Capítulo 04: Confissões Inconscientes
Anita passou três dias angustiantes, ela dormiu pouco e se isolou ainda mais das pessoas, até mesmo de Julliane, com quem a corvinal mantinha mais contato. A jovem Stock havia pensado muito durante esses dias, tentando encontrar a melhor opção para recuperar a sua caixinha, mas a corvinal reconhecia: estava nervosa demais para tomar uma decisão acertada.Então, resolveu escrever à sua irmã mais velha, Ludmila, com urgência.E assim ela fez:
Ludmila,
“Eu estava testando alguns feitiços de memória e para isso tirei uma das minhas memórias mais antigas da nossa infância. Nesse período chegaram uns colegas e acabou por haver uma certa confusão entre eu e um certo corvinal do colégio, que não vale à pena nem comentar.Contudo, nessa confusão um professor interferiu e apreendeu aquela caixinha que você me deu. Aquela que eu guardo extratos de poções e algumas memórias.
Por favor, não me recrimine pela minha falta de prudência, pois eu já tenho feito isso diariamente. Sofro constantemente com a minha falta de coragem e não consigo tomar nenhuma atitude à respeito. Eu preciso de um conselho seu, tenho pensado em diversas maneiras de recuperar minha caixinha, pensei inclusive em pedi-la diretamente ao professor. O que você acha?”
A moça não teve de esperar muito pela resposta, em poucas horas chegou a uma coruja marrom para a corvinal. Era a resposta da sua coruja urgente. Provavelmente sua agonia chegaria ao fim.
“Anita,
Sinceramente, essa falta de prudência sua me deixa pasmada, você às vezes é tão relapsa, que nem se parece com minha irmã. Não se esqueça que você é uma Stock, e deve agir como tal.
E mais essa de pedir ao professor a caixinha de volta, é claro que não!
você vai pegá-la sem que ele perceba , vai esperar um momento oportuno e surrupiá-la de volta. E não pense em se negar, ou se acovardar, como sempre, você sabe que todos os Stock são corajosos, não me decepcione.
No mais, creio que não devo brigar ainda mais com você, pois toda angustia pela qual tem passado já é suficiente para colocar um pouco de juízo nessa sua cabeça.
Tenha mais cuidado com as coisas que lhe pertencem.
Mila.”
-Não acredito que esperei todo esse tempo por isso!!!-Anita sentiu sua pressão cair.
“Ela diz isso...assim...nessa tranquilidade, como se eu tivesse coragem suficiente para entrar na sala do professor Snape e pegar essa maldita caixinha. Droga!!!Ela nem me dá um conselho que preste!!!Se fosse para
agir feito uma louca irresponsável, eu não pediria ajuda dela.”
-Não sei o que fazer...- Anita suspirou lentamente ao falar.
-O que foi Ani? - Irrompeu Julliane entrando no quarto.
-Nada...estava pensando no teste que de transformação da professora McGonagal- Respondeu Anita escondendo a carta no bolso.
-Ahhh...mas não sei por que você está preocupada, é a melhor aluna da sala!!!
-Exagero seu...- Replicou Anita meio corada.
-Não fique assim...tímida, você sabe que é verdade.Sempre consegue fazer todas as transformações e sempre é a primeira a fazê-las!!!- Afirmou Julli com uma cara de “sou sua fã”.
-Mas para tudo é preciso treino, Julli...E eu estou com muitas aulas.
-Entendo... É isso que dá se matricular em muitas disciplinas, o horário fica cheio!!!
-O que é que tem pro almoço?- Levantou-se Anita, andando em direção à porta, numa tentativa de mudar de assunto.
-Ehhh...acho que hoje tem guisado!!!
-Você deve estar ansiosa então...não é o seu prato preferido? – perguntou a jovem Stock naturalmente.
-É sim...Mas como você sabe?- Julli franziu o cenho.
-Você me disse durante o segundo almoço.
