domingo, 14 de junho de 2009

Fic de Lia Snape

Nome da fic: Três
Autor: Lia Slytherin Snape
Censura: 18 anos
Gênero: Drama, Romance
Spoilers: Nenhum
Avisos ou Alertas: Violência, sexo explícito
Desafio: “2 – Aproveitando que Hogwarts está vazia com o recesso escolar, Sirius, o novo professor de DCAT decide tomar um banho no lago. Rita Skeeter, que estava rondando a escola, flagra o animago no momento em que ele sai nu do lago. Dumbledore, na tentativa de conter o assédio designa Severus para fingir ser o “companheiro” de Sirius. O que acontecerá quando Severus descobrir que há mais em Sirius do que ele demonstra? E Sirius, conseguirá ver e descobrir o que Severus esconde sob suas vestes negras?"
Resumo: A obsessão de Rita Skeeter por Sirius transforma a rixa entre o animago e Snape em uma relação inusitada.
Notas: Agradecerei comentários e críticas !
Agradecimentos: A todos os leitores e o pessoal do grupo Snape Fest.
Disclaimer: Todos os nomes e personagens que você consegue reconhecer são de JKR, os outros são meus.

De pé à beira do Lago Negro, Sirius observou a própria imagem refletida nas águas cintilando convidativas à luz do luar.

Há quantos anos o animago não punha os pés em Hogwarts – pelo menos sem estar foragido da Justiça?

O tempo e as agruras da vida transformaram o jovem Don Juan de sua época em um homem amargo e arredio. O cárcere injusto roubara-lhe a juventude e o frescor da mocidade, mas Sirius Black ainda era senhor e dono das lembranças dos melhores anos de sua vida.

Respirou fundo, ainda a mente enevoada pelas imagens do passado glorioso – lembranças que principiaram a lhe dar idéias.
Quando fora a última vez que experimentara a delícia da água gelada do lago envolvendo-lhe todo o corpo nu? Mordeu o lábio inferior, embatido numa luta interior.
Seria o cúmulo da infantilidade trocar a confiança de Dumbledore por alguns minutos de prazer.

A possibilidade lhe acenava, a imprudência soprando-lhe mil argumentos aos ouvidos.
Talvez pudesse se arriscar ! Nenhum aluno ficara no castelo durante as férias. Àquela hora, Filch certamente se entocara no quarto de dormir, enquanto o guarda-caças por certo roncava alto demais para perceber qualquer anormalidade fora da charneca.

“Ora... Só um mergulhinho em nome dos bons tempos, que mal tem? A gente só se fode na vida, nenhuma diversão...!” – Disse com raiva, arrancando a camisa, afoito, a jeans caiu a seus tornozelos, num barulho macio.

Detrás do grosso tronco do velho carvalho, a repórter apurou as vistas, procurando um melhor ângulo para espionar o homem que seguia desde o instante em que ele deixou o castelo e se esgueirou feito um ladrão no rumo da floresta.

Nu, como viera ao mundo, ela assobiou baixo, os olhinhos de besouro admirando cada milímetro do corpo do homem grande e esguio. Sirius deu um pique e se atirou às águas escuras e frias, emergindo rápido, filetes translúcidos escorrendo pela pele alva, arrepiando-lhe os pelos.

Por ocasião da adolescência de Skeeter e Black, vivida em Hogwarts, o grifinório não selecionava as garotas com quem vinha a se deitar às margens do lago. Generoso, temperava a fornicação com doses de carinho, arremedo de namorico romântico.
Não fazia caso de cor, raça ou tipo físico. Bastava demonstrarem desejo de estar com o rapaz e ele devorava-as todas. Nenhuma teve do que se queixar – Exceto, talvez, pela única que o animago desprezou. A loirinha de rosto pustulento e óculos fundo de garrafa não era um modelo de beleza, mas até comível, em vista de outras bem piores que Sirius cobrira na calada da noite. Mas o apetite desesperador para fuxicar a vida alheia, bem como o modo ostensivo como se oferecia o enojavam.

A recusa em possuí-la ainda era uma incômoda ferida aberta na auto-estima da jornalista, mesmo após mais de uma década. A paixão platônica da adolescência, permeada de rancor, adormecida pelo passar dos anos e distância, transformara-se num piscar de olhos numa obsessão. O safado estava vulnerável, ao alcance de uma denúncia – perderia o emprego, talvez até a liberdade novamente !

