se sentia segura, ela correu até as masmorras do jeito que estava.

***

- Não pode ser, quem será esse infeliz!!! - Snape vestiu seu hobby e foi atender a porta, ele estava de péssimo humor.

- Senhorita Stock? – Ele não pode evitar a surpresa

- Eu preciso de você...não me mande embora!!! – Anita correu e o abraçou

- O que aconteceu, você está gelada e descalça...??? – Perguntou fechando a porta e colocando-a sentada no sofá.

-Eu tive um pesadelo...- Anita cobriu-se com uma manta, a qual ele ofereceu-a.

- Um pesadelo? Sinceramente, senhorita...Acho melhor voltar para a sua cama.- Respondeu Snape relaxando, afinal, um pesadelo para ele não era nada demais.

- Não, não faça isso comigo. Deixe-me ficar aqui!!!- Ela implorou.

- O quê???- Surpreendeu-se Snape, levantando as duas sobrancelhas - Você quer passar a noite aqui???

-Isso é impossível, sinto muito Senhorita Stock...É melhor você voltar para sua cama...eu posso lhe dar uma poção...mas...

- Por Deus, eu imploro, não me deixe sozinha...eu confio em você!!!- No desespero ela ajoelhou-se aos pés deles e começou a implorar.

-Senhorita Stock pare com isso!!!- Snape ficou chocado com o terror da sua expressão, mas a fez se levantar.

- Por favor, tenha piedade....não me deixe!!! –Ela o abraçou com força e começou a chorar nos seus braços.

-Anita... – Snape ficou sem chão.

- Por favor, Severo... – As lágrimas escorriam do rosto dela.

- Não me chame assim- Replicou ele.

-Severo? – Os olhos tristes dela racharam-no ao meio.

- Venha comigo, você pode dormir aqui. – Snape falou duramente, mas acabou levando-a para a cama dele.

- Você vai a onde? – Perguntou Anita ao vê-lo ir em direção a porta

-Vou dormir na sala!!! - Afirmou Snape um pouco aborrecido.

- A sala fica muito longe!!! –Protestou Anita

-Poupe-me de fricotes, a sala está aqui ao lado!!!

- Ah, por Merlin!!! -Exclamou ao vê-la entristecer-se - Não vai chorar de novo!!!

- Não quer que eu durma no chão...não é? – Snape encarou-a e viu que ela sorriu com a idéia.

- Nem pensar!!! – Snape caminhou em direção a sala.

Anita estava de olhos bem abertos, quando o viu voltando para o quarto carregando uma almofada na mão e em seguida, colocando-a no chão perto da cama, onde agora ela estava. Mas Anita não conseguia pegar no sono, mesmo com ele ali, aos pés da cama. Na sua casa, ela sempre dormia juntinho com Ludmila, sua irmã. Ela observou Snape deitado no chão, ele parecia já haver cochilado.

Enquanto isso, Snape estava de olhos fechados, tentando dormir naquele chão duro e frio. Era uma tarefa difícil.

“Sinceramente, eu devo estar ficando louco... por que eu acabo fazendo tudo que ela quer???...aqueles olhos azuis...alguém deveria impedi - lá de falar assim: por favor, Severo....Eu não acredito que eu estou dormindo nesse chão duro por causa dela...Eu deveria ter mandado ela embora, mas ela estava tão desprotegida...que eu..bem..”

Pés delicados e ágeis andavam suavemente pelo quarto.


“....Mas O que é isso agora, não acredito!!!Ela está andando, estou ouvindo os passos dela...O quê???Ela se deitou ao meu lado...muito atrevimento dessa corvinal....Ela está me abraçando???...Eu não posso...sentir sua pele macia...mas teoricamente, eu estou dormindo...e é ela quem está se aproveitando de mim..
(Snape deu um sorriso sonserino)”


Severo abriu os olhos, e ela estava extremamente calma, suas mãos trêmulas agora estavam firmes em volta do corpo dele, ela estava deitada ao seu lado com um anjo, ele podia sentir o calor do corpo dela junto ao seu, e era maravilhoso.

Snape passou cinco minutos observando-a dormir quando finalmente resolveu colocá-la gentilmente de volta na cama, para que ela ficasse mais confortável. Contudo, mesmo deitada na cama, ela segurou a mão dele e pediu suavemente, olhando bem nos seus olhos negros, para não haver nenhuma dúvida

-Fica, por favor...

- Eu não posso...

- Só fica do meu lado...