-Foi mesmo... –Julli lembrou-se vagamente
-Então vamos, estou com muita fome.- Anita puxou Julli pelo braço e ambas saíram fazendo conjunturas sobre o teste de transfiguração.
SSssSSssSSssSSssSSssSSss...
-Você não pareci que está com muita fome Anita, eu já estou no meu segundo prato de guisado e você só deu essas colheradas... – Contestou Julliane observando o prato cheio da amiga.
-Minha fome passou quando cheguei aqui.- Anita olhou-a ligeiramente.
-Que estranho...Mas Anita, eu...- Julli foi interrompida.
-Olá moças...- Falou Herbert Westy colocando a mão sobre o ombro de Julli.
-Oi Herbert – Respondeu Julli educadamente.
-Oi – Foi o máximo que Anita conseguiu dizer.
-Ehhh...Bem...eu queria pedir desculpas por aquilo tudo que aconteceu na biblioteca...- Westy falou sem jeito.
-Ohhh Westy, que besteira...tudo bem!!! –Falou Julliane com um sorriso doce.
-Obrigada Julli, sempre soube que você era muito legal. –Disse Westy sinceramente.
-Mas Anita, quanto a você...me desculpa? - Falou Herbert mansamente, voltando sua atenção para a jovem de olhos azuis.
-Por mim...- Falou Anita dando de ombros.
-Ok...- Disse Herbert observando a expressão dos olhos de Anita, que eram assustadoramente severos e superiores.
-Eu ia falar mais tarde com o professor Snape para explicar tudo, mas o John me disse ele vai sair mais tarde e só vai voltar amanhã...sabe como é... sábado, ele não sai muito , a diretora não recusou o pedido dele, ele não tinha nenhuma aula e podia se ausentar tranquilamente...algo assim, o John não me explicou tudo direito, ele é meio enrolado, vocês sabem....
-Quer um conselho Herbert, não procure o Snape...será pior.- Anita cortou o corvinal.
-Mas...Anita, eu...- Herbert chocou-se com a sinceridade daqueles olhos azuis.
-Tchau gente, eu tenho monitoria de transfiguração agora!!!- Dizendo isso, Anita levantou-se e saiu.
***
A monitora saiu cansada ao final das aulas, Anita ajudou muito dos seus colegas que tinham dificuldade com a matéria, mas todo aquele esforço valia à pena, a jovem riu quando Diogo transfigurou os óculos Hanna em uma ratazana felpuda!!!Foi realmente hilário os gritos de terror da menina, correndo atrás dos seus óculos peludos.E Diogo gaguejando e pedindo desculpas...
Mas ao terminar a monitoria, Anita resolveu dar um passeio pelo castelo, quem sabe o vento noturno poderia lhe trazer algum bem?
SsSssssSss
Snape resolveu voltar para Hogwarts mais cedo, afinal já estava cansado demais para ouvir qualquer coisa que Lucio lhe dissesse. Ele chegou meio alto, após muitas horas de bebedeira regada a wisk.
Tudo para Severo parecia monótono e cansativo, a sua vida estava totalmente sem sentido, ele vivia por viver, já não tinha um por quê. E isso é a pior coisa que pode acontecer a qualquer pessoa, bruxo ou trouxa.
Severo abriu a porta devagar e silenciosamente, carregando uma garrafa de wisk na mão. Deu uma olhada ao redor dos seus aposentos e tudo estava tranqüilo. Igual como havia deixado, sentiu novamente o dissabor de não ter um motivo para voltar para àquele quarto, para aquele castelo especificamente. Ele tinha seu trabalho como professor, mas chega um momento na vida de um homem que o profissional já não é o suficiente. Severo começou a tirar seu casaco e como estava mais para bêbado do que sóbrio, começou a falar para as paredes. Suas velhas amigas de tristeza e desabafo:
-Nem pra morrer aquele infeliz do Potter me deixa em paz, tinha que bancar o heroizinho, feito o intrometido do pai dele e me salvar daquela cobra maldita.... –Snape tinha amargura na voz.