“ E ainda seria pouco !” – Rosnou entredentes, a mão manicurada numa cor berrante apertou a bolsa amarelo-gema. Dumbledore precisava tomar providências, ou os pais de alunos ficariam sabendo que um professor que não honrava o cargo nadava em pelo a um palmo do colégio de crianças !


A Travessa do Tranco parecia ainda mais terrível sob o céu fechado, carregado de nuvens cinza chumbo.
Era o único lugar onde Rita Skeeter não ousaria dar com os costados, nem mesmo sob a forma de besouro.

Snape e Sirius tinham plena ciência de que, na travessa de clientela duvidosa, qualquer descuido poderia ser o convite para encrenca com as pessoas erradas. Seguiram reto rumo ao bar, circulando discretos pela multidão de bruxos mal encarados que os espreitavam de rabo de olho.

Entraram rápido pela porta mal conservada, sobre a qual a tabuleta tosca oferecia refeições e bebidas. Tomaram os assentos que a garçonete trajando um capuz escuro lhes indicou, estendendo um dedo meio torto. Sirius mal moveu os lábios para pedir duas cervejas amanteigadas, a mulher se afastou em silêncio.

O padrinho de Potter vira como o sonserino mal tocara na cerveja amanteigada, o rosto mais pálido do que de costume.

Snape curvou-se levemente para a frente, diminuindo o tom, de modo a falar o mais baixo possível.

“ Vou direto ao ponto, Black. Não é segredo que pouco me importo com o que acontece ou deixa de te acontecer, grifinório. Mas tenho uma dívida de gratidão com Albus, dívida tão grande que nem se me desdobrasse em quatro, jamais poderia quitar. Somente por isso irei resolver o seu problema com Skeeter.”

O animago virou os olhos, em deboche. Custara, mas Dumbledore finalmente estava ficando esclerosado, observou, agitando levemente a garrafa na mão trêmula de nervosismo. A alcoviteira somente aceitara substituir Pincenez por ocasião da doença da bibliotecária não por camaradagem, e sim por identificar uma polpuda fonte de “furos” jornalísticos.

“Como um verme anti-social como você pode me ajudar a me livrar da sanha de nossa amiga carente, Sebosão? Se a alternativa ao escândalo nos tablóides for dar a ela o que ela quer, eu passo.” – Abana a mão no ar – “ Não achei meu pau no lixo... E nem tenho mais quinze anos, agora sou bastante seletivo.” – Sibilou, erguendo o sobrolho, a garçonete continuava encarando-os à distância, o trapo sujo insistindo em enxugar o mesmo copo numa repetição suspeita.

Snape tomou fôlego, apertando os lábios.

“ Sirius Black... a solução é muito simples... Você nunca teve tesão por mulheres tampouco conseguiu satisfazer mulher alguma porque é gay.” – Disse pausadamente, vendo os olhinhos caninos de Black se arregalarem em revoltada surpresa. Ato contínuo, arredou da cadeira, jogando-a para o lado, as mãos já voavam para o imaculado colarinho do Mestre em Poções.

“Comeu merda, perdeu a noção do perigo?” – Gritou, mas tudo o que lograra com o triste espetáculo fora chamar a atenção dos transeuntes para sua presença. Snape, entediado, chiou entredentes que voltasse a seu lugar e calasse a boca.

“ Se conseguir raciocinar como humano – ao menos tentar esquecer os instintos de cão pulguento ! – Conseguirá compreender que a idéia de Albus foi brilhante. Se Skeeter, por vingança, ao saber que tens um amante, publicar isso nos jornais, nenhum dos pais de alunos acreditará. Muitos deles estudaram conosco, logo conhecem sua fama de predador de mulheres.” – Pigarreou, num movimento seco soltando-se das garras do agressor. Espanou as próprias vestes com as mãos, num gesto de desagravo a Sirius, antes de tomar assento. Black continuou de pé, com ar abobado.

“ Hum... Está bem... Mas e daí? A idéia é essa, mas como prosseguiremos?”
“Primeiramente, sente-se.” – Severo disse em tom imperioso – “ Já atraímos atenção o suficiente, ou você quer arranjar uma briga com esses bruxos de caráter duvidoso?”

