sábado, 12 de junho de 2010

Fic: As irmãs Stock (parte 1)

As irmãs Stock
by Madame Anita e La Kariin
Capítulo 01: As irmãs Stock



Ludmila Stock entrou pela sala e viu novamente aquela cena a qual estava tão acostumada: Anita estava sentada no parapeito da janela com as seus olhos azuis perdidos no horizonte, havia uma certa melancolia no olhar cercada por sua expressão totalmente fechada, ela estava absorta em pensamentos só seus, os quais sua irmã daria tudo para entende-los profundamente.

-Deixe de ser birrenta, Hogwarts é uma ótima escola!!!- Irrompeu Ludmila.

-Eu só não entendo uma coisa, por que você pode ficar sem estudar, e eu não?- interrogou-a Anita levantando ligeiramente o rosto, com uma expressão tão taxativa.

-Eu já lhe expliquei quinhentas vezes!!!-Ela respirou fundo e continuou - estávamos em guerra, e era arriscado demais voltar a esse país, estávamos fugidas, se lembra?

-Eu poderia muito bem ter ficado na Finlândia com nosso tio...

-hahahaha!!!- Ludmila não agüentou-Você?Na Finlândia? Esqueceu-se de nossa mãe , ela é muito apegada a você...tenho pavor só de pensar no que mamãe faria...se...-Os olhos de Ludmila ficaram apertados só de pensar na idéia.

- Sei...mãe tem saúde frágil... e o seu maior desejo é me ver formada!!!-Ela terminou suspirando.

-Já fez as malas?- Ludmila resolveu mudar de assunto.

-Fiz ontem.

-Está com medo?

-Talvez...

Anita Stock confessava tudo a sua irmã mais velha, as duas eram amigas e cúmplices em vários segredos. A caçula da família confiava plenamente em Mila, mas mesmo que quisesse confessar todos os seus medos a sua irmã, ela não conseguiria, Anita aprendeu a ser reservada e fechada para com os outros. E Ludmila sabia que o “talvez” da irmã significava um sim sonoro.

-Está tudo bem agora...-Ludmila falou firmemente.

-Acho que já ouvi isso antes...- Anita retrucou, havia um sorriso triste em seus lábios.

-Por Merlin, é totalmente diferente!!!A guerra acabou!!!- E como se tivesse acabado de encaixar uma peça do seu quebra-cabeças, disse:

-Então é por isso que não tem dormido direito.

-Eu tenho dormido perfeitamente bem!- A moça protestou

Mila olhou-a com profunda descrença.

-Não minta pra mim, Anita...

-Não me olhe dessa maneira, eu estou bem. Deixe-me quieta. -E voltando-se novamente para o horizonte, ela deu as costas à irmã.

Mila a conhecia o suficiente para entender que a moça a sua frente não falaria mais sobre o assunto, não adiantava puxar conversar. Ela então simplesmente calou-se, entrou porta adentro, e trancou-se no seu escritório: havia muito trabalho para ser feito, e pouco tempo para isso. Ludmila trabalhava no departamento de mistérios e estava louca pra terminar um certo caso em especial.

Anita virou-se para o vago e contemplou o horizonte, ela sentia muito medo dentro de si e as lembranças do passado voltavam a sua cabeça como em fleches, ela tentava usar a razão para controlar-se e quase sempre conseguia isso, mas a moça sabia que esquecer era tão difícil quanto lembrar. E Anita estava obstinada a todo custo a apagar essas memórias, mas tentando esquecer ela já não estaria lembrando?

***

E os dias se passaram muitíssimos rápidos, e quando Anita percebeu ela estava no castelo de Hogwarts, sentada num banquinho de madeira com um chapéu velho e rasgado em cima da cabeça. Era o chapéu seletor:

“Criança...quanta coisa nessa cabeçinha, você é inteligente....ohhh se é!!!Gosta de ler, estudar...muito bom...centrada, usa a razão...Eu não tenho dúvidas, senhorita Stock”

-Corvinal!!!

Anita respirou fundo, e sentou-se na mesa da Corvinal.Todos a olhavam admirados, afinal, era raro vir alunos novatos no meio do semestre e ainda mais do último ano.

-E então?- Perguntou Julliane com um largo sorriso - Você veio de que colégio mesmo?

-Eu estudava em casa.- respondeu naturalmente.

-Em casa? - Espantou-se a outra.

-Sim.- Anita sentia-se incomodada com os olhares de todo ao seu redor.Sempre odiou excesso de exposição, achava aquilo o fim.

-Você deve ser rica, não? quem lhe ensinava...algum professor particular?

-Não.

-Como?- Insistiu a corvinal, havida por respostas.

-Eu não sou rica, quem me ensinava era minha irmã.

-Ahhh...- Contentou-se Julliane, momentaneamente.