-Como é o inferno querida Nagini?....hahahaha!!!- E do riso o professor foi a ironia.
-Ohhh...uma pena eu estar desacordado...perdi aquele infeliz do Voldmort ser morto pelo piralho Potter...sim milord...ao inferno você e sua cobra maldita, milord!!!! – Dá ironia ao orgulho.
-Imagine a cara dele, ao saber que Eu, Severo Prince Snape me vinguei...por mim....por Lili...por Dumbledore.
-Mi Lord achava-se tão inteligente...e não passava de um prepotente!!!...- E olhando para o retrato em cima da mesa ele continuou- Do desprezo a constatação.
_Mas, inteligente mesmo era Alvo Dumbledore. Que armou todo aquele plano maquiavélico, todas as conjunturas...
Ele sentou-se no sofá do canto, seu semblante externava toda a dor que sentia, o professor sabia que perdoar era uma tarefa difícil para os meros mortais, principalmente quando a magoa era profunda demais para isso. Ele tinha plena consciência dos seus erros e de suas limitações.
Respirou fundo e contemplou o vazio. Mas, a visão do velho bruxo não saiu da sua mente.
_Como pode fazer isso comigo? Dar-me essa missão infeliz, tirar-lhe a própria vida... meu amigo, como pode me pedir isso... e Snape emocionou-se ao lembrar,lágrimas escorreram pela sua face pálida.
O professor ficou quieto em sua poltrona e com uma garrafa na mão, ele olhou o vidro em sua mão, saboreando a sua própria dor. E em seguida, balançou a garrafa com certo desprezo, bebendo mas um gole daquela bebida amarga como veneno, que estranhamente o acalmava... Severo empurrou a garrafa vazia para o canto e finalmente sentiu a realidade se distanciar. O sono estava finalmente chegando.
E para sua surpresa, Snape descobriu que apesar de todo o amargor. Ele ainda sentia seu coração, o qual ainda batia apesar de todas as decepções e da quase falta de ar. O professor pensou na sua própria desgraça, em toda a sua vida... E percebeu,que ele estava mais uma vez...
- Sozinho... – As palavras saíram amargas, acabaram-se as ironias.
O professor de DCAT fechou os olhos e dormiu na poltrona.
SSssSSssSSssSSssSSsSS
A noite está fria e úmida.
Depois de uns dez minutos de espera,
Uma jovem sai lentamente detrás do armário.
Anita pensou inicialmente em sair correndo ao ouvir o barulho de alguém chegando, provavelmente seria ele. Ela tinha de pensar rápido, e foi o que ela fez, se corresse, como foi a sua primeira vontade, ela com certeza seria pega e teria a maior detenção de toda Hogwarts.
Além de ter de explicar muitas coisas para o seu professor, e falar era a ultima coisa que ela queria. Então, apelou para a única solução que lhe veio à mente, era a maneira que ela tinha de sair dali imune: Ela deveria se esconder, e só sair quando fosse seguro.
Anita deveria esperar que ele dormisse e assim pudesse sair sorrateiramente dali. O que ela, sinceramente, não esperava era ver o professor Snape entrar no seu quarto completamente embriagado,e falar confidencias tão pessoais que Anita correu ao ouvi-las, ela desejou intensamente não escutá-las, tentou colocar as mãos nos ouvidos, inútil... Ela acabou ouvindo. A corvinal sentiu-se tão mal por ele, por seu sofrimento, dilacerando seu peito a cada palavra amarga e triste que ele proferia, a jovem controlou-se para não consolá-lo quando percebeu, atônita, que ele chorava...se arrependia...e se via sozinho, ao ponto preferir não ter sido salvo. Anita o entendia completamente, mais do que queria.