Black deu de ombros, irritado, mas obedeceu. Resmungando, tomou um longo gole da cerveja. Snape fungou e retomou do ponto de onde parara.

“ Se for deliberadamente procurá-la para se confessar, o tino profissional dela recusará a idéia de pronto. – “Ponderou, veeemente – “ Ela precisará dar o flagrante, vê-lo com outro homem em situação, digamos... comprometedora.”

Sirius soltou uma risada pelas narinas, incrédulo. Nenhum homem prestaria-se a um papel daqueles...! Quem seria o louco que concordaria com o teatro vergonhoso?

Snape ergueu uma sobrancelha, muito sério.

“Eu.”

O tiro poderia sair facilmente pela culatra. As aulas já haviam começado, Hogwarts via-se de novo lotada de estudantes. Bastaria um deles testemunhar o encontro noturno dos dois homens na floresta e não haveria no mundo desculpa que impedisse um escândalo ainda maior do que o que Rita ameaçava causar.

Severo estendera o alcochoado sobre a relva e deitara-se de lado – Ao contrário de Sirius, não demonstrava nenhum pudor em exibir o corpo nu.

“ Ei... Não quero ver essa piroca Sebosa, Snape... Tapa essa porra aí, se pensa que intenciono dar algum toque realístico a essa brincadeirinha, tira o cavalo da chuva.”

Sirius guardara alguns metros de distância de Snape, mesmo de costas, uma das mãos cobria o sexo, a outra segurando o Mapa do Maroto. Desconfortável psicologicamente, via-se incapaz de sustentar o olhar do homem despido.

“ E se, ao invés de Rita, outra pessoa passar por aqui?” – Black gaguejou, subitamente alarmado com a probabilidade, apurando as vistas na direção do castelo. A noite lhe parecia serena demais para seu gosto...

Snape suspirou de enfado e se virou de bruços, as nádegas brancas roliças apontando para o céu.

“ Não sei porque ainda me admira sua insipidez, se grifinórios são sempre obturados mentalmente... !”

E Sirius não poderia sair diferente dos seus. Então não notara que a garçonete de capuz na Travessa do Tranco era a professora Loleatta Perkins.

“ Com poção polissuco atochada até o rabo... Muy amiga de Skeeter. Conheci pela voz....”

Severo empregara oportunamente um feitiço não verbal que a fizera escutar somente o que era necessário para que o plano vingasse. Sirius engoliu em seco. Tinha de admitir que Snape era dono de uma ótima presença de espírito.

O Mapa do Maroto indicava que Skeeter deixava o castelo naquele instante – a legenda que a identificava acercava-se da Floresta muito rápido – claro sinal de que vinha na forma animaga.

“ Vamos, Black... Deite-se aqui... Se não quiser ser obrigado a comer a futriqueira, acho bom parecer convincente...” – Severo deu uma palmadinha no acolchoado. Sirius pestanejou, mas jogou-se ao lado do homem, trêmulo. No impacto, os sexos se roçaram levemente, Snape estremunhou, Black o notou, congelando de pavor. Um silêncio constrangedor se abateu sobre os homens.

“ Chegue mais perto.” – Snape ciciou, ao ouvir o zumbido alto se aproximando, jogou a perna sobre a cintura de Sirius, estreitando-o contra si, sem aviso prévio, colou a boca à do outro homem. O odor levemente almiscarado dos cabelos escuros de Severo pareceu intoxicar-lhe o sangue, Black permitiu-se pegar molemente, sem protestar, a língua abrindo-lhe a boca e sugando sedenta, mãos fortes de homem apertando-lhe as nádegas.com urgência.

Se não fosse pelo grito providencial da mulher, não saberia se teria libertado-se do jugo do safado. Virando-se para ela, aturdido, pensou que jamais lhe passara pela cabeça que um dia agradeceria a Merlin pela presença de Rita.

A animaga corara até a raiz dos cabelos, a boca aberta para quase rasgar, num ricto de dolorosa surpresa. Então não se tratava de conversa fiada, inveja de Lola Perkins...

Irada, avançou até os dois, se jogando de joelhos para acertar o animago com a frasqueira verde-limão. Snape, posando de dono e senhor do outro, tomou-lhe as dores.

“ Tire suas patas do meu homem, sua racha malcheirosa.” – Disse entredentes, a medindo de alto a baixo com nojo.

