sábado, 12 de junho de 2010

Fic: As irmãs Stock (parte 4)

Capítulo 08: A jóia em formato de coração.

Snape passou o dia pensando de quem poderia ter sido a autoria daquele bilhete. Ele tinha muitos inimigos e saber qual deles seria o autor dessa ameaça seria uma tarefa hercúlea. Tinha de pensar. Mas pensaria nisso depois, escutara as três pancadas suaves na porta, era Anita Stock para uma visita surpresa. Ele sorriu.

-Isso são horas, senhorita Stock!- A voz grave dele fazia Anita sentir segurança.

-Eu estava estudando e perdi as horas, acabei jantando tarde, e eu não queria dormir sem antes te dar um beijo...- Ela disse colocando-se na frente dele.

-Acabou com a poção que eu te dei? -Perguntou Snape

-Sim...E não senti mais nada, acho que não devia ter ficado sem comer...Sempre é assim, fico fraca e fico enjoada- Ela disse séria.

-Não fique sem comer de novo...É uma ordem, senhorita Stock- Falou Severo sem nenhum humor.

-Não seja tão sentimental...senão eu posso pensar que gosta *mesmo* de mim- Ela disse abraçando-o.

Snape passou a mão pela cintura dela, e beijou sua cabeça uma vez, ele não disse nenhuma palavra por alguns minutos.

-Para prevenir, pegue outra poção para enjôo na cômoda.-Ele disse ao separar-se dela.

-Está bem...-Anita levantou-se e foi em direção a cômoda de madeira no canto da sala. Ela abriu a primeira gaveta, olhou e não viu nada...a não ser por um papel meio amassado...escrito...”traidor e verme” , ela voltou a vista e mais por instinto do que por curiosidade ela leu o bilhete todo.

-Severo o que é isso?- Ela entregou-lhe o bilhete com as mãos trêmulas.

-Quem foi que escreveu esse bilhete?- Anita tinha os olhos angustiados.

-Por um acaso pareço com a Trelawney? - Disse ele revirando os olhos.

-Não vê que não está assinado!!!- Continuou, mostrando o bilhete.

-Não tem idéia de quem seja? -Anita Rebateu nervosamente.

-É Óbvio que não...-Disse ele com um muxoxo.

E só de pegar o bilhete pela primeira vez , ela percebeu...Jamais esqueceria a caligrafia *dele*, o nome lhe veio a mente, rasgando feito pólvora. Aquele modo de escrever, inclinado de forma esticada, a maneira deitada de escrever o “S” , com toda força e brutalidade, marcando todo o papel até do outro lado...

-Pois...eu sei...quem....escreveu...-Ela parecia decidir se dizia ou não.

-Então, diga logo!!!- Rebateu ele com pressa.

Ela só conhecia uma pessoa que escreveria daquela maneira...

-Yaxley!!!-Ela olhou-o temerosa.

-Como tem tanta certeza?- Perguntou Snape ao ver a reação da moça.

-Não...é...um...comensal???- Ela disse olhando para os pés.

-Sim...- Respondeu ele com as sobrancelhas levantadas.

-Mas isso não explica o fato...Como sabe que é dele?- Perguntou Snape com seus olhos negros e inquisidores.

-Severo...-Ela pareceu fugir.

-Diga...senão eu leio a sua mente.- Ameaçou impiedosamente.

-Você prometeu!!!- Ela respondeu surpresa e temerosa.

-Eu sei...mas isso é muito sério...que ligação tem com ele? -Sua voz saiu mais áspera do que o normal.

Ela andou pela sala, aparentemente nervosa, sacudindo as mãos.

-Eu direi...-Falou num suspiro depois de pensar alguns minutos.

-Minha irmã trabalha na parte de investigações...ela vê cartas....pistas...eu as vezes a ajudava, olhando as cartas, procurando algum indício...me lembro da letra dele....Com certeza, foi ele que escreveu o bilhete...

-Então é ele que anda me mandando recadinhos...-Disse Snape sarcasticamente, parecendo satisfeito com a resposta dela.

-Acredito que sim...se quiser, posso mandar para Ludmila,minha irmã,ela pode confirmar. -Respondeu Anita franzindo a testa.

-Não precisa...Se você tem certeza de que é ele.- Respondeu Snape friamente.

-Você está bem? -Inquiriu Snape ao perceber que ela estava branca como papel.

-Sim...- Respondeu olhando para o lado.

-Você está tremendo?- Severo segurou Anita.