A jovem Stock o viu deitado, esparramado de qualquer jeito no sofá, algo dentro do seu coração sentiu mais do que a jovem poderia confessar, e então silenciosamente ela foi até a cama dele e pegou uma manta muito grossa e felpuda, e cobriu-o delicadamente. Severo pareceu mexer-se e Anita sentiu seu coração tentar sair pela boca, mas ele não saiu...acabou voltando ao ver que o professor havia apenas se inclinado mais um pouco.
E como numa doce loucura, que invadiu sua mente, ela ficou observando-o deitado, sua expressão mais serena do que o normal. Contudo, agora a corvinal sabia o que realmente se passava dentro daquele coração sonserino, e então Anita ajoelhou-se devagar aos pés da poltrona e não pode controlar o impulso forte que a tomou conta por completo, e lentamente ela foi aproximando-se de Severo, e seus lábios beijaram delicadamente as mãos deles. Foi um contato suave e delicado, alguns breves segundos. Ela aproximou-se da orelha dele e sussurrou algo que a moça não sentiu a menor vergonha de falar, afinal, ele jamais saberia o que aconteceu naquela noite.
Ela sorriu.
_Você não está mais sozinho. Eu estou aqui!!!- Anita estava firme em sua resolução.
E recuperando-se, a corvinal levantou sorrateiramente e saiu trêmula dali, seu rosto pálido contrastando com os olhos azuis, davam a sua face um ar indefeso, talvez o seu verdadeiro rosto. Anita carregava sua preciosa caixa de poções, orgulhosa de sua coragem, apesar de estar com as pernas bambas. Todavia, seu pensamento não estava mas na caixinha de lembranças, estava lá, no quarto do mestre de DCAT deitado numa poltrona.
Capítulo 05: O Mar em Ressaca
Snape acordou cedo, remexeu-se na poltrona, seu corpo estava todo moído,
“Não devia ter tomado tanto wisk...” -Pensou aborrecido.
Agora o professor estava com uma ressaca monstruosa, suas têmporas dilatavam-se, enquanto seu humor piorava paulatinamente. Severo havia tido um sonho extremamente inapropriados com a bela senhorita Stock, durante a noite passada, ela invadia seu quarto e lhe beijava com aqueles lábios vermelhos... Ele mal sabia que aquele sonho, aparentemente tão real, se repetiria incansavelmente todas as noites...Daquele dia em diante.
-Maldita bebedeira... -Constatou Snape passando a mão pelos cabelos negros em total desalinho.
_E mais essa agora, era o que faltava...Anita Stock !!!- Disse Severo lavando o rosto e contemplando o estrago da ultima noite no espelho.
Ele sentiu curiosidade de saber, por que motivos a senhorita Stock não havia lhe procurado para pedir sua caixinha de madeira de volta, essa seria uma bela chance para Snape poder observar aqueles olhos azuis oceanos novamente, bem de perto...
O professor foi até a sua escrivaninha e a abriu, olhou exaltado e percebeu perplexo, que a caixinha de madeira não estava mais lá...Ele inicialmente pensou na possibilidade de ter se confundido, mas logo ele percebeu que não havia nenhuma confusão. Haviam aproveitado sua ausência para entrar nos seus aposentos e furtá-lo. Ele remexeu tudo com ódio, e viu que todo os seus objetos estavam no seu devido lugar...só faltava um coisinha...a caixa da senhorita Stock...
_Corvinal de uma figa!!!- Snape rangeu os dentes.
Era o motivo que ele precisava para ver Anita Stock.
SSssSSssSSssSSssSSssSSssSS...
Anita estava sentada ao lado de fora, aproveitando finalmente um pouco de Sol, depois de meses de frio intenso, agora havia um pouco de luz. E a corvinal poderia aproveitar um pouco desse calor, curtindo a calma daquele dia, completamente sozinha, para observar o lago.
_Senhorita Stock, queria falar justamente com você – Os olhos de Snape estreitaram-se ao vê-la.