-Você não é de falar muito, não é ? –contestou a corvinal.

-Só quando forçada.

-Ok!Entendi.- E usando um pouco de sua perspicácia, a corvinal virou-se e começou a comer seu pudim, sem dizer nenhuma palavra a mais.

Anita pensou consigo mesma...

“Esse ano vai ser longo...”- E com outro suspiro, resolveu comer alguma coisa, afinal, seu estomago já estava reclamando.


Capítulo 02: Primeira aula em Hogwarts

Anita adentrou na sala de aula, e seus cabelos longos estavam presos numa trança grossa, a qual dava-lhe maior seriedade e beleza.Era impossível não notar a sua presença.

-Quer se sentar comigo, novata?- Perguntou Herbert Westy com um sorriso que derreteria todos os corações femininos.

-Não obrigada. – falou Anita olhando-o duramente.

- Caramba, que fora!!!- riu com gosto, Eduard Village.

E resolvida a ignorar todas as risadinhas inapropriadas da turminha de Herbert, Anita sentou-se ao lado de uma gentil lufa-lufa de cabelos compridos e sorriso contagiante. Bem a tempo.

- Muito bem, chega de conversas...Eu sou professor Snape, professor de defesa contra as artes das trevas, não gosto de conversas e não tolero feitiços bobos e idiotas nas minhas aulas.Os senhores já tem idade suficiente para saberem disso , chegamos em um nível superior aqui...não tolerarei erros bobos, e espero não ter de repetir isso novamente.

Dizendo isso, Snape virou-se e começou a dar sua aula como de costume, Anita era muito inteligente e talvez tivesse prestado mais atenção à aula, se aqueles feitiços defensivos ela já não conhecesse de cor e salteado.Então a jovem, permitiu-se devagar em pensamentos.


Mas não obstante ela começou a pensar no homem a sua frente,

Apesar de sua aparente frieza e sarcasmo, ele era um homem diferente de todos aqueles com a qual Anita havia encontrado,

“Sua expressão severa talvez escondesse uma enorme sensibilidade, e suas mãos tão pálidas e aparentemente frias pudessem esconder grande calor. E o seu coração aparentemente tão impenetrável e duro, fosse sensível e guardasse uma certa adoração muda. Quem sabe, a sua fama de traidor e vilão também escondesse um homem fiel a uma lei...ou alguém....quem sabe um amor???...”

-Senhorita Stocks, a senhorita está bem?- Os olhos de Snape a fitavam seriamente, ele destilava ironia nessas palavras aparentemente tão bondosas, ele não estava sendo gentil.

-Ohhh, desculpe-me professor...eu estou bem....- Ela olhou-o ligeiramente sem graça.Deixando certo rubor subir pelas sua face pálida. Mas Snape não suspeitou nem por um segundo os reais pensamentos da moça.

“Que aluna estranha...”- Severo pensou ao levantar uma sobrancelha.

-Então o que está esperando?- perguntou impaciente- Pegue suas coisas, senhorita Stocks, vá para sua aula!!!

- Claro, professor.- Ela saiu rapidamente da sala.

“Mas os seus olhos azuis...” – Snape se viu pensando num mar revolto-

“Controle-se...devo estar ficando louco.Ela é apenas uma corvinal ” –Pensou ele com algum desprezo.


Capítulo 03: Duelo de Corvinais na Biblioteca!!!


Julliane entrou na biblioteca da forma desengonçada, a que lhe era tão peculiar, mas que estranhamente lhe combinava tão bem.Ela carregava um exemplar matutino do Profeta Diário e ao ver Anita sentada na mesa do fundo, a jovem corvinal não pensou duas vezes, e foi direto para o fundão da biblioteca.

-Olá Anita, tudo bem?

-Por enquanto, sim.- Disse Anita aparentemente inconfortável.

-Eu estive pensando se você poderia me dar uma ajudinha, eu não consigo tirar umas memórias da minha cabeça, mas eu preciso pra aprender a fazer aqueles feitiços da memória, me ajuda?

-Claro- Anita não pensou duas vezes, ela nunca se negava a ajudar ninguém.

Anita abaixou a vista e viu o exemplar do profeta Direto.

-Posso ver o jornal.

-Pode, sem problemas.- Ela sorriu.

-Não sabia que gostava de ler jornal!!!-Animou-se a outra

-Acho que se for bem escrito, mereci ser lido- Falou Anita lendo a notícia principal do jornal.

“O Ministério continua atrás do ex-comensal da morte, Yaxley , foragido desde a derrota de Voldmort...”

Mas Anita foi interrompida na sua leitura tão alarmante:

-Esse feitiço é muito avançado. Você aprendeu com a sua irmã?-Julliane queria matar mais uma vez sua curiosidade a respeito de sua colega.