-Não- Balbuciou a corvinal escondendo as mãos trêmulas.

-Não seja tola, é óbvio que está tremendo!!!- Snape arqueou as duas sobrancelhas.

-Não estou... – Ela tentou rebater inutilmente.

-Não minta pra mim, Anita!!!- Snape falou duramente.

-Severo...estou com medo por você...não brigue comigo!!- Ela colocou a mão esquerda sobre a testa preocupada.

-Não seja boba, eu sei me cuidar muito bem!!!- Snape tentou acalmá-la

-Mas...eu sei que Yaxley é perigoso, ele pode lhe fazer muito mal...-Ela abraçou-o fortemente ele sorriu, afinal ela se importava.

-Estou tomando todas as precauções...agora que eu sei que é ele...tudo fica ainda melhor, se ele aparecer por aqui, será pior para ele.- Respondeu com firmeza.

Anita olhou-o visivelmente preocupada, a testa tensa e as mãos geladas, suas pernas pareciam bambas. E estavam.

-Severo...se ele aparecer aqui....fuja...-Ela disse com os olhos perdidos no horizonte.

-Me acha tão covarde assim? - Ele levantou uma das sobrancelhas.

“ Seria um insulto?”

-Não pense isso...peço por mim...Não quero perder você...- Os olhos azuis eram aflitos.

-Não vai perder...Eu acabo com ele facilmente. - Ele sorriu com o canto da boca ao perceber a preocupação dela.

-Acaba... - Ela sorriu esquecendo-se de tudo, esse era o poder do abraço dele, fazer com que ela esquecesse do medo.

-Pensei que já soubesse do que eu sou capaz?- Snape levantou-a alguns centímetros do chão para beijá-la melhor.

-Eu esperei por esse beijo o dia todo...- Ela respirou ofegante ao separar-se dele.

-Sabe que isso é terrivelmente bom para o meu ego, não é?- Ele perguntou levantando a sobrancelha com um sorriso sonserino.

-OPS!!!Não era a minha intenção...-Ela disse ao empurrar o cordão do seu pescoço para o lado, para que ele não o visse.

Tarde demais.

-Quem te deu esse cordão?- Ele perguntou ao perceber a jóia pela primeira vez.

-Ahhh...esse???...ninguém em especial...-Ela parecia incomodada com a pergunta.

Ele percebeu.

-Uma jóia...em formato de coração...me pareci muito especial - Disse ao observar a jóia mais de perto, parecia ser cara.

-Foi a senhora Stock, sua mãe, quem lhe deu?- Perguntou com um sorriso no rosto.

-Não...- Ela disse de forma estranha.

-Então foi sua irmã...Ludmila? - O sorriso encurtou.

-Não...eu tenho de ir, agora.-Ela tentou se desvencilhar-se dele.

-Espere mais um pouco, pra que tanta pressa assim?- Ele olhou-a cinicamente.

- Quem lhe deu o cordão?

- Tenho de ir... - Anita não gostava da expressão do rosto dele.

-Foi algum parente seu???- Tentou arriscar diante do silêncio dela.

-Oras, isso não importa!!- Ela afastou-se dele zangada.

-É apenas uma pergunta simples!!!Foi algum Stock?-Ele não desistiria.

-Estou indo embora...tenho muita tarefa para fazer!!! – Anita tentou chegar a porta.

-Ainda não, quero uma resposta...- Ele foi rápido.

-Severo...eu tenho muita tarefa, é sério!!!- A moça tentou passar-Ele a impediu com o braço.

Snape continuava firme.

-Eu nem devia ter vindo...Você sabe...Tenho de ir, agora!!!- Anita tentou sair novamente, sem êxito.

-Anita, essa pergunta só tem uma resposta...sim ou não?Diga.- As mãos dele a apertaram de maneira firme. Seus olhos negros eram inquisidores e implacáveis.

-Talvez...-Ela tentou enganá-lo e correr para porta.

Sem sucesso.

-Resposta errada, só vou lhe dar mais essa chance...- Os olhos dele estreitaram perigosamente, ele falava a sério. Anita estremeceu

-Foi algum Stock?-Ele repetiu a pergunta

-Não. -Ela respondeu olhando para o chão.

Snape a soltou mediante a resposta.

-Adeus. - Disse a moça ao sair sem olhar para trás.


Capítulo 09: Histórias Tristes.

Três batidas suaves na porta...

-Professor Snape, eu vim para minha detenção.- Informou Anita.