-Claro professor. – Anita deu toda atenção a Severo.
-A senhorita está em detenção o mês inteiro, começando hoje a noite... Limpando os troféus da escola...-Snape sorriu ao ver no rosto da moça uma ruga de preocupação.
-Como assim professor???...Eu não fiz nada...
-Acredito que invadir os aposentos de um professor e pegar algo sem a autorização do mesmo, seja alguma coisa...senhorita. –Snape jogou todo seu sarcasmo na cara da corvinal.
-... –Anita emudeceu, ele sabia de tudo!!!
- Hoje as sete horas com o zelador Filtch!!! –Snape sorriu com o canto da boca, ele havia se contentado com o silencio dela. Havia vencido.
E com essa certeza, Severo virou-se e saiu em direção ao Castelo, enquanto Anita começava a recobrar as cores. Aparentemente dos males os menores, um mês seria um preço baixo demais. Ela sorriu.
“Um mês passa rápido.”
SSssSSssSSssSSssSSssSSssSS....
Assim que pode, Anita Stock terminou seus afazeres da detenção, e entrou pelos corredores, ela estava moída. Limpeza não é um trabalho fácil, principalmente polindo troféus de um castelo tão grande com o de Hogwarts. E ao contrário do que a sua razão lhe mandava fazer, seus pés não a levaram em direção ao salão comunal. Ela foi direto para as masmorras, bem longe dos corvinais. Ela deu três batidas na porta a sua frente. Estava aonde seu coração a mandava estar.
_Professor Snape, o senhor poderia me dar cinco minutos, por favor - Anita Stock apareceu na porta dos aposentos do temido professor Snape.
-Espero que seja importante senhorita Stock.-Snape surpreendeu-se, mas não aparentou mais do que aborrecimento em vê-la.
-Ao menos pra mim, é importante...eu sei que o senhor é um bruxo ocupado. –Ela sorriu e Snape olhou-a friamente, ao abrir a porta pra que ela entrasse.
A sala era confortável, repleta de livros, a moça sentia-se à vontade ali , havia duas cadeiras de madeira e um sofá. Ela sentou-se onde o professor havia indicado, numa das cadeiras de madeira forte e resistente. Ela passou os olhos pela parede para buscar um pouco de coragem para falar, então começou:
_Eu vim para lhe agradecer....- Ela o olhou nos olhos.
-Eu lhe dei uma suspensão, não um prêmio, senhorita Stock. – falou Snape ironicamente, mas demonstrando total desagrado com a atitude da moça.
-Eu sei...-Ela sorriu tristemente ao vê-lo olhá-la daquela maneira.
Anita olhou suas mãos brancas e suaves, vermelhas de tanto esfregar os troféus, ela estava visivelmente cansada. E Snape, sinceramente arrependeu-se de ter lhe dado um castigado tão severo.
-Mas não falo disso...senhor. Eu me refiro do episódio na biblioteca, foi muito gentil de sua parte.-Ele a interrompeu.
-Eu só fiz minha obrigação. - Respondeu secamente.
-Eu sei que se não quisesse....- Anita falou timidamente, mas foi interrompida.
-O senhor Westy ofendeu-me. Então eu interferi. Foi apenas isso...não precisa vir até aqui agradecer-me por nada. Não fiz pela senhorita.
-Mas eu só quis lhe agradecer. –Anita sentiu seu coração partir lentamente a cada palavra dura dele.
-Então se é só isso- Ele bruscamente abriu a porta com um feitiço, não fazendo mais do que um mero muxoxo.
-Eu...- Ela levantou-se e deu uns passos em direção a porta, mas voltou novamente.
-Vá embora senhorita Stock.- Snape fez um muxoxo de desagrado.