“ Sirius é gay, sim, qual o problema? Ele era moleque e só comeu aquelas infelizes para dissimular a verdadeira orientação sexual...” – Snape ergueu-se rápido, puxando um atordoado Black pelo pulso. Os olhos de Skeeter estavam quase do tamanho de pires quando ela os pousou na ereção de seu objeto de desejo – era o sinal decisivo de que ela interrompera o colóquio do estranho casal...Recuou dois passos, pestanejando afetadamente.

Mas por que, mesmo após aquele espetáculo dantesco, a intuição feminina e seu instinto de jornalista ainda gritavam por cautela?

“ Eu... ainda não acredito !” – Bateu o pezinho calçado de cetim no chão, num gesto de birra infantil. – “Não, não e não ! E isto ainda não acabou !” – Avisou, o indicador apontando-lhes em sinal de ameaça. As dimensões do corpo diminuíram rápido enquanto retomava a forma de besouro e sumiu voando na escuridão da floresta.


O assunto em pauta no chá das cinco nos aposentos da professora Loleatta Perkins venderia feito água acaso publicado n´O Pasquim.

Na verdade, a mestra tinha muito mais o que fazer do que perder tempo com os fuxicos da amiga, escusou-se Lola, despejando mais chá fumegante na xicrinha rosa florida. Contudo não conseguiria dormir em paz se sua boa amiga permanecesse na ignorância.

“ Vamos... pare de choramingar, mulher, e me escute !” – Estendeu um lencinho à loira, cuja maquiagem já se derretera, escorrendo dos olhos inchados numa feia linha negra.

Então Skeeter não sabia que não eram poucos os que dariam uma perna ao demo se fosse mesmo verdadeira a ligação de Snape e o ex-presidiário?

Dolores Umbridge, por exemplo, nunca desistira de retomar a direção de Hogwarts, vislumbraria no escândalo uma oportunidade única de afastar Dumbledore de Hogwarts.

“ A questão não é serem gays e namorados... E sim treparem a um passo de um colégio de crianças !” – Loleatta bateu a xícara no pires, estufando o peito de pomba, afetando um prurido moral que ela mesma não possuía. Rita trincou um biscoito nos dentes, nervosa, quase saltitando na poltrona fofa.

“ Mas... o que devo fazer? Ora vamos... Não é justo ! Ele meteu em fulanas muitos mais escrotas do que eu !” – Deu um tapa no ar, sacudindo os cachinhos do cabelo platinado – “É tão óbvio que o Morcegão e Black não têm nada um com o outro ! Eu lembro muito bem de como as vadiazinhas ficavam satisfeitas com as habilidades do cão sarnento ! “ – Bufou, recordando-se dolorosamente de como as outras lhe faziam inveja, vindo contar em detalhes as peripécias à beira do lago.

A língua de Black, tão úmida e quente, sugava-lhes a lubrificação da vagina com uma sede louca... E o modo como as penetravam? Não, senhora, nenhum gay as possuiria com aquela disposição !

Loleatta deu de ombros. Parecia que Rita era daquelas que não reconheciam a verdade nem que ela lhe mordesse o nariz.

“ Já que é isso o que você pensa, só vejo um meio relativamente seguro de termos certeza de que não estão blefando.” – Perkins sorveu o chá floral fazendo um ruído deselegante. Rita alinhou a postura na poltrona estofada, pressurosa.

“ Peça-os para fazerem na sua frente.” – Loleatta estreitou os olhinhos caídos.
A animaga bateu com o joelho na bandeja do chá, num movimento involuntário de pavor. A outra abanou a cabeça, ondeando a varinha para limpar o líquido derramado.

“ Por mais que ele não tenha tesão em você... Tanto asco à sua pessoa a ponto de preferir um macho... aí, realmente, é caso perdido.”

Sirius bateu o giz no quadro negro, ao término da frase. O único som em sala de aula era o do arranhar nervoso das penas dos sextanistas.

As mãos nos bolsos, assobiou baixo, concluindo em silêncio que haviam se passando quarenta e oito horas sem que a fofoqueira tornasse a ciscar em torno dele.

“ Pau no cu de Merlin se finalmente não arranjou outro desafortunado para importunar !” – Pensou, embora uma pontinha de dúvida ainda martelasse-lhe a consciência. Por que seu sexto sentido continuava o mantendo em alerta?