-Vamos começar a treinar logo- Respondeu Anita, ignorando a pergunta da outra.

- Vamos.- Respondeu Julliane aparentemente sem se importar com os modos de Anita.
-Veja como eu faço – E apontando a varinha para a cabeça, ela mentalizou uma cena e foi retirando-a lentamente da sua cabeça, dizendo:

-Você deve mentalizar o feitiço e logo em seguida a cena a qual quer retirar da memória.Tente!!!

Julliane olhava atentamente, seu rosto tensionado. Ela prestava atenção em tudo que a colega fazia, e então resolveu tentar.Foi um fracasso, partiu-se ao meio a memória, antes da corvinal conseguir o que queria para o seu feitiço de memória.

-Ohhh...sempre eu erro!!!- Julliane protestou.

-Entenda uma coisa, primeiro você deve focalizar o que você quer.Geralmente isso ocorre quando a pessoa não se concentra, e assim a memória parte ao meio ou então mistura-se com outra lembrança.É preciso concentração, tente fechar os olhos.

-Está bem.

-Calma, escolha a memória, focalize, e vai!!!

-Consegui!!!!!- Julliane falou , colocando a memória na ampola e lacrando-a.

-Meus parabéns, foi perfeito!- Incentivou Anita.

-Depois tente com os olhos abertos, lembre-se de concentrar-se.

-Eu vou...- Julliane foi interrompida,

-Ora, ora, as alunas mais lindas de Hogwarts estão estudando.- meteu-se Herbert no meio das duas corvinais.

Julliane derreteu-se toda ao sorrir, enquanto Anita não expressou nem um movimento facial com o elogio tão sorridente do capitão da equipe de quadribol.

-Olá Herbert – sorriu Julliane, passando as mãos pela cabeleira ruiva.

-O que é isso que vocês estão fazendo, estão tirando memória?-perguntou curioso.

-Ohhh então essa memória são das senhoritas?- Retrucou Herbert pegando a caixinha.

-Como é perspicaz!!!- falou Anita ironicamente, odiando-se por ter decidido estudar na biblioteca naquela hora.

-Não desfaça de mim, senhorita Stock!

-Não ligue Herbert- Respondeu Julli tentando chamar a atenção do rapaz.

-Anita, são feitiços de memória para o trabalho do Snape? - Herbert sorriu encantadoramente para a corvinal de olhos azuis.

-Sim. – Respondeu Anita seriamente achando tudo aquilo de mal gosto.

-Deixa eu ver – Herbert puxou a caixinha de madeira bruscamente.

-Olha....o que temos aqui, são memórias de verdade....caramba!!!!!- Riu Herbert impedindo que Anita as pegasse de sua mão.

-Droga, me devolve isso!!!!- Anita tentava puxar a caixa dele.

-Herbert...devolve pra Anita...já tá bom...-Julliane falou rindo da situação.

-Eu só quero ver essas memórias aqui...-Respondeu para Julli com uma piscadela.

Julliane sorriu sem graça, passando as mãos pelo cabelo novamente.

-Calma...minha flor...eu só quero ver o que você vai fazer no trabalho do narigudo do Snape. – Disse o corvinal dirigindo-se a Anita.

-Deixa de ser prepotente Herbert...Não fale do professor Snape só por que ele é infinitamente mais inteligente do que você....seu aprendiz de trasgo!!! –Respondeu Anita ficando com raiva de Herbert por estar insultando Severo.

-Você está louca....está tomando as dores daquele morcegão???!!!- Herbert ficou duplamente surpreso.

- Só disse a verdade...você tem raiva dele porque ele é o único professor daqui que não rendeu-se as suas bajulações descaradas e dissimuladas...

Herbert era aquele tipo de pessoa bajuladora e por muitas vezes inconveniente, que faz de tudo para conseguir o que quer.

E como Herbert se irritou com a provocação, começando a ficar com as bochechas rosadas.A menina resolveu continuar pisando na ferida. Pisando no orgulho de qualquer corvinal que se preze:

-Ele vê você como realmente é...um pobre néscio, ignorante.- Respondeu Anita.

Anita sabia que Herbert não era tão néscio assim, mas ela queria ofendê-lo.E conseguiu.

-Néscio, eu??? Sua metida, esnobe, arrogante...sempre de nariz em pé...deveria ter ido pra Sonserina, sua bastarda!!!Veja o que vou fazer com seu trabalho.

Herbert levantou a caixa no ar e a teria arremessado sobre o chão, se alguém não o houvesse impedido.

-Interrompo alguma coisa senhor Westy –

Severo Snape apareceu com as suas vestes negras esvoaçantes por detrás das prateleiras repletas de livros, e tomou a caixinha das mãos do corvinal em questões de segundos. Julliane via toda a cena trêmula. E Anita parecia impassível como uma estátua.

-Ehhh...professor Snape?...- Herbert ficou ainda mais vermelho.

-Está vendo outra pessoa aqui, senhor Westy?- Falou Snape ironicamente.

-N-não p-prof-fessor...é...tudo culpa dela!!- Herbert falou apontando o dedo trêmulo pra menina a sua frente.

Anita não disse uma palavra, simplesmente cruzou os braços e balançou a cabeça para os lados negativamente, com total desprezo, seu rosto estava incrivelmente impassível.

-Aham...E foi a senhorita Stock quem eu peguei com essa caixa, querendo arremessar o seu próprio trabalho no chão...-Falou Snape mortalmente, estreitando os olhos negros.

–Poupe-me senhor Westy- ralhou Severo com todo desprezo que pode.

-É que...é que...bem..ela...- Confundiu-se o corvinal, na tentativa fracassada de manipular a situação.

-Oras senhor Westy, eu ouvi T-U-D-O, poupe-me dos seus lamentos!

Herbert parecia que a qualquer momento teria um ataque, mas ainda assim tentava manipular a situação:

-Mas senhor...- Herbert tremeu-se todo e gaguejou.

-Cale-se!!!- Snape vociferou impiedosamente, e como havia intimidado Herbert, Severus voltou-se para a corvinal.

-E a senhorita, o que tem a me dizer? –Snape inquiriu a moça de olhos azuis.

-Na verdade professor, eu não tenho nada a dizer. – Ela estava aparentemente tranqüila- Como o senhor mesmo disse que viu tudo, deixo na sua mão esse julgamento.

E Snape nunca havia sido respondido daquela maneira, com aquela força e segurança, a corvinal não estava sendo cínica, ou atrevida como muitos grifinórios que o professor repreendia. Anita estava extremamente calma e falava com certa confiança, sem petulância, como a segurança de quem não mente. E isso severo admirava em uma pessoa.

-Realmente, a senhorita tem razão.- Concluiu Snape admirando a moça na sua frente.

-Senhor Westy – Ele estreitou os olhos e tomou fôlego –Um mês de detenção com o Filth!!! E se eu lhe pegar novamente importunando a senhorita Stock, ou falando mal de qualquer professor...Eu farei com que seja a última vez...- Os olhos de Snape queimavam de ira, e sua voz faria tremer o bruxo mais corajoso daquele castelo.-

-Detenção vocês dois!!!- Disse Snape apontando para Julliane e Herbert com o dedo.

-E-Eu?- Julliane finalmente voltou a ter voz, mesmo que trêmula.

-Sim. A senhora também será castigada. Aprenda a escolher melhor suas amizades, e a ajudar sua colega quando ela precisar...sem ficar se tremendo...dessa forma patética.-Snape olhou-a com desprezo, balançou a cabeça, virou-se e foi embora.

Julliane não entendeu o porque de Herbert não ter desmaiado ali mesmo, pois tudo indicava que ele cairia no chão a qualquer momento, ela mesma não podia dizer nada...afinal, suas pernas estavam tremendo até agora.

Herbert voltou-se para Anita Stock, seu rosto vermelho de raiva:

-Se eu não conseguir passar de ano na matéria dele...você me paga Stock!!!

-Não me culpe, o show foi todo seu Westy. –Respondeu Anita mortalmente.

-Maldita!!!- Herbert saiu batendo nas cadeiras, sentido seu corpo tremer de raiva.

-Ainda bem que ele foi embora.- Disse Julli largando-se na cadeira, ao ver o corvinal sair da biblioteca.


No caminho, Snape sentiu no seu íntimo uma certa alegria escondida, por ter ouvido aquelas palavras ditas em sua defesa, pela bela senhorita Stock.

Enquanto isso a moça sentia a sua admiração pelo professor aumentar ainda mais. Agora, ele havia tornado-se seu herói. De certo modo, aquilo parecia meio infantil ou piegas para uma corvinal, como ela, mas naquele momento ela lembrava-se apenas da voz doce de sua mãe:

”Não se preocupe meu anjo, se o pior acontecer, virá um bruxo inteligente e corajoso lhe salvar. Ele será o seu herói...E aí você saberá, que poderá dar o seu coração a ele...”

Agora Anita tinha um defensor, ele poderia ser diferente de todo o estereótipo bruxo de beleza, com o qual as jovens sonham, mas para Anita isso já não importava, a seus olhos ele era perfeito.

Mas a realidade a aguardava...

-Droga....- Anita olhou para as suas mãos vazias e se deu conta, a caixinha não estava com ela, na confusão Snape havia ido embora com ela.

-O que foi???- Respondeu Julli sem entender.

-Nada...depois nós falamos.- Anita saiu correndo da biblioteca, precisa pensar.

***
continua...

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