Anita sentiu todo a dureza que aquelas palavras representavam, seu mundo desmoronava novamente a sua frente, ela foi aos aposentos dele buscando alívio, consolo e proteção, talvez...*amizade*, mas ela não encontrou nada disso, era tudo frio, seco...
A jovem Stock sabia que havia calor em alguma parte, e a moça lembrou-se das coisas que queria esquecer...Seu coração estava atormentado depois de todos aqueles acontecimentos, ela queria poder contar toda a verdade para ele, mas era covarde demais para isso.
Os olhos dela encontraram com os deles e ela o encarou-o tremula, implorando silenciosamente que ele visse a verdade nos seus olhos. Mas a corvinal não acreditava mais em contos de fadas, a vida real era bem diferente de todas as histórias que a sua mãe lhe contado...Aquele lugar estava tão frio, que ela quase podia ouvir um súplica muda das velhas paredes, ecoando pelos ares...pedindo um pouco de calor. Talvez não fosse aquele lugar, talvez fosse ela.
Anita tentou falar, mas os seus lábios se abriram e fecharam sem exaurir nenhuma palavra. A jovem Stock não pode evitar, algo tão espontâneo, seus olhos azuis tão marejados, rapidamente encheram-se como o oceano e transbordaram envoltos por um dor tão profunda, que comoveria qualquer pessoa, qualquer um que tivesse um coração, mesmo que fosse peludo, se sentiria partir-se ao meio ao vê-la.
Snape não foi diferente.
-Mas o que é isso senhorita Stock, não é para tanto!!! – Irrompeu ele em resposta as lágrimas dele.
Anita começou a chorar ainda mais, sentia-se envergonhada e fraca...
“Patético, odeio me sentir assim...tão frágil” – Ela pensou com sigo mesma.
-Sente-se, acalme-se. Tenha calma!!!.-Estranhamente o choro dela o incomodava.
E isso era estranho, totalmente novo para ele, que se considerava um homem frio...Snape estava acostumado a todo o tipo de ataque nervoso, ou chilique que seus alunos davam, isso não o afetava mais...Mas por que ele estava assim...tão comovido com uma simples corvinal???!!!Ele não sabia dizer.
-Calma...- Snape deu um liquido para a moça beber, mas a jovem recusou-se e sentou-se na poltrona mais confortável. Severo não entendeu a recusa,e insistiu:
-Não tenha medo, é apenas um calmante, você se sentirá melhor.
Anita não respondeu, ela simplesmente aproximou-se mais do professor e o abraçou, encostando sua cabeça no peito dele. Snape podia sentir a respiração rápida dela e suas mãos delicadas agarradas no seu corpo, como se sua vida dependesse disso. Severo iria fazer menção pra que ela o soltasse, mas não conseguia se mover, a respiração dela estava acalmando-se paulatinamente e Severo sentia agora o corpo dela junto ao seu. E era uma sensação maravilhosa. Anita olhou-o no fundo dos seus olhos negros, e disse ainda um pouco tensa:
-Não minta pra mim...eu sinto o seu calor...você não é frio desse modo que quer tanto aparentar, eu sei.- E dizendo isso, ela aproximou o seu rosto do dele e acariciou a face pálida do homem a sua frente, que a tanto tempo não recebia um carrinho tão sincero e delicado. Ele sentiu o poder daquele toque, o toque daquelas mãos era um sonho, que ele vivia acordado. Com um impulso, ele segurou a mão dela, ia negar-se.
-Por favor...é só um carinho...- Ela sussurrou numa suplica doce e amável.
Snape sentiu suas forças se anularem ao encontrar os olhos delas, ele soltou a mão da bela Stock, e segurou a cabeça da jovem com firmeza, passando suas mãos ágeis pelos cabelos volumosos dela, ele estava hipnotizado pela corvinal. E ele teria ido ainda mais além se ela não o impedido:
- Pare!!!- Anita balbuciou fracamente.
- Por quê? - Ele inquiriu apertando-a mais contra si.
- Eu estou com medo... - Ela falou fracamente.
- Está com medo... - Afirmou Snape sarcasticamente.
Severo tentou se afastar dela, sentindo novamente o sabor amargo da rejeição, o qual ele disfarçada atrás de um sorriso de superioridade e palavras irônicas e sarcásticas.
- Eu vou deixá-la descansando... – Ele disse ao tentar se levantar.
- Não, por favor, não me deixe...fique comigo. - Ela o segurou com toda a pouca força que ainda tinha.
- Eu não quero lhe causar mais medo, ou horror? - Ele torturou-lhe venenosamente.
- Não, você não me entendeu, eu não sinto medo de você... muito menos horror... - Ela disse docemente apoiando a cabeça no peito dele.
- Eu não entendo você, senhorita Stock...Tudo isso me pareci no mínimo contraditório. - Snape sentia o toque de Anita, e ela era tão suave e delicada...tão doce que ele sentia-se verdadeiramente atraído por ela.
- Eu queria poder lhe dizer, mas não tenho coragem...- Ela respondeu sem encará-lo.
- Eu posso ajudá-la...- Severo levantou o queixo dela delicadamente, e deixou-se penetrar nos olhos azuis revoltos...Ele arrumaria um modo se saber a verdade.
“Oh Deus, como eu quero tocá-lo...beijá-lo...mas eu tenho medo de fazer algo errado...tenho medo dele não gostar de mim...tenho medo que ele descubra o quanto tudo....Eu queria poder contar tudo a ele...mas eu não consigo...tenho muito medo...eu sei que ele me protegeria...mas eu não consigo...”
-Ohhh, pare!!! Você está lendo a minha mente!!!- Anita fechou os olhos para quebrar o contato visual enquanto falava envergonhada:
-Nunca mais faça isso!!! - Ela repetiu ainda de olhos fechados.
Anita não ouviu nenhuma palavra de volta...nenhuma resposta...
“Devo ter feito tudo errado, agora, ele deve me achar tão patética!!!” - Pensou enquanto recuperava a respiração.
- É melhor eu ir embora... -Balbuciou corada, agora de olhos abertos, mas ainda sem encará-lo.
- Não, ainda não...- Ele respondeu segurando a cabeça dela e acariciando os seus cabelos gentilmente.
- Não tenha medo... - Sanape acariciou o rosto da bela corvinal... e foi aproximando-se lentamente dela, tão próximos que ela sentia a respiração dele na sua face.
- Eu... - Anita disse fracamente.
-Shhhhh... - Snape colocou seus dedos gentilmente sobre os lábios dela, fazendo-a silenciar, ela encarou-o quase como se estivesse assombrada, seus olhos azuis arregalados. Mas ela não se moveu nem um centímetro, deixou os lábios dele tocarem os seus suavemente. Agora, ela o observava trêmula, mas resoluta, simplesmente fechou os olhos.
Era escuridão...
Anita sentiu seu corpo tremer, uma mistura de medo e desejo, mas ela resolveu enfrentar o seu medo...Dessa vez, ela não se recusou a experimentar o sabor daquele beijo. Ela se deixou ser guiada pela gentileza do toque dele, dessa vez sentindo amor e não medo...
Em uma noite estrelada e silenciosa, num castelo velho e distante, o vento corria silencioso pelos corredores, procurando algo para observar. O insulano chegou sorrateiro nas masmorras, estranhamente sem frio ou solidão, ele o único a testemunhar aquela mudança, aquele segredo: Dois corações que batiam juntos no mesmo ritmo. Agora eram um só. Só ele, senhor dos ventos, poderia reconhecer em toda a sua vivencia secular um verdadeiro amor!!!O vento sorriu e resolveu deixá-los à sós, acabou dobrando e seguiu pelos corredores. Assobiando canções românticas, as quais homem nenhum poderia entender ou explicar.
Shhhhhhhhhhh.......
***
continua
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