“ Professor Black !” – A voz de Hermione Granger o trouxe de volta à realidade. Mione apontou a coruja que pousara na mesa do mestre, estendendo a pata onde jazia, bem amarrado, um pequeno pedaço de pergaminho. Sirius correu a desenrolá-lo com os dedos tremendo, pressentindo o pior, correu os olhos pela caligrafia miúda e bem feita.

“ Terá de fazer melhor do que aquilo se quiser me convencer a não denunciá-lo nos jornais. Se for de seu interesse evitar um escândalo grande demais para você e esta escola que tanto ama, encontrem-me, tu e Snape, em meus aposentos, hoje, às vinte e duas horas.
PS: Se ignorar-me a mensagem, considerarei como um sinal verde para fazer o que deve ser feito.
Ass: Uma amiga.”

Apoiou-se à cadeira, o coração batendo tão acelerado que era de se admirar que as crianças não o ouvissem.

Hermione Granger perguntou-se quão funesto seria o conteúdo da mensagem, dada a lividez do rosto do professor. Se ele não houvesse se sentado, certamente cairia com tudo no chão.

Ron Weasley pôs a pena de lado e cotovelou Potter, antes de debruçar-lhe aos ouvidos para cochichar.

“ Se quer saber, o seu padrinho e Snape andam de muitos segredinhos. Se eu fosse você, fugiria para as montanhas.”

A alcova sem janelas de Snape era tão deprimente quanto ele próprio. Pairava no ar um odor de plantas e bichos secos – muito diferente do perfume que Black aspirara da pele amarelada do sonserino. Recinto tenebroso, mas o único seguro, à prova de Rita.

Quase às lágrimas, Sirius repetira pela terceira vez o teor da carta de Skeeter a um apático Severo.

O sonserino cruzou os braços, tremelicou as pálpebras sutilmente, num gesto sensual, quase feminino, antes de erguer o olhar escuro à Sirius.

“ Agora que a situação chegou a esse ponto, seria mais fácil abrir o jogo, confessar que mentimos e simplesmente ir para a cama com Skeeter.”

“ Você não está entendendo !” – Sacudiu o pergaminho quase no rosto de Snape, exasperado – “É uma questão de orgulho ! Não é só porque sou homem que não tenho o direito de me negar ! “

Severo fez um meneio positivo. Alguém ali tinha de manter a lucidez.

“ Neste caso... Faremos o que ela quer. Apresse-se. Eu não provocaria aquela cadela no cio.”


Por um lado, a presença dos dois homens nos aposentos da bibliotecária, conforme o combinado, era quase uma confirmação da homossexualidade do ex-prisioneiro de Azkaban, afligiu-se Skeeter, olhando de um para outro. Black agitado, com cara de quem ia para o abatedouro, e Snape sustentando o olhar da loira com uma expressão desafiadora.

“ Este silêncio está ficando constrangedor !” – Rita deu um tapa no ar, tentando esboçar um meio sorriso, cruzou as pernas excessivamente brilhantes, enfiadas nas meias de seda champagne. – “ Na verdade, eu...”

“ Quer que façamos sexo na sua presença.” – Snape cortou, torcendo a boca numa expressão de pouco caso. – “ Muita vulgaridade termos chegado a esse ponto, contudo, se for necessário para que a senhorita se coloque em seu lugar...” – A voz sumiu na garganta quando mãos grandes de Sirius agarraram-lhe o rosto magro. As pernas de Snape bambearam no instante em que a língua do antigo inimigo procurou a dele. Em definitivo, aquele não era um beijo técnico.

Não viam mais Rita Skeeter, seu tailleur amarelo-ovo, ou as caras e bocas risíveis da foguenta. Estavam sós, entregues a uma volúpia intoxicante, maior do que o medo, do que os conceitos que ambos trouxeram desde sempre.

Desta vez era Snape quem estava sob comando dele, Sirius sorriu saboreando uma embriagante onda de poder, ao soltar-se do pretenso amante.
Severo, afinal, era um menininho frágil e pagaria caro por tê-lo contaminado com seu cheiro, o calor quase febril da pele macilenta. O sonserino o empurrara à beira do abismo, era sua culpa se não conseguia parar de pensar naquela maldita noite à beira do lago.