-Então entre logo, senhorita Stock!!!- Respondeu de mau humor.

-O que devo fazer?- Perguntou Anita séria.

-Sente-se naquela poltrona.- Snape apontou para o estofado.

Anita sentou-se obediente. Ele foi na mesa e pegou dois copos de suco de abóbora e trouxe. Sentou-se ao lado dela e ofereceu-lhe um copo. Ela observou bem o rosto dele, atrás de alguma informação. Nada. A jovem resolveu entrar no jogo e bebeu o primeiro gole.

-Está com raiva de mim? - Foi a primeira pergunta que ele fez.

-Não...E você, está chateado comigo? – Anita parecia tensa.

-Não...só quero que confie mais em mim.- Respondeu Snape analisando-a.

-É difícil pra mim...- Ela olhou para o lado, buscando coragem, antes de continuar- Eu tenho dificuldade para me abrir com as pessoas...você foi a primeira pessoa com a qual eu quis compartilhar algo.

Snape sentiu que ela estava abrindo o seu coração para ele.

-Eu me sinto segura com você, sei que não vai me *machucar*.-Ela observou seu cabelo negro e liso, que caia desajeitadamente sobre seus ombros.

-Eu não quero machucá-la, mas não sei se posso fazer isso...- Snape sabia como era ser magoado. Ele não queria passar por isso de novo, e nem fazer isso com ela.

-Eu sei que você não quer me machucar...e dará o seu melhor para que isso não aconteça -Ela disse fechando os olhos e beijando-o.

-Eu queria ter conhecido você a mais tempo...-Ela suspirou e o abraçou.

-Talvez eu não estivesse pronto para você.- Ele deu um sorriso torto.

-Como assim...fala por você ter sido um comensal da morte?- Anita perguntou encarando-o.

-Não só por isso...Antes de te conhecer, eu passei muito tempo magoado e revoltado. – Ela estava abrindo-se com ela.

-Eu te amaria mesmo que você fosse um comensal. -Ela passou a mão suave pelo rosto dele, acariciando-o.

-Não sabe o que está dizendo...-Ele disse olhando-a incrédulo.

-Ah...eu sei, infelizmente eu sei...- Ela abraçou ele mais forte. Seus braços fortes eram toda a proteção que ela precisava. Anita fechou os olhos novamente. Estava segura.

-O que quer dizer com isso?- A frase não passou despercebida.

-Eu sei de um caso...De um amor verdadeiro... entre um bruxo das trevas, na verdade...um comensal da morte...e uma bruxa...muito boa...-Os olhos de Anita ficaram marejados, ela passou a mão no rosto disfarçadamente para enxugar as lágrimas escorriam silenciosas.


Mas foi tarde, Snape havia notado a presença da lágrima rebelde.


-E como acabou a história? - Snape perguntou disfarçando a curiosidade que sentia.

-Acabou mal...-Ela respirou fundo- Era um amor impossível...

-Como o nosso?-Perguntou Snape debochadamente.

-NÃO!!-Ela protestou, como se a comparação lhe doesse fisicamente – O nosso amor é sólido...seguro...firme!

E voltando aos braços dele, Anita terminou a conversa dizendo:

-Não quero mais falar dessas...histórias tristes- E dizendo isso, ela o beijou suavemente nos lábios.

SsssSSssSSssSSssSSssSSss

E como se não bastasse as preocupações que ele já tinha, com a recente ameaça de morte, agora ainda tinha mais essa...aquela jóia em formato de coração, feita em ouro e cravejada com pedras preciosas...

“Uma jóia cara, muito cara..para se dar para qualquer um.” Pensou ao sentar na cadeira.

“E não foi nenhum Stock...que havia lhe dado...”- Ele respirou fundo, e fechou os punhos. A mente trabalhando ruidosamente.

“E ainda tem a história do bilhete...ela conhecia a caligrafia do Yaxley” - Ele bateu na mesa com força.

As peças se juntando...

“Um comensal da morte apaixonado por uma bruxa...muito boa?”- Ele colocou as mãos sobre a cabeça.

“Poderia ser...” -Uma voz lhe disse mentalmente.

-Não, não pode ser!!!- Ele balbuciou em resposta a si mesmo.

“Ela podia ter tido outro namorado, isso seria normal...”

-Mas logo ele...

“Yaxley...” – O nome dele queimou na sua mente.