- Anita, é melhor assim...

- Só dessa vez, eu prometo...

- ...

Snape deitou-se ao lado dela e ela o abraçou novamente, ele fechou os olhos por impulso, não poderia dormir, algo dentro dele lhe dizia que esse era um caminho sem volta, ele estaria sempre preso a ela não importava como. Seus olhos ficaram abertos, boa parte da noite, observando-a dormir serenamente.

***


Pela manhã, corujas voavam pelo salão entregando cartas e mais cartas.


-Olhe que legal, você recebeu uma carta da sua irmã!!!- Comentou Julli limpando o queixo sujo de pudim.

-Foi...- respondeu Anita sem ânimo algum, fingindo comer alguma coisa.

-Eu vi aquela foto do seu porta retrato!- Comentou feliz- Ela é muito parecida com você!!!

-É..., muitas pessoas acham que somos gêmeas – Anita respondeu mecanicamente, pois isso sempre acontecia.

-Mas vocês tem diferenças, como a cor dos olhos...o jeito do cabelo, o dela é curto e fino, o seu s seu é longo e mais grosso.

-Aham..- Respondeu Anita desistindo de tentar comer e olhando o jornal.


-Chegou...é uma carta da minha mãe!!!-Gritou Julli para todos ouvirem.

-Você não vai abrir a sua carta, Anita?- Perguntou a moça loira ao perceber que Stock havia guardado a carta discretamente.

-Não...só mais tarde, agora vou ler o jornal e depois vou estudar.

***

Snape acordou com mais mau humor do que de costume,

“Ainda tinha aquelas malditas corujas voando pelo castelo.”- Pensou com raiva.

Severo respirou fundo ao pensar que receberia novamente mais contas para pagar. E ao sentar-se percebeu que Anita estava lá, sentada com os seus...

Anita Stock era tão diferente das outra, ela lia sempre o jornal pela manhã com o mesmo ar impassível de mistério. E não lia apenas a sessão de fofocas, como muito de suas amigas...ela lia o caderno de economia e as investigações policiais. Talvez fosse por isso que era tão fácil conversar com ela.

“O que ela estaria pensando nesse momento?”

“Daria tudo para olhá-la bem naqueles olhos azuis e ler os seus pensamentos...” -
Pensou ao começar a beber seu suco.

“Ela era esperta como poucas, mas não era uma irritante sabe-tudo, intragável, querendo chamar atenção para si...pelo contrário, ela era discreta...sempre sentada no canto da sala, sem querer chamar atenção...mesmo sendo tão linda e inteligente...e ainda por cima, gostava da minha companhia...”

Uma coruja preta de olhos vermelhos, chegou voando como todas as outras, mas ela não foi para um aluno, voou diretamente para o professor de vestes negras. A coruja lançou uma carta e foi embora, sem esperar por por água ou um pouco de comida...

-Boa coisa não deve ser...- Resmungou Snape ao abrir a mensagem.

“Olá Severo,

Espero que esteje aproveitando bem a sua vidinha patética, seu TRAIDOR maldito, pois ela não vai durar muito. Você vai pagar caro pela sua falta de lealdade, seu VERME.”


Não tinha nenhuma assinatura. Ele levantou uma sobrancelha ao ler o conteúdo do mísero papel. Manteve a cabeça fria, apesar da ameaça. Ele quase havia se esquecido que o perigo não havia acabado, ao menos para ele, afinal sempre existiriam bruxos das trevas...

-Ótimo, nada como uma ameaça de morte para começar bem o dia- Ironizou ele ao guardar o bilhete no bolso.

***

Sentada à beira do lago, no seu local preferido, distante dos olhares das outras pessoas, num local só seu. Anita observava a paisagem ao seu redor. Aquele momento tranquilo e calmo era o momento ideal para um passeio, mas ela estava triste demais para aproveitar com os outros. Então, preferiu sair andando sozinha para pensar na vida. Ela pegou a carta que sua irmã havia lhe escrito e começou a ler.


“Querida Anita,

O trabalho aqui no Ministério está me matando, ainda estamos atrás de alguns ex-comensais da morte que estão foragidos, mas fique tranquila, pois pegaremos todos eles. Estou me empenhando ao máximo para capturar Yaxley, noite passada fiquei acordada o tempo todo analisando as pistas. Não me pareci que ele tenha ido para o exterior, como apontarão as primeiras investigações. Qualquer novidade do paradeiro dele eu prometo que será a primeira a saber.

LS”


Anita ficou mais branca do que antes, parecendo estabelecer um “record” naquele momento. Um embrulho subiu-lhe no estômago, tudo girou numa fração de segundos e ela tentou andar mais rápido, apesar de todo o seu mal estar, mas as suas pernas não obedeceram, e ela caiu de joelhos no chão. Agora era tudo escuridão.


Snape havia decidido sair um pouco do castelo e andar pela floresta para ver se encontrava um pouco de paz. Ele estava pensando em Anita todo o tempo, ela estava nos seus sonhos...e nos seus pesadelos, a corvinal lhe fazia rir e chorar. O amor que sentia por ela invadia o seu coração descongelando cada parte dele, fazendo-o sentir como se antes ele estivesse dormente, sufocado em dor, em trevas... E mesmo tentando não pensar nela, ele já estava pensando. Ele sentia a falta dela por onde fosse.

Ele estava passeando displicentemente, pensando naquela noite na qual havia lhe beijada, sentido a doçura dos seus toques na sua pele incrivelmente pálida. Talvez, ele conseguisse agüentar a sua ausência por algum tempo, mas por que essa sensação de vazio só passa quando estou do lado dela...

-Anita!!! – Snape correu na direção da jovem corvinal atirada ao chão

Escuro.Uma voz ao longe a chamava.

-Anita -Ela olhou a face de Snape e sorriu apesar do enjôo que sentia.

-Eu...estou...bem- Terminou a frase que lhe pareceu terrivelmente longa.

-Vou levá-la para a Ala Hospitalar- Snape falou preocupado.

-Por favor, ...não...- Ela segurou fracamente a mão dele.

-Quanta teimosia, você não está bem!!!-Severo aparentava preocupação.

-Só estou um pouco enjoada...pode ir- Anita respondeu lentamente.

-Não seja estúpida, não vou deixá-la aqui!!!- Respondeu indignado.

-Então me leve para o seu quarto...mas o hospital não...

-Isso está fora de questão!!!-Respondeu de forma dura ao colocá-la nos braços.

-Por favor, professor Snape...- Ela colocou a mão branca em seu rosto e implorou com os seus olhos brilhantes.

Silêncio.

-Por favor, Severo...

Ele olhou-a bem nos olhos azuis fuzilando-a por dizer o nome dele, assim daquele modo tão íntimo, daquela forma tão doce e amável.

Mas não houve tempo para repreensões verbais, ela simplesmente desmaiou.

***

Anita acordou nos aposentos do professor Snape, ela estava deitada na cama dele, e ele estava ao seu lado fazendo-a aspirar um preparado de ervas de aroma muito forte, o qual a fez acordar rapidamente.

O mestre estava ao seu lado, seu rosto extremamente tenso, mostrava toda a sua preocupação com ela, suas atenções todas voltadas para a moça a sua frente. O primeiro impulso que Anita teve foi o de sorrir para ele, o segundo foi tentar se levantar.

-Ainda não!!!- Ralhou Snape segurando-a e fazendo-a deitar de novo na cama.

Anita colocou a mão na cabeça, ela ainda não estava forte o bastante para se levantar.

-Como está se sentido? -Inquiriu Snape pesadamente. Segurando-a e olhando-a bem na face.

-Eu estou um pouco enjoada, é só isso...-Ela respondeu sentindo-se mais segura só por estar ali na presença dele, sendo tocada por aquelas mãos.

“Eu poderia fechar os olhos e morrer aqui, eu estaria tão feliz, pois o ultimo aroma que sentiria seria o cheiro dele, o último toque que eu sentiria seria o das mãos dele nas minhas, e a ultima cena que eu veria seria os seus olhos negros nos meus...”

-Não!!!- Ela mexeu-se desajeitadamente ao perceber que ele estava lendo a novamente a sua mente.

-Desculpe-me... - Ele disse suavemente ao perceber que o rosto dela estava corado.

-Prometa que não fará mais isso. -Ela perguntou evitando encará-lo.

-Não farei mais, prometo.- Ele sentiu seu coração pulsar mais forte.

-Palavra de sonserino? – Ela perguntou com um sorriso

-Mais do que isso, lhe dou minha palavra de cavalheiro...


Snape levantou-se e caminhou um pouco pela sala, seus olhos voltaram-se para a lareira que queimava intensamente. Ela estava ali, deitada em sua cama, tão próxima e ao mesmo tempo tão distante.

“Mas por quê todo esse sofrimento?...Ela é maior de idade, eu vi no histórico dela, ela me aceita como sou!!! Por Deus, eu a amo tanto!!!”

Snape adentrou novamente o quarto como um raio, sentou-se na cama e encarou Anita firmemente, como ele queria ter feito a muito tempo.

-Anita, eu simplesmente não agüento mais...

Severo apertou-a contra os seus braços e respirou o perfume dos seus cabelos com paixão. Ele separou-se dela e a olhou bem nos olhos, resistindo a vontade de beijá-la.

-Não agüenta, o quê?- Anita parecia confusa.

-Não agüento desejá-la e não poder tocá-la.- Ele respirou fundo, precisava de coragem para se expor.

- Quero que fique comigo, quero que seja minha...

- Está me pedindo em namoro?

- Sim... e talvez algo mais, se você quiser... – Ele arriscou, seu rosto tenso em espera da resposta.

-Eu quero ser sua...e o algo mais também!!!- Ela balbuciou olhando timidamente para o lado.

-Por favor, me abrace de novo!!!- Ela implorou com os braços estendidos para ele, tentando ter mais coragem.

Severo abraçou-a o mais forte que pode e sentiu novamente o cheiro dos cabelos dela, e Anita pode verificar quanta força aqueles braços podiam ter, sentiu-se segura e protegida, ela encostou a cabeça no peito dele e disse:

-Não vai me deixar de novo?

-Não...-Ele sentiu-se extremamente bobo e feliz, uma sensação nova e constrangedora.

-É uma promessa? -Anita sorriu.

-Pode se dizer que sim...- Ele brincou.

-Já são duas hoje.-Ela rebateu.

-Não se preocupe, vou arrumar um jeito de quebrá-las- Snape sorriu maliciosamente.

-Assim não vale!!!- Ela resmungou baixinho, enquanto Snape inclinava-se para beijá-la.


***

Quando Anita se sentiu melhor, ela saiu discretamente dos aposentos de Snape carregando uma poção na mão para enjôo. Contudo, ela também pode sair de lá com a certeza de que logo iriam se encontrar novamente.

***
Anita descobriu que o seu coração era capaz um amor tão grande, quanto aqueles que a sua mãe dizia haver...aqueles que se contam nos livros, ou o mesmo amor que a sua mãe sentia pelo seu pai...Um amor maior do que a vida e a morte.

Ela estava sentada muito próxima dele, refugiada nos seus braços, onde se sentia segura e protegida. Anita tinha de saber se esse sentimento era recíproco, ou não...A jovem Stock iria descobrir isso hoje:

- Severo... – Anita começou a torturá-lo lentamente, beijando o pescoço dele.

- Sim... – Snape fechou os olhos e sorriu.

- Quero que seja sincero, Você me ama? – Anita começou a beijar o pescoço dele seguida vezes, subindo até quase chegar a boca.

- Sim...- Respondeu Snape tentando manter seu autocontrole.

-Por que sim? – Ela insistiu intercalando beijos e frases.

- Oras, por que sim!!!-Exclamou Snape tentando controlar-se com aqueles pequenos beijos.

- Não, resposta errada... – Respondeu Anita sorrindo.

- Você me ama ou me deseja? – Arriscou a moça com um brilho no olhar.

- Ambos...- Respondeu Snape tentando beijá-la nos lábios.

- Você me deseja por quê? – Provocou Anita desviando do beijo, ao virar o pescoço para a direita.

- Por que você é linda!!! – Exclamou Snape nervoso.

- Não, resposta errada... – Ela disse fingindo beijá-lo, mas retrocedendo ao fim.

- Está comigo só por que me acha atraente? – Insistiu a moça.

- Não, é claro que não!!!- Snape fechou os olhos.

- Então por quê? – Ela sussurrou no ouvido dele.

- Por que você me faz esquecer de todo a dor, e algo dentro de mim quer cuidar de você com todo o amor, quer sentir a suavidade do seu toque e a doçura dos seus beijos todos os dias da minha vida...

- Eu te amo, dear my love... – Anita sorriu e o beijou ardentemente.

“Como aqueles lábios tão vermelhos e inocentes poderiam ser assim, tão perigosos? E como um beijo tão suave e doce pode ser ao mesmo tempo tão ardente e viciante???...Eu poderia compará-lo a uma poção preciosa, com todos os ingredientes colocados na medida certa...os beijos de Anita eram uma misteriosa poção do amor feita só para mim...”
SS.

***

continua...