“ Vai ter o que merece... Eu vou acabar com você, Seboso...” – O homenzarrão disse, partindo para cima do outro com os dentes rilhados, numa mescla de ódio e desejo.
Snape tentou recuar, mas estava em desvantagem física. Foi agarrado pela cintura, pelos braços que eram duas tenazes.

“ Vai arriar as calças ou terei de rasgar?” – Black vociferou, já o puxando pelo cabelo, Snape teve a certeza de que tudo o que precisava naquele momento era dos nós dos dedos de Sirius o golpeando até que não tivesse um centímetro sequer de pele sem hematomas... Mas a resposta que saiu, num gemido, foi exatamente outra.

“ Terá de me matar se me quiser tomar à força.” – Arrulhou, o peito subindo e descendo. O ex-prisioneiro afrouxou a pressão e afastou-se cambaleando, afundou os dedos no cabelo alvoroçado. Por que não conseguia parar?

“ Não diga que não avisei !” – Urrou, atirando o sonserino ao chão, os ossos estalaram dolorosamente em contato com o piso duro. Rita Skeeter prendeu o fôlego contemplando Black se jogar sobre Snape, comprimindo-lhe o rosto contra o assoalho.

Ela precisava ver até onde aquilo iria... Ou, até quando seus nervos suportassem !

“ Está bem, está bem, chega, Black, seu desgraçado...” – Snape implorou, sem nenhuma convicção do que dizia, a respiração quente de Sirius na nuca, sentia-se desfalecer sobre o peso do macho irritado. As calças foram arrancadas com tal força que deixaram vergões vermelhos nas coxas. Num puxão, Black o pusera de quatro, as nádegas apontando para cima.

“ É, seu rabinho até que dá pro gasto... Vamos ver se precisa ser recauchutado.” – Riu como um delinqüente, mechas do cabelo desgrenhado grudadas à testa, emprestando-lhe um ar de louco.
Snape só foi se dar conta de que havia ido longe demais quando uma coisa lisa e úmida tocou-lhe a entrada do ânus e forçou penetrar.

“ Porra... EU DISSE QUE CHEGA ! PÁRA, CÃO DESGRAÇADO !” – Contraiu o corpo, as comissuras do ânus esticadas violentamente, ardendo.
As vistas nublada de dor, arregalou os olhos ante a visão de Rita Skeeter sentada no chão à sua frente, saia arregaçada até os seios, as coxas muito brancas afastadas exibindo as dobrinhas rosadas sombreadas externamente por uma fina penugem dourada.

A visão fez algo agitar-se entre as pernas do ex-comensal da morte. Ela estivera friccionando a pequena pérola da ostra – Snape percebera pela umidade visível apesar da penumbra – e ele tivera uma vontade irresistível de provar daquele licor, talvez isso fizesse diminuir o ardor no traseiro bombardeado pelo membro de Sirius.

“ Cachorrinho de madame, é disso que você gosta, de lamber mulheres?” – Exclamou o homem no papel ativo, já ofegando mais pesado, com a proximidade do orgasmo. Rita apertava o rosto de Snape contra si – Atordoado, ele não era capaz de identificar o que mais lhe agradava, se era a textura da vagina ou a dor lancinante que quase o rasgava ao meio – deliciosa dúvida !

Tão logo Sirius esvaiu-se dentro de sua presa – derramando uma profusão de blasfêmias e insultos contra Snape, agonizando de prazer – O sonserino desengatou-se dele e foi se atracar com a loira, a essa altura desfalecida no chão. Despindo-a do incômodo que era a última peça de roupa – indumentária de cor tão escandalosa quanto ela própria – era todo dedos e língua por toda a extensão do corpo níveo. Ainda cansado do embate, Sirius deixou-se ficar assistindo de camarote o espetáculo da felação – Rita abriu a boca sequiosa e úmida para engolir a rigidez que o professor de poções oferecia.

Skeeter tinha fome daquela carne túrgida, mugiu Snape, que a segurava pelo cabelo alvoraçado, ditando o ritmo da carícia oral. Ela não era a primeira a brindá-lo com aquela prática, mas mostrava-se uma adepta prendada.