Snape passou a mão pelos cabelos negros, e segurou a cabeça pesadamente, tudo indicava que era isso...O jeito com que ela ficou pálida ao ouvir o nome dele, as suas mãos tremeram, aquilo tudo era muito estranho... Sentiu nojo ao pensar na cena...Yaxley e Anita JUNTOS. Sentia vontade de socar Yaxley até a morte, ou torturá-lo com cruciatos por ter tocado na sua Anita...

“Talvez fosse melhor dormir...” – Ele pensou consigo mesmo, enquanto vestia o seu pijama.

***

O relógio estava ali dependurado na parede, e mesmo que quisesse, ele não o deixaria mentir. Estava atrasado!

- Por Morgana, Anita já deve estar me esperando!!!

Snape pegou as suas tradicionais roupas e as vestiu o mais rápido que pode, correu em direção ao local combinado tomando todo cuidado para não ser visto. Apesar de ser muito cedo e o caminho pelo o qual ele havia escolhido ser pouco utilizado, principalmente por alunos e professores. Mas, foi incrivelmente rápido... Ele já estava lá, diante do lago, procurando por Anita. Ela não estava lá.

“Onde ela havia se metido?”

Severo passou por entre arbustos e escutou barulhos estranhos, como o de beijos sufocados...Ele reconheceria esses ruídos a quilômetros , e como professor de Hogwarts era o seu dever acabar com essa pouca vergonha, desses adolescentes insubordinados, e isso deveria ser feito rápido, antes que Anita aparecesse. Severo iria surpreendê-los, mas quem teve a surpresa maior foi ele, pois não eram dois alunos:

Anita e Yaxley estavam lá, juntinhos, abraçados e aos beijos. Snape sentiu uma raiva súbita, a qual percorreu todo o seu corpo através da sua corrente sanguínea. Era ódio puro!

-TIRE AS SUAS MÃOS DELA!!! –Berrou com toda a sua força.

-Snape??? – Anita parecia surpresa em vê-lo, mas não houve muito tempo para conversas.

Yaxley e Snape estavam rolando do chão como dois adolescentes, brigando aos murros pelo amor de Anita. Eles trocavam ofensas e socos quando...

- PUFT!!!!

****

Capítulo 10: Quem tem medo de bicho papão?

Severo abriu seus olhos, ele estava todo suado, a respiração rápida, todo o seu corpo latejava da queda. Ele observou o relógio na parede, eram 3:00horas da madrugada, Snape estava caído no chão do seu quarto.Ele sorriu aliviado.

Havia sido apenas um pesadelo terrível...

“Como em tão pouco tempo, Ela se tornou tão importante pra mim???”

***

Anita e Julliane estavam sentadas lado à lado para o café da manhã.


-Oi garotas!!!- Saudou Herbert Westy ao sentar-se na mesa. Bem no meio das duas corvinais.

-Bom dia Westy. – Respondeu Anita sem ao menos olhá-lo na cara.


Desde o dia da biblioteca, Herbet Westy havia caído muito no conceito dela.

-Bom dia Herbert- Falou Julliane com um sorriso no rosto.

-Vocês estão sabendo que tem um bicho papão solto no Castelo?-Perguntou Herbert bem alto, querendo chamar a atenção de todos na mesa.

E pareci que ele havia conseguido.

-Ohhh...por Merlin!!!- Julliane gritou ao reclinar-se sobre a mesa.

-É sim...Thomas disse que ele foi para o lado dos grifinórios!!!- Respondeu Herbert, fazendo menção com a cabeça para o mesa dos grifinórios.

-Podemos ir atrás deles, para treinar um pouco- Sugeriu Eduard Village, que estava sentado bem de frente ao Westy.

- O que acha da idéia Anita? – Perguntou Herbert querendo puxar papo com a jovem Stock.

-Creio que já que os grifinórios são tão...corajosos...eles podem lidar muito bem com isso sozinhos! - Disse sem humor nenhum.

-Credo, Anita...vai dizer que não quer ver o bicho de perto?- Perguntou Village.

-Não...odeio bicho papão!!!- Falou abrindo outra folha do jornal.

-Eu também. - Concordou Julli depressa.

-Não se preocupem garotas, eu cuido de vocês...- Disse Westy abraçando as duas.

Anita aproveitou o momento para afastá-lo de perto dela.

-Não preciso de sua ajuda Westy...- Ralhou Anita revirando os olhos e se afastando dele.

-Tudo bem, alguém está de mal humor por aqui...-Brincou Westy pegando uma fruta e saindo.

-Não precisava de tanto Anita!!!- Brigou Julli cruzando os braços. Quando Westy saiu do campo de visão das duas.

-Aham...Você sabe que não suporto ele!!!- Anita balançou a cabeça em desagrado.

-Sei não...As vezes você pareci até outra pessoa...-Julli olhou-a horrorizada.

Anita riu.

-Que bom que você acha engraçado!!!- Respondeu a outra corvinal.


***

Anita andava pelas masmorras sorrateiramente, ela estava indo ao encontro de Snape, e suas pernas ficavam trêmulas só de pensar em encontrar um bicho papão rondando por aí. Mas estava aliviada ao pensar na idéia daquele bicho ter indo em direção da torre dos grifinórios e não para as masmorras.

E como de costume, ela deu três batidas na porta.

-Professor Snape?- A sua voz estava aparentemente normal.

Sem resposta. Ela ficou muito nervosa com a ausência daquela voz grave, forte...esse era o som reconfortante da voz de Snape.

-Professor Snape?- Ela chamou um pouco mais alto ao dar as três batidas na porta.

-Professor Snape? - Anita sentiu-se mal com a demora dele. Sua voz tremeu.

“Talvez Yaxley estivesse aí...”-Pensou afoitamente.

“Ele poderia ter comprido a ameaça..” - Sua perna tremeu.

-Professor Snape? - Anita gritou o mais alto que pode e deu as três batidas mais fortes que pode.

Sem resposta.

-Professor Snape...Abra, por favor!!!- Ela bateu forte e continuou a espancar a porta até os seus punhos doerem.

Ela poderia até sangrar. Não pararia até ouvir a voz dele. Se a porta fosse de vidro, teria quebrado por inteira. Diante da insistência da moça.

-Professor Snape...Abra, por favor!!!- Ela implorou seus punhos latejavam.

Até que a porta finalmente abriu.

-Está louca senhorita Stock? - A voz grossa e firme não a enganaria.

Era ele...

Ela suspendeu a respiração.

Ele olhava-a com a cara fechada e os braços cruzados, visivelmente irritado.

- Entre. – Pronunciou mortalmente.

-Que escândalo foi esse? -Perguntou alto com a sobrancelha levantada.

-Eu...- Ela balbuciou sem graça, deveria ter parecido uma louca.

-Deixe-me ensiná-la...você bati na porta e espera a pessoa vir atender...Pareci simples, não? - Perguntou sarcasticamente.

-Se a pessoa não aparecer...você vai embora, ao invés de ficar gritando na porta dela...como se houvesse acabado de fugir do St. Mungus. - Respondeu acidamente. Estreitando os olhos de tanta raiva.

-Desculpe-me- Ela murmurou zangada pela repreensão dele.

-Por que demorou tanto a abrir a porta?- Perguntou cruzando os braços, agora ela estava com raiva dele.

-Estava fazendo algumas poções...precisava de concentração. - Respondeu mais calmo.

-Não precisava ter sido tão estúpido, Severo...Eu estava preocupada com você...demorou muito a atender a porta!!! - Afirmou ela, cruzando os braços e sentando no sofá, sem olhá-lo no rosto.

-Eu não queria ter sido...grosseiro - Respondeu ele mais calmo.

Snape poderia ter atendido logo a porta, mas não quis fazer isso. Ele estava pensando em Anita e Yaxley, e a idéia estava lhe deixando maluco, estava arrancando o seu sono e o seu humor totalmente. Ele estava uma pilha de nervos, e naquele momento, ele preferia não vê-la.

“É fácil saber, é só ler a mente dela.”- Uma voz lhe disse mentalmente.

Ele fechou os dois punhos. Não poderia fazer isso, havia feito uma promessa. Iria cumpri-la até o final (ou não...). Queria se afastar de Anita para pensar, o contato com a pele dela, com o seu cheiro, prejudicava a sua razão. Precisa se afastar dela para pensar. Mas ela gritava e berrava do outro lado da porta. Batia com força. Havia temor em sua voz. Snape não resistiu diante do desespero da corvinal. Foi vencido. Abriu a porta.

-Quer ajuda com a poção???- Perguntou Anita, que aparentemente havia lhe desculpando pelo seu mal humor.

-Pegue um pouco de sangue de salamandra pra mim- Disse ele voltando a mexer no caldeirão.

-Está no armário dos fundos...-Disse ao observá-la de rabo de olho. Ele estava fingindo estar concentrado, mexendo no seu caldeirão.

-Severo, você precisa arrumar esse armário...Ele está imundo!!- Anita colocou a mão na boca para tentar segurar a tose, mas foi em vão...

-Acho que devia tirar esses vidrinhos daqui...está muito úmido, pode estragá-los!!!- Sugeriu Anita.

-É para ser úmido mesmo...- Disse Snape revirando os olhos.

-Não estudou que raminha brasileira do campo precisa de umidade...-Disse aborrecido.

-De umidade, sim...mas não de sujeira...está imundo, isso aqui!

-Olhe!!!- Ela mostrou o dedo cinza de fuligem para ele.

-Já pegou o sangue de salamandra?- Perguntou arqueando as sobrancelhas, visivelmente irritado.

-Eu acho que encontrei...está aqui no fundo.-Ela falou alto.

Anita esticou a mão para pegar o vidrinho, mas sem querer ela tocou em algo que parecia substancial. Ela se assustou e desequilibrou, caindo para trás...

Foi então que ela viu Yaxley na sua frente, ele estava forte e poderoso, com da ultima vez que ela o havia visto. As mesmas feições cruéis e duras. Ela gritou.

-NÃO!!!!!!

***

Snape estava fatiando as lagartixas para a sua poção de redução, precisava repor o estoque, não gostava de ficar sem suas poções. Principalmente as mais simples e urgentes. Isso o incomodava profundamente.

Mas a sua concentração foi interrompida, por um grito de que ecoou por toda a sala. Era Anita...

-O que está acontecendo dessa vez? – Murmurou aborrecido.

Snape entrou na sala com as suas vestes negras esvoaçantes, a varinha em punho, todos os seus reflexos ativos esperando pelo pior. Ele viu Anita jogada no chão, tentando rastejar, ela gritava e chorava de pavor diante da figura tenebrosa de Yaxley. Ele a olhava e sorria, mostrando os dentes amarelados, sua expressão cruel e tenebrosa.

Mas não era Yaxley, ao menos não o verdadeiro...

Era um bicho papão.

Snape passou na frente de Anita para protegê-la, suas vestes negras eram o escudo dela.

O bicho papão transformou-se na forma de Anita...morta.

Ele estremeceu, seu pior temor havia mudado...

Teve de pensar rápido. Não estava preparado par isso.

-Ridículus- Ele encarou o bicho e debochou do seu pior temor...

O bicho papão se transformou numa grande boneca de porcelana, rachando-se e quebrando-se ao meio. Agilmente, ele pegou Anita do chão e colocou no sofá.

-Severo...Eu tive tanto medo...-Ela tremia nos braços dele.

-Está tudo bem...-Snape garantiu tranqüilizando-a ao passar a mão pelos cabelos dela.

-você tem medo de me perder, Severo?-Ela disse já mais calma, sua voz estava surpresa.

-É...parece que meu bicho papão mudou...-Ele falou sarcasticamente ao pensar como estava envolvido com ela.

-Anita...Eu tenho de perguntar...-Ele olhou nos olhos dela e estremeceu, a ocasião era perfeita.

-Por que o seu bicho papão é o Yaxley?- Ele olhou-a seriamente, avaliava cada expressão do seu rosto pálido.

-Eu quero contar uma coisa a você. Ela fechou os olhos e começou a falar:

-Quando eu era criança...eu tinha uma amiga chamada Lenorah Kiel...-O nome pareceu queimar a boca dela e Anita teve de engolir para poder continuar – ...Ela morava muito próximo a minha casa...E nós brincávamos juntas...Mas um dia, houve um ataque...Yaxley e outros comensais mataram os pais dela...- Anita colocou as mãos no rosto e chorou- Ela era uma criança, apenas uma criança....ela era uma menina boa....-Anita tirou as mãos do rosto e o encarou para continuar- ...Mas, apesar de Yaxley ser amigo da sua família...Yaxley matou a mãe dela, o seu pai e...estuprou e matou ela...Severo...Eu...era...sou...ohhh...

Anita abraçou-o violentamente e sussurrou no ouvido dele fracamente

-Por favor, não me peça para continuar.-Ela implorou entre lágrimas

-Não precisa...-Ele respondeu chocado com aquilo tudo que ela lhe contara.

-Está tudo bem, Anita... - Ele levantou o rosto dela com uma mão- ...Não vou deixar que ele machuque você...-A firmeza dos olhos negros deram segurança a ela.

-Obrigada. -A corvinal murmurou baixinho, apoiando-se nele.
***

continua...

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