“ Espera... hmmm.” – Muito embora a boca de Rita fosse um abismo irresistível, Severo simplesmente precisava investir em outra frente de combate. Ergueu-se, a levantando por um braço e a sentou na escrivaninha, abrindo-lhe as pernas com uma mão. A altura era ideal para penetrá-la a seu gosto. Foi aprofundar a estaca pulsante até o âmago, a bibliotecária cravou-lhe as unhas nas costas

Sirius resmungou alguma coisa contra o casal, soerguendo-se e indo ter com os dois, não querendo ser excluído da festa, foi esfregar o pênis nas nádegas de Severo.

“ Qual é, Seboso... Desde quando você gosta de boceta? Do jeito que seu cuzinho apertado abraçou meu caralho... Não mete essa !”

Sirius disse, se rindo, e aguardou a resposta, que não veio. Um incômodo fio de ciúmes foi crescendo-lhe no peito – Mas ciúmes de quem? Rita parecia ter se esquecido de como toda aquela pendenga começara. O Ranhoso, que tanto o provocara, e rebolara gemendo gostoso na ponta de sua lança, também não lhe dava atenção. Diabos, era outro truque, uma tática engenhosa para despertar-lhe o interesse !

“ Muito esperto, remelento.” – Black tentou separar os dois, com um safanão em Snape – “Mas o macho, o comedor aqui sou eu. Vocês dois só tem o direito de levarem pica e ainda dar graças a Merlin por isso !” – Atalhou, arrotando prepotência.

A dupla continuava grudada um ao outro, sacudindo-se num estertor de gulodice, como se houvessem nascido um só. Sirius, colocado de lado, mordido de ciúmes, teve de empurrar Snape longe e ocupar-lhe o lugar nas entrepernas de Rita, que se furtou, ofendida, fechando as coxas e se afastando com cara de nojo.

“ O que é isso, sua vadia oferecida? Pára de fazer doce. Se pensa que com esse charminho vai me conquistar, tira o cavalinho da chuva ! Todo esse escarcéu foi porque você queria meu pau, agora você vai ter, queira ou não !”

“ Por que tinha de vir até mim agora, de livre e espontânea vontade?” – A mulher afastou-se mais quando ele avançou. O jogo perdera toda a graça, queixou-se ela, abaixando-se para recolher as peças de roupa espalhadas pelo piso, bandeiras de guerra, resquícios do embate. O grifinório pestanejou, confuso.

“ Não fode, solteirona ! Vai regular a mixaria? Ta bom...”

Snape ignorou o show de ciúmes, como se não ouvisse o homem que o possuíra, tomou tomou passagem até Rita. Afagou-lhe os bucles desfeitos no cabelo platinado, com requintes de namoradinho, roçando o nariz aquilino no narizinho arrebitado da atrevida, sorvendo-lhe um beijo chupado. Por que ela permitia-se ser pega pelo sujeitinho mirrado, sem corpo, arreganhava os dentes e as pernas para Snape?

“ Querem saber? Fodam-se os dois !” – Black rosnou, arrepanhando a jeans amassada a um canto, inflamado de despeito. – “Você faça o que lhe convier, Skeeter. Quer botar a boca no trombone e dizer que a peguei à força, fique à vontade ! Eu não tenho mais estômago pras suas esquisitices, seus anormais !

Amanhecera rápido demais. Uma nesga de sol dourava a barba matizada de grisalho do homem enrodilhado na cama em desordem.

Sirius rolara de um lado a outro a noite toda, incapaz de conciliar o sono decentemente, assombrado pelo sentimento vergonhoso que o prostrava.

Que sensação cáustica eram os ciúmes... Mas de quem? Severo ou Rita?

Sentou-se, sonolento. Chorara como uma criança no silêncio solitário da madrugada, agarrado ao travesseiro. As garotas um dia brigaram por ele, disputando-lhe a atenção, e agora, uma mulher e um homem o desprezavam.

Seria possível estar apaixonado por duas pessoas?

Decidido a não ficar se atormentando, seguiu ao lavabo pequeno, fungando. Não podia demonstrar fraqueza perante o Seboso e a Besoura... Despiu-se cuidadosamente e entrou na banheira devagar. O estômago contraiu-se de rancor quando ocorreu-lhe que naquela manhã de Sábado haveria a visita a Hogsmead, onde ele e Snape seriam os únicos professores a acompanharem os alunos do primeiro ano. Como olharia nos olhos dele depois da noite passada?

“ Desgraça, a exemplo de bananas, só vêm em penca...” – Escondeu o rosto entre as mãos, emergindo na água morna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário