domingo, 13 de junho de 2010

Doll da Dani para fic "Estúpido Cupido"



Olhem que amor a doll que a Dani fez para a minha fic "Estúpido cupido". É absolutamente fofa! Obrigada, lindinha! *beijo*

sábado, 12 de junho de 2010

Art: Doll do Sev

Dani fez essa doll! Não é perfeita?

Fic: Estúpido Cupido (parte 1)

Título: Estúpido cupido
Autora:Magalud
Censura:PG-13
Casal/Shipper: HG/SS
Resumo: Os deuses perseguem Severus até depois de morto
Notas: Feito para o Fest de Dia dos Namorados do Snapefest Responde ao desafio de magalud: "Cupido ficou indisponível e Snape é "recrutado" por anjos (criaturas mágicas, não religiosas) para atuar como Cupido no Dia dos Namorados. Snape é quem tem que fazer as pessoas se apaixonarem!" Eu mudei um pouco o desafio. Imagem da deusa veio de uma pintura de Botticelli. Eu quase fiz um crossover, mas optei por não fazer. Ideias de Highlander e de Dead Like Me, A Morte Lhe Cai Bem. Agradecimentos às betas Chris e Shey
Disclaimer: Harry Potter, Severus Snape e todos os outros personagens pertencem a J.K. Rowling, seus advogados, e os engravatados da Warner Brothers. Eu não quero ter nada a ver com eles ou com a dinheirama que eles ganham com Harry Potter. Bom, é claro que eu aceitaria o dinheiro, se eles estivessem oferecendo.


Estúpido cupido


O ambiente era úmido e escuro, a temperatura sufocante. Não havia um vento ou brisa, e Severus Snape se arrepiou diante do lago escuro cheio de promessa de eventos terríveis. As árvores à volta do lago não tinham folhas, seus galhos eram retorcidos e secos. Não havia vegetação, pássaros ou mesmo insetos. Tudo à sua volta era desolação e danação.

"Então isso é o inferno", pensou, sombrio.

— Na verdade, isso é o Averno — corrigiu uma voz conhecida ao lado dele.

Severus se virou abruptamente, as vestes se movendo com fluidez. Albus Dumbledore sorriu.

— Olá, meu rapaz.

Severus ficou ainda mais desolado.

— Droga, Albus. Se você está aqui, para onde vão me levar?

— Na verdade, é para isso que eu estou aqui. Sua presença foi requisitada em outro lugar.

Um barco aportou naquele instante a uns 100 metros de onde Severus e Dumbledore estavam parados. Como por mágica, uma multidão se materializou, querendo embarcar. O barqueiro, um homem velho e muito magro, mas muito severo e enérgico, começou a selecionar os que entrariam no barco para atravessar o lago. Na multidão, Severus reconheceu o Lorde das Trevas, Bellatrix Lestrange, Charity Burbage, George Weasley, Remus Lupin e sua mulher Nymphadora, entre outros.

— Você não precisa entrar ali — disse Dumbledore.

— E vão todos para o mesmo lugar?

— Segundo a tradição, todos serão julgados por seus atos e mandados para os lugares onde devem estar.

— E eu não deveria entrar no barco?

— Caronte tem ordens para não deixar você entrar. Sua presença, como expliquei, é requisitada em outro lugar. Agora vamos.

Severus deixou a balbúrdia e a confusão dos que eram rejeitados pelo barqueiro do Inferno e seguiu Dumbledore. Ele não soube dizer como, mas de repente se viu numa sala de mármore, com Dumbledore, ao pé de um trono onde uma mulher lindíssima estava sentada, altiva, olhando os dois. Ela tinha o cabelo preso num coque elaborado e um adereço de pérolas na cabeça, vestia uma túnica branca coberta por uma capa vermelha, sandálias douradas nos delicados pés muito alvos. Nem Veelas puro-sangue eram tão formosas, tão cativantes ou cheias de graça. Seguramente, pensou Severus, aquela era a mulher mais linda que ele já vira na vida. E na morte, claro.

Dumbledore se curvou respeitosamente:

— Minha senhora, ele está aqui, a seu pedido.

— E você não revelou minha identidade a ele, Dumbledore?

— Não, senhora.

— Excelente. Você, Severus Snape, muito me intriga. Poucas vezes eu vi entre mortais um exemplo tão recalcitrante e tão profundo. Ao mesmo tempo, você cometeu atos terríveis. Meu pai não o considera suficientemente bom para os Elísios, e meu tio não acha que você deva ser enviado para o Tártaro, onde ficam os criminosos pela eternidade. Normalmente eu não me meto nesses assuntos, mas meu filho indisciplinado me obrigou a modificar os procedimentos para fazer os mortais se apaixonarem. E é aí que você entra, Severus.

Ele não estava entendendo nada.

— Sim, senhora.

— Sua missão é assumir esse posto. Você será contatado todos os dias para sua missão. Ganhará um novo corpo e instrumentos para fazer seu trabalho.

— Trabalho?

A linda mulher o encarou, uma expressão mista de enfado com urgência.

— Severus, eu sei que eu sou linda e estonteante, mas tente se concentrar, OK? Vamos deixar os rapapés de lado e falar claro. Você está ganhando a chance de fazer as pessoas se apaixonarem. Com sorte, isso vai ajudar a determinar seu destino na eternidade.

— Eu? Fazendo pessoas se apaixonarem?

Dumbledore comentou com sua senhora:

— Agora caiu a ficha.

— Mas o que isso fará de mim? Um... alcoviteiro? Casamenteiro?

— Não, casamento não é comigo, é com aquela mal-amada da Juno. Preferimos o termo Cupido. É o nome do meu filhinho. O garoto é indisciplinado, então tive que apelar para essas equipes avançadas pelo mundo dos mortais. No seu caso, que será apenas um cupido em teste, você só terá um supervisor. Normalmente as nossas equipes trabalham em grupos de quatro ou cinco. Um esquema semelhante de Anjos da Morte e Ceifadores de Almas, mas sem a parte macabra.

— Cupido? Então eu vou andar por aí de fraldinhas, com asas, e ainda por cima de arco e flecha na mão?

Ela soltou uma risada, um gorjeio magnífico e mavioso.

— Oh, Severus, querido, você é divertido. Não, lamento informar, mas você não terá asas até merecê-las. Adoro como meu filho continua com a carinha de bebê fofinho da mamãe...

Severus ainda estava um tanto quanto tonto com tudo aquilo. Se Cupido era o filho dela, então aquela mulher era...

Ela sorriu e era como se o Sol entrasse naquele lugar, de tão resplandecente.

— Sim, eu sou Vênus. Afrodite, Freya, Ishtar, Ísis, Astarte, Inana... São muitos nomes para mim. E agora você me foi emprestado para o seu teste. Papai Júpiter diz que ainda há esperança para você, mas se depender do tio Plutão, você vai pro inferno, mesmo. Então tente fazer o melhor que puder, está bem?

— Sim, Madame. Obrigado, Madame.

— Dumbledore, que me conhece desde que eu era pequetitinha, vai arrumar alguém para ajudar você a voltar para o mundo dos mortais. Essa pessoa pode explicar melhor os seus instrumentos de trabalho. Agora vá e saiba que você só voltará quando seu destino estiver selado.


o0o o0o o0o


Severus passou a maior parte de sua vida fingindo ser outra pessoa, então não foi problema para ele voltar ao mundo dos vivos e assumir uma nova identidade. Como de costume, eles usaram a identidade de uma pessoa natimorta e forjaram todos os documentos necessários para "construir" uma nova vida para Severus, cupido temporário.

O que Severus não estava acostumado era à época na qual vivia. Ele tinha sido designado para apaixonar casais e cuidar de corações no rastro da Segunda Guerra Mundial. Londres ainda se recuperava dos bombardeios nazistas, era grande a movimentação na cidade, e isso só facilitava a relocação de Severus. Ele alugava a parte de cima de um sobrado na zona sul da cidade e ofereceu-se para trabalhar numa botica perto de casa.

Mas o pior, o pior de toda sua nova vida, era o fato de ele ter sido reduzido a ser praticamente um Muggle. Ele só tinha os poderes relativos à sua missão. E ele não parava quieto. Aparentemente, a guerra Muggle só fizera os mortais mais sedentos de romance. E aí era o trabalho de Severus fazê-los se apaixonarem.

Felizmente, ele tinha ajuda e supervisão para fazer seu trabalho. O começo da relação entre os dois foi um tanto turbulento, mas depois de um tempo as coisas melhoraram, ao menos na opinião de Severus. Não que ele achasse tudo um mar de rosas. Um mundo tosco e grosseiro, onde até uma tecnologia rudimentar como o telefone era inconfiável, e no qual, para piorar tudo, Severus não tinha magia? Que Inferno poderia ser pior do que aquilo?

Severus não admitia, mas a presença de Ruth na sua pós-vida era muito animadora. Ruth era uma alma que não falava muito de si, mas era alegre, jovial e totalmente incapaz de se preocupar seriamente com alguma coisa — ao menos aparentemente. Severus aprendeu muito cedo a não perguntar sobre a vida de Ruth. Rapidamente os dois estabeleceram uma rotina. E tudo indicava que aquela manhã não seria diferente.

Snape estava errado.

Como toda manhã, ele deixou o sobrado e entrou no pub. Ruth já estava lá, como sempre, a pilha de pequenos papéis a seu lado. Ela limpava o balcão com uma toalha.

— Bom dia, dorminhoco.

Severus deu de ombros, sentando-se no balcão:

— Eu já me ofereci para chegar mais cedo.

— Eddie não chega cedo, e as panquecas dele são incomparáveis. — Ela passou para ele os papeizinhos e a xícara de chá. — Isso é o que tem para hoje.

Ele olhou os papéis, franzindo o cenho.

— Miller de novo?

— Reconheceu o nome?

— Essa cabeça-oca se apaixona toda semana, eu acho.

— Parece que ela é infeliz no amor, coitada.

— Isso eu não sei. Só sei que é persistente.

— Mas você não acompanha seus casos?

— Meu trabalho é fazerem se apaixonar. O que acontece dali para frente não é meu problema.

Ruth abanou a cabeça.

— É, rapaz, vamos ficar juntos muito tempo.

— Já que vamos ficar juntos muito tempo, você teve uma resposta do pessoal lá de cima?

— Não, por quê?

— Porque eu faria meu trabalho bem melhor se tivesse meus poderes de volta! Tudo seria tão mais simples com um Confundus, um Obliviate, um glamour, tantos feitiços úteis...

Ruth fechou a cara.

— Por isso é que os bruxos nunca são chamados para esses trabalhos pós-vida. Vocês são muito mal-acostumados.

— Mas se são feitiços úteis...!

Ruth suspirou:

— Olha, vamos ficar juntos um tempo e é melhor encarar os fatos de uma vez: você morreu. Aquela vida acabou, meu amigo. Até você aceitar esse fato, seus testes não vão começar de verdade.

— Os testes para saber para onde eu vou? Eles não começaram?

— Hades não acha você lá essas coisas como súdito, mas Zeus não quer você nem pintado de dourado. Já que nenhum dos dois concorda em dar a você uma segunda chance, sua sorte foi a Chefona ter gostado de sua história. Você sabe, o amor pela bruxa ruiva e proteção ao filho dela. Ah, as deusas te adoram.

— Você falou em Hades e Zeus, ao invés de Júpiter e Plutão. Prefere os nomes gregos aos latinos?

Ruth deu de ombros.

— Não é que eu prefira. É só questão de costume.

Um grito veio da cozinha e ela abriu um sorriso.

— As panquecas devem estar prontas.

Minutos depois, alimentado, Severus saiu do pub, olhou a lista de cabeças-ocas que iria se apaixonar naquele dia e pôs-se ao trabalho.

O amor estava no ar.


o0o o0o o0o


Não era um serviço que necessitasse de muito cérebro: Severus recebia o papel com nome e endereço do "alvo", ia magicamente até o local no horário marcado e tocava a pessoa. Era só isso: um toque e a mágica estava feita. Ele não entendia de onde surgira aquela ideia de flechas no coração. Provavelmente nem o Cupido original, filho da Chefona, usava isso.

Severus não tinha controle sobre quem se apaixonava por quem, e estava muito feliz com isso. Nada de ficar ouvindo gente choramingando por não ser correspondido, por ter sido abandonado, traído, trocado por um rival... Severus se irritava só de imaginar o rosário de lamentações. Ele deixara de pensar nessas coisas cedo na vida e não seria na morte que ele mudaria de hábito.

Ele tinha muito que fazer, pois embora não fosse vivo, ele tinha um corpo e precisava mantê-lo. Para tanto, tinha um emprego na botica para garantir o sustento. Em diversas ocasiões, porém, o trabalho na botica atrapalhava a atividade de cupido em treinamento. Além disso, ele era Muggle em tempo integral, e isso também atrapalhava suas tarefas mágicas.

Com o passar do tempo, os nomes dos papéis que Ruth lhe dava se tornaram conhecidos. Um exemplo típico era a já mencionada Srta. Miller. Nos papéis, ela era Miller, Sarah; e ela se apaixonava e desapaixonava com uma frequência alarmante. Havia épocas em que Severus jurava que a moça tinha por missão monopolizar seu tempo. Então ela conheceu George, e — que surpresa, pensou Severus, com ironia — apaixonou-se por ele. Só que o rapaz também se apaixonou pela moça. Depois de George, Severus nunca mais visitara Sarah Miller.

Depois de umas indiretas de Ruth, ele passou a dar atenção a alguns casos. Como o de Johnson, Rita. No primeiro contato, Severus viu a jovem e rica Rita se apaixonar pelo amigo do irmão, um soldado de nome Ed. Os dois ainda namoravam quando Severus tocou Ed e ele se enrabichou com Anne, traindo Rita. Quando Rita descobriu, não perdoou e expulsou Ed de sua vida. Anne, ao descobrir que Ed tinha trocado Rita por ela, ficou com medo que Ed fizesse o mesmo com ela e desmanchou tudo. Severus acompanhou Rita se apaixonar por Tom, um dos amigos de Ed, enquanto Anne descobria a felicidade amorosa ao lado de Gil, que conhecera num dos bailes da vitória dos Aliados. O destino de Ed foi se apaixonar por Rita, de novo. Mesmo tendo inúmeras namoradas, Ed não recebeu mais a visita de Severus e não conseguiu se apaixonar por mais ninguém.

— Rita era o grande amor da vida dele — comentou Severus. — Ele aprendeu a lição, mas já era tarde demais.

Ruth assentiu, colocando mais chá na xícara dele.

— É uma pena que nossas ordens sejam de não nos envolvermos na vida dos mortais. Se você escrevesse essas histórias de amor, ficaria rico!

— E o que eu faria com dinheiro? Nem vida eu tenho. Não, só quero que decidam logo o que farão comigo para eu seguir adiante.

Ruth sorriu para ele e passou os papéis para ele.

— Isso é o que você tem para hoje.

Severus olhou a lista e franziu o cenho.

— Algo errado? — perguntou Ruth.

— Aqui diz Potter. Eu conheci um quando era vivo. Aliás, conheci dois. Será que são relacionados com as pessoas que eu conheci?

Ruth o encarou.

— Isso vai ser um problema?

— Não sei. Acho que não. Não tinha pensado que encontraria conhecidos.

— Mas eles não conhecem você. Eles conhecem Severus Snape. Seu nome agora é Connor MacLeod. Não se esqueça disso.

— Eu sei, mas ainda assim... É estranho.

— Seu primeiro compromisso é daqui a pouco. Melhor se apressar. Amanhã falamos sobre isso.

— Amanhã é domingo. Tenho folga na botica.

— E você faz seu próprio café?

— Não, vou para outro pub. Quer marcar um encontro lá?

Ruth riu-se:

— Ah, querido, assim vão pensar que temos um romance. Mas aceito o convite.

— Certo. King's Cross, às 9 horas, que tal?

— Está marcado.

Naquele sábado, Severus não pôde deixar de pensar na ironia que era a sua missão. Ele tinha que fazer Potter, Charlus, apaixonar-se por Black, Dorea, para juntos gerarem James Potter. Se Severus sabotasse sua missão, James jamais nasceria e a vida de Severus Snape talvez fosse menos sofrida. Do mesmo modo, se James Potter não nascesse, Harry Potter jamais existiria, e o Lorde das Trevas poderia reinar sem rivais sobre bruxos e Muggles.

Ele não podia arriscar.

Então, naquele sábado, Severus tocou o braço de Charlus Potter. Dias mais tarde, ele pôs a mão no ombro de Dorea Black.

Severus contou o ocorrido a Ruth no pub de King's Cross.

— E eu não podia arriscar — disse ele. — Sei que eu não deveria me envolver, mas não posso mudar as coisas. Não posso mudar o que sei nem o que fui. Se isso foi um teste, não sei se passei nele.

Ela sorriu para ele.

— Geralmente, quem é escolhido para esse seu trabalho precisa primeiro beber as águas do rio Lethe, o rio do esquecimento, apagando todas as memórias de sua vida. A Chefona não quis que você passasse por isso, portanto, posso ousar dizer que trombar com conhecidos faz parte de seu teste, sim.

— E... er.. tem chance de eu encontrar a mim mesmo? Digo, já que aqui é o passado.

— Ah, MacLeod — Ruth deu um sorriso triste. — Nessa linha do tempo, você não vai existir. Não se pode arriscar um paradoxo no continuum espaço-tempo.

— Mas... Mas... Quem vai espionar o Lorde das Trevas? Como o lado de Dumbledore vai ganhar a guerra?

Ruth lembrou-o:

— Isso não é problema seu, Connor MacLeod. Esqueça isso. Lembre-se: Severus Snape pertence a uma outra linha do tempo. Você precisa deixá-lo ir.

Falar era mais fácil que fazer, pensou Severus. Ainda mais observando as pessoas de sua antiga vida pipocando de volta na sua frente.


o0o o0o o0o


— Certo, MacLeod, é hora de nos mudarmos — disse Ruth um belo dia.

— Mudarmos?

— Já faz mais de 40 anos que estamos nessa terra e não envelhecemos. As pessoas vão desconfiar de algo errado. O melhor a fazer é assumir outra identidade e nos mudarmos para outra parte da cidade. A nova identidade já está sendo providenciada. Agora é hora de pensarmos numa outra profissão.

— Outra profissão? Mas... poções são a minha vida.

— Pelo amor de Zeus, MacLeod! Você ainda continua preso na identidade de Severus Snape? Eu venho dizendo há 40 anos que ele morreu! Que teimosia a sua!

— Desculpe, mas não posso evitar. Severus Snape é o que sempre fui. Não me espere para mudar de um dia para o outro.

— E 40 anos são de um dia para o outro? Já ouvi falar em apego, mas você ganha o prêmio de qualquer um. Bom, é bom dar aviso na botica, porque você vai sair de lá.

— E para onde eu vou? O que eu digo?

— Diga que você tem família no interior e eles precisam de você. Invente algo. Você vem acompanhando pessoas há 40 anos! Use uma história deles. É o que eu vou fazer.

— E o que você vai fazer?

— Acho que vou ser professora de jardim da infância. Ando com saudade de brincar com os pequenos. Por que você não arruma uma nova profissão? Ouvi dizer que você aprendeu a dirigir.

— E que desperdício de tempo foi isso. Mal tirei uma carteira de motorista, vou ter que fazer outra, para minha nova identidade.

— Acostume-se a isso. Connor MacLeod tem que morrer. A Chefona disse que o nome vai despertar suspeitas entre os mortais daqui a alguns anos.

— E o que isso quer dizer?

— Isso é com ela. Mas a nova carteira de motorista pode abrir novas possibilidades profissionais. Você poderia ser um motorista. Talvez taxista, com horários flexíveis. Podia comprar um carro. Ou poderia começar um curso profissionalizante na sua área. Botânica, química, sei lá. Talvez até enfermagem. Seja lá como for, você tem de duas a três semanas para decidir. E já se prepare também com seus bens e dinheiros. Você vai passar tudo para a sua nova identidade. Eu estava pensando em irmos para Highgate, que tal?

Severus Snape suspirou. Em 40 anos, ele nunca tinha absorvido a personalidade de Connor McLeod, e agora teria que mudar de nome outra vez. Ele deu início aos procedimentos como Ruth pedira.

As coisas se complicaram ainda mais para Severus no dia em que, entre os papéis que Ruth lhe passou, estavam os nomes de Evans, Lily e de Potter, James. Um turbilhão de sentimentos se apoderou do ex-bruxo assim que ele recebeu o papelzinho. Aquela era Lily, sua Lily, perdida uma vez e agora ele iria perdê-la novamente. De novo, derrotado por Potter. Maldito Potter, herói de Quidditch, fanfarrão riquinho, rei da impunidade.

Apesar de toda a resistência e a revolta em seu coração, Severus sabia que não podia contrariar as ordens da Chefona, como Ruth dizia. Talvez aquele fosse um dos testes. Ele tinha que assegurar um desempenho que garantisse uma eternidade tranquila. Portanto, ao abordar Lily, no antigo bairro de sua infância, enquanto ela ainda estava em Hogwarts, Severus jurou que poderia chorar. Invisível, pelos poderes de sua missão de cupido, ele observou a jovem, os cabelos avermelhados cascateando à luz do sol, parecendo puro fogo, enquanto os olhos verdes brilhantes pareciam ainda mais cheios de vida e alegria do que ele se lembrava. Oh, o que ele daria para poder ficar ali e observá-la, mesmo que invisível, como ele fazia quando tinha nove anos, toda vez que Lily e Petúnia brincavam no parquinho.

Mesmo morto há 40 anos, Severus Snape tinha um coração que se encheu de dor e calor ao olhar Lily mais uma vez, provavelmente a última vez. Ela não era para ele, talvez nunca tivesse sido, talvez pudesse ter sido. Agora era tarde para se fixar nessas coisas. Só o que ele sentia era que seu coração se agitava, às vezes o sufocava. Ele se aproximou para tocá-la e fazê-la se apaixonar por Potter.

Não conseguiu.

Pela primeira vez, Severus viu Ruth sair do sério. Ela saiu de trás do balcão do pub, agarrou-o pelo braço e o levou a um dos reservados do pub.

— Você perdeu a cabeça?

— Olhe, desculpe. Eu preciso de um tempo...

— Não tem essa de tempo, MacLeod! — Ruth praticamente babava. — Você derrapou, e foi feio!

— Ela foi a mulher que eu...

Ela o interrompeu, sibilando para tentar manter a voz baixa:

— Ela é o alvo! Ela é sua missão! Você vive dizendo que seus alvos são uns idiotas e estúpidos, e você me faz pior do que eles! Olha só, você é mais do que idiota e estúpido: está se comportando como um bobão e patético! Ainda está apaixonado por ela?

— Não! Não é isso. É... difícil.

— Bom, MacLeod, meta na sua cabeça: a vida é difícil para os vivos, mas ela é ainda mais difícil para nós, não-vivos. Você pode achar que tem poder sobre eles, mas não tem. Os vivos têm que viver suas vidas, e nós estamos nas marginais. Você já sabe disso, e mesmo assim tentou interferir. Espero que eu tenha sido clara em dizer que isso é grave, MacLeod.

Severus sentiu-se como se tivesse quatro anos. Mas ele não pudera evitar. Ao ver Lily...

Ruth continuou, interrompendo seus pensamentos:

— Então, sendo sua primeira derrapada feia em 40 anos, eu vou lhe dar uma chance. Uma. Hades adoraria saber disso. Ele o mandaria direto para o Tártaro. Ou melhor, para os Campos de Asfódelos, mas você adoraria isso, não? Nenhuma preocupação, nem gente idiota para irritar você!

Os Campos eram uma espécie de Purgatório, e Severus sabia disso. Pela tradição, os campos só tinham asfódelos e eram uma terra neutra, ou seja: seus habitantes não eram nem bons nem maus, realizando tarefas diárias monótonas e repetitivas. Se bebessem a água do rio Lethe, do esquecimento, perdiam a iniciativa e a memória, transformando-se em pouco mais do que robôs.

— Vou lhe dar uma chance. Você vai consertar isso. Há um plano para esses mortais, um plano maior do que eu ou você, e se você começar a esculhambar com esse plano, não vai ficar bem para nenhum de nós dois. Entendeu?

Ele assentiu com a cabeça, e Ruth repetiu:

— Entendeu mesmo?

— Sim, senhora. — Ele realmente parecia envergonhado.

— Só me apareça aqui amanhã com todas suas missões cumpridas. Ah, e eu já tenho uma nova identidade para você começar a transferir algum dinheiro. Connor MacLeod vai morrer em breve.

— E quando ele morrer, meu nome será...?

— Você será Russel Nash. Já tem uma conta bancária nesse nome. Eis aqui os dados. Pode começar a transferir algum dinheiro para assegurar um lugar para morar. Você sabe, Highgate é uma área onde o aluguel pode ser bem salgado.

— Que tal se eu escolher Camden, então? Ou um bairro próximo?

— Você é quem sabe. Já preenchi os papéis de inscrição para lecionar numa escola fundamental da região. Hum, temos que encontrar um pub baratinho ou um pé-sujo para nossas reuniões. Isso tudo é tão refrescante e divertido, não acha? Quase faz a gente se sentir vivo de novo.

Severus concordava que ele se sentia vivo. Mas não estava. Por isso, no dia seguinte, ele tocou sua doce Lily pela última vez, depois tocou James Potter e começou o processo de ir aos poucos se tornando Russel Nash, enterrando Connor MacLeod.

continua...

Fic: Estúpido Cupido (parte 2)

Por mais que tentasse, Severus não conseguia fechar o vazio em seu coração. Acatando as instruções de Ruth (que mudara seu nome para Brenda Wyatt), ele se afastara totalmente de Lily Potter. Eventualmente, suas missões o levavam a tocar pessoas que conhecera, como Tonks e Lupin, variados Weasley, diversos adolescentes a quem lecionara quando era vivo.

Como cupido, mesmo que temporário, ele obviamente levava o amor a outras pessoas. Mas agora ele prestava atenção a elas. Se fosse honesto consigo mesmo, eventualmente até torcia por seus "clientes".

Só agora, depois de muito tempo, Severus entendia de onde os mortais tiraram a ideia de que Cupido usava arco e flecha. O amor podia ser profundo e certeiro, causando dor e fazendo o coração sangrar. Era um impacto de uma ferida mortal, que transformava quem era atingido. Aí a pessoa passava a se sentir como se tivesse sido "flechada". E retirar uma flecha podia ser doloroso e demorado — assim como esquecer um grande amor.

Por isso tudo, Severus começou a se questionar se algum dia tinha realmente amado Lily. Ele não sentira o êxtase que seus clientes experimentavam. Sentira carinho por Lily e gratidão pela atenção que ela lhe dava. Mas ele sentia que ela não era para ele, e por isso o ódio a James Potter.

— Agora caiu a ficha — comentou Ruth, suavemente. — Você podia sentir muitas coisas em relação a Lily, mas nenhuma era amor.

— Mas então o que era?

— Apego, para começar. Desejo, talvez. Você mesmo já identificou carinho e gratidão.

Severus soltou um daqueles sorrisos auto-depreciativos. Ruth quis saber:

— O que foi?

— Nada, além da ironia de que, depois de morto, estou distribuindo algo que nunca tive em vida. Então, já que estou morto, provavelmente, nunca terei isso. Por toda a eternidade.

— Em nome de Cronos, homem, não fale assim do tempo. O futuro a Zeus pertence. Eu já falei que existe um plano, não? Confie na Chefa e faça seu trabalho direito. A gente nunca sabe o que vai acontecer amanhã ou daqui a 20 anos.

Pois foram necessários mais ou menos 20 anos para Severus receber a tal surpresa de que Ruth falava.

o0o o0o o0o


Numa manhã, Severus entrou no pub onde Ruth lhe entregava os papeizinhos com os alvos e se arrepiou. Depois de todo aquele tempo, o ex-bruxo reconheceu magia no ar.

E em segundos, estava naquele mesmo ambiente claro e resplandecente, todo em mármore, onde conhecera a deusa Afrodite. Desta vez, porém, não havia Dumbledore por perto. Ele estava sozinho, cara a cara com a Chefona.

Será que seus testes tinham acabado?

Será que ele tinha falhado?

— Severus, querido, preciso de um favor seu. Você é meu cupido especial e tenho uma missão sob medida para você.

— Sim, Madame.

— Tem uma mortal que está me irritando. Preciso que você faça uma entrega especial para ela.

— Sim, Madame.

— Essa atrevidinha nunca prestou os devidos respeitos a mim e agora que ficou viúva quer fazer votos de nunca mais se apaixonar. Não pode! Ninguém pode se fechar para o amor.

Severus decidiu não tomar aquilo como uma crítica pessoal a ele. Simplesmente deixou que a deusa continuasse a desabafar. Foi o que ela fez.

— Eu sempre soube que ela favorecia mais Atenas do que eu, mas ignorar-me totalmente? Desprezar-me? Isso não! Ela merece uma lição! Severus, é aí que você entra. Vou enviá-lo agora para a casa dessa petulante, e você deve fazê-la apaixonar-se. Aí quero ver de que sua preciosa Atenas será útil. Quero ver essa insolente tentar usar o cérebro para vencer o coração.

— Alguma ordem especial que eu deva cumprir?

— Apenas uma, Severus. Você deve derramar algumas gotas desse líquido na pele dela. É um de meus elixires mais potentes. Só... deixe o destino acontecer. Obrigada, meu cupido especial. Você fez de mim uma deusa muito feliz e orgulhosa.

E, num piscar de olhos, Severus desapareceu daquele local. Assim que ele saiu, Afrodite suspirou, lamentando:

— Vai ser uma pena perdê-lo.

Saindo detrás do trono, Dumbledore mostrou-se e comentou:

— Ele teria ficado muito grato, se pudesse se lembrar.

— Oh, sim. Ele foi um súdito exemplar. E eu me diverti muito brincando de ser Ruth.

— Se me permite a curiosidade, Madame, por que decidiu mudar os termos do contrato?

Afrodite o encarou, o movimento balançando os cachos perfeitos de suas madeixas e sorriu, mostrando os graciosos dentes:

— Ora, e como eu poderia negar a ele tamanho pedido do coração? Severus mereceu, e eu jamais negarei a força do amor a um coração merecedor.

o0o o0o o0o


Severus olhou em volta do ambiente que ele não via há tantos anos. Estava no Ministério da Magia. Ele conhecia o suficiente da magia olimpiana para saber que estava invisível. Agora precisava apenas localizar a moça que tanto desagradara a deusa Afrodite e completar sua tarefa. Quem sabe depois disso ele receberia uma recompensa. Quem sabe depois dessa missão especial ele finalmente poderia descansar sem ter que trabalhar para um senhor (ou senhora) cheio de poder que controlasse sua vida ou sua morte.

Foi nesse momento que Severus se deu conta de que ele não tinha recebido um papelzinho. Como saber quem era seu alvo? Será que Ruth poderia ajudá-lo?

Então ele a viu. Ela saía de uma das lareiras do átrio do ministério. Inacreditavelmente, ele a reconheceu.

A Srta. Granger.

Dificilmente ela ainda era senhorita. Severus se lembrava de tê-la tocado, ainda adolescente, e ela se apaixonara por Ronald Weasley. Isso tinha sido há pelo menos 30 anos e ele não se recordava de tê-la tocado novamente. Seria isso que teria desagradado tanto a Chefona?

Mais madura, Hermione Granger desabrochara em uma graciosidade serena, reparou Severus. Ela parecia manter-se longe de futilidades, ainda assim era bela a seu próprio jeito. Aparentava ter cerca de 40 anos, talvez mais - aproximadamente a mesma idade dele quando morrera.

Severus se recordara do que a deusa dissera: "Ela é uma atrevidinha que ficou viúva e fechou-se para o amor". Ela vestia preto, indicando luto. Ronald Weasley deveria ter falecido há pouco tempo. E Severus também não se esquecera da insuportável sabe-tudo que constantemente erguia as mãos na sua sala de aula, respostas na ponta da língua, os olhos castanhos brilhando de animação. Sim, Hermione Granger podia ser bem irritante.

Por outro lado, a fúria de Afrodite contra mulheres mortais que a desafiavam era bem conhecida. As lendas de Helena de Tróia, Pasífae, Andrômeda e Psiquê lhe vieram à mente. Todas essas mulheres tiveram destinos terríveis, condenadas a ordálios excruciantes. Seu coração se apertou ao pensar em Hermione passando por experiência semelhante.

A moça atravessou o imenso hall e dirigiu-se aos elevadores. Num impulso, Severus a seguiu. Os dois entraram juntos no elevador, acompanhados por outros funcionários do Ministério e os memorandos flutuantes de aviõezinhos de papel.

Tão perto Severus estava que sentiu o cheiro familiar de magia, de resíduos e vestígios de feitiço no ar, de varinhas polidas. Não importa o que Ruth dizia: aquele era o seu mundo, fosse qual fosse o nome que ele usava.

Percebendo que perdia a concentração, Severus afastou esses pensamentos e focalizou-se em sua missão. Aquela era a melhor oportunidade que teria. Ele tirou o frasco com o elixir da deusa e aproximou-se da mulher que era seu alvo.

Severus encarou os olhos castanhos, vendo o brilho da meninice no rosto mais maduro. O cabelo escovado tinha cachos suaves, um suave perfume de jasmim a envolvia. Nas mãos dele, o frasquinho com o elixir o encarava. Sua missão o esperava. Por que ele hesitava?

Ele lembrou Andrômeda, Helena e Psiquê. Como ele podia condenar Hermione aos mesmos tormentos? E por que, em nome de Zeus, ele não conseguia completar sua missão?

Severus procurou, de novo, afastar os pensamentos. Abriu o frasquinho. Algumas gotas bastariam, segundo a deusa. Ele só precisava fazer o líquido tocar a pele dela.

Ele só não contava com o suave solavanco do elevador. Mesmo suave, o balanço foi o suficiente para fazer o elixir derramar-se no braço dele.

Instantaneamente, Severus sentiu-se zonzo. A realidade parecia ter se alterado. Sons, cores, imagens estavam distorcidas. E tudo pareceu ainda mais surreal quando Hermione Granger, muito pálida, olhou diretamente para ele e arregalou os olhos.

— P-professor Snape...?

Foi nesse instante que a realidade foi demais para ele, e o cobertor cinza e quente da inconsciência envolveu-o.

o0o o0o o0o


— ... e, até onde conseguimos descobrir, o senhor está em perfeitas condições de saúde. Tirando o óbvio, claro.

Severus encarou o medibruxo, ainda incrédulo. Depois encarou a Srta. Granger, quer dizer, Sra. Weasley, e Harry Potter, como que tentando obter uma confirmação do que ouvira. Gravemente, pediu:

— Gostaria que repetisse o que acaba de dizer, por favor.

— O senhor está perfeitamente saudável, Sr. Snape — resumiu o medibruxo.

— Não, eu quis dizer o que disse antes disso.

Eles se entreolharam, e o jovem médico repetiu, pacientemente:

— Já se passaram 25 anos da Batalha de Hogwarts. Voldemort foi derrotado. O senhor foi dado como morto e enterrado com honras de herói. Pelo pouco que pudemos apurar, presumimos que o senhor tenha sido salvo por Narcissa Malfoy, tratado secretamente na Mansão durante todo esse tempo. Suspeitamos que, aos poucos, a saúde mental de Madame Malfoy tenha se deteriorado e ela tenha feito do senhor um prisioneiro durante todos os anos em que Lucius Malfoy cumpriu pena em Azkaban, onde ele veio a morrer. Sua falta de memória certamente é fruto dos variados Obliviate aplicados. Por algum tempo, sua idade nos intrigou. Quero dizer, o senhor não envelheceu um ano desde a Batalha Final. Então a Sra. Weasley nos ofereceu a explicação: suspeitamos do uso ilegal de um vira-tempo. Isso explicaria que suas últimas memórias tenham sido apenas da batalha. Esperávamos poder confirmar essas suposições com Madame Malfoy, mas tudo indica que o estado dela seja permanente.

Severus olhou em volta, ainda atordoado. Ele estava há três dias em St. Mungo's, todos tentando descobrir como ele subitamente aparecera num elevador do Ministério da Magia após ficar "morto" durante 25 anos. Estava desmemoriado e não envelhecera um dia além da última lembrança que tinha: o chão da Casa dos Gritos, onde agonizava depois de entregar a Harry Potter as memórias que o ajudariam a vencer Lorde Voldemort. Severus ainda entendia pouco do que acontecera e não sabia direito como deveria se sentir.

A Srta. Granger tinha sido uma companhia incansável e paciente, relatando a ele as mudanças no mundo bruxo e compartilhando com ele as surpresas destes novos tempos. Ela lhe contou a respeito de seu casamento com Ronald Weasley, de quem enviuvara há pouco, e dos dois filhos, Rose e Hugo, ainda em Hogwarts.

Harry Potter parecia maravilhado em vê-lo, emocionado até.

— Minha caçula está em Hogwarts — falou Harry, animado. — O nome dela é Lily Luna. Está em Gryffindor.

— Que surpresa — disse Severus, sarcástico. — Naturalmente, seguiu os irmãos e manteve a tradição de uma família só de Gryffindors.

— Poderia ser, se levasse em conta apenas o mais velho, James Sirius, que já terminou Hogwarts. Mas Al, o do meio, foi parar em Slytherin. Ele se forma esse ano.

Severus ergueu uma sobrancelha.

— E você não o deserdou? Notável.

Harry manteve o sorriso.

— Al está morto de vontade de conhecê-lo; ele o admira muito. Também está curioso, afinal, o nome dele é Albus Severus.

Severus já estava de boca aberta para despejar um comentário sardônico sobre "Gryffindors em pele de Slytherin", mas não conseguiu emitir um único som. Quando ele recobrou a voz, mal pôde articular as palavras.

— Mas por quê? O que você estava pensando?

— Pensei que meu filho podia se inspirar no exemplo de dois homens a quem admiro muito. Um pela sabedoria e visão, outro pela coragem e astúcia. Era o mínimo que eu podia fazer por homens a quem eu não mais podia ir pessoalmente dizer obrigado.

Severus ainda estava impactado com a informação de que Potter dera seu nome a um de seus filhos. E o que era aquilo nos olhos dele? Gratidão? Admiração?

A Srta. Granger dispersou o clima bizarro, indagando:

— E então, professor? Sua alta está chegando. Tem planos?

Aquilo pegou Severus de surpresa.

— A-alta...?

— Sua saúde está perfeita. — Harry parecia satisfeito. — St. Mungo's não trata gente saudável. Não há motivo para mantê-lo aqui mais tempo.

Ele não tinha pensado nisso. Onde ele iria viver?

— Minha casa...

— Spinner's End foi tomada pelas autoridades, o que é padrão para mortos sem testamento ou herdeiros — informou Hermione. — Por isso Harry e eu decidimos que o senhor é bem-vindo para passar o tempo que quiser comigo.

— Com a senhorita? Isso seria impróprio.

— Já pedi para me chamar de Hermione. E em que isso seria impróprio? Está numa situação incomum, precisa de ajuda. E depois de tudo que fez por nós...

— Mas... O que podem pensar a seu respeito? Nossa diferença de idade... Eu dei aulas para vocês!...

— Bem, agora a situação se inverteu, não é mesmo? Afinal, aos 43 anos, sou mais velha que você, um jovem de apenas 38 anos. Eu é que estaria me aproveitando de você. Confesso que a ideia chega a me atrair...

Harry arregalou os olhos, tanto quanto Severus, que indagou:

— Mas... mas...

— Fique tranquilo, professor. Não vou fazer avanços indevidos enquanto estiver na minha casa. A menos que não queira, claro.

Novamente Severus ficou sem palavras, olhando a moça sorrir. Harry pigarreou e apressou-se em dizer:

— Er, eu vou ali, falar com o médico, sobre uma coisa, acho, e, bom, já fui.

Sem esperar resposta, ele simplesmente saiu. Severus encarou Hermione e disse de maneira cuidadosa:

— Essa experiência de voltar dos mortos me deixou um pouco abalado. Pensei ter ouvido que gostaria de... er...

Hermione chegou perto dele e interrompeu:

— Ouviu certo. Não me entenda mal, eu realmente não sou assim impulsiva, mas acho que gostaria de tentar um relacionamento.

— Com seu velho e recém-redivivo mestre de Poções?

— Já resolvemos essa história de idade. E eu vejo todas as qualidades que fizeram de você um dos heróis da vitória contra Lorde Voldemort. Além do mais, Severus, não devemos tentar entender essas coisas do amor. Elas simplesmente acontecem. O que diz?

— É tudo muito repentino...

De repente, uma flecha invisível o atingiu, e ele completou:

— ... mas parece ser a coisa certa a fazer.

Hermione sorriu para ele, e ele correspondeu ao sorriso. Os dois trocaram um beijo tímido, corações acelerados, uma ligeira excitação diante do desconhecido e das grandes mudanças que certamente viriam.

Eles não podiam ver, mas ali no quarto de hospital, uma deusa grega lindíssima soltou um suspiro de alívio.

— Ah, finalmente! — Ela se virou para o menininho de fraldas e asas, que portava um arco e flechas. — Obrigada, filhinho. Sem você, esses dois não iriam se acertar tão cedo.

Ao lado dela, Dumbledore concordou:

— Sem dúvida, ambos precisavam desse empurrãozinho. E agora? O que acontece?

— Agora as coisas se ajeitam. Os filhos dela, os amigos, a família... tudo vai dar certo. Posso arranjar com Hermes para a imprensa dar uma ajudazinha também. Isso pouco importa. O mais importante eles já têm.

Dumbledore sorriu e vaticinou:

— Só o que eles precisam é amor.

The End

Fic: O pedido

Título:O pedido
Autora: Magalud
Par: Severus/Lily
Gênero: Romance
Censura: PG
Desafio: Severus enfrenta o sogrão quando vai à casa da namorada oficializar o namoro (Claire)
Resumo: Severus vai ao pai de Lily pedi-la oficialmente em namoro. Drabble.
Notas/Avisos: Nenhum. Agradeço à beta Cris
Disclaimer: Tudo que você reconhecer é de outros, JK, Warner, etc. O resto é meu, meu!


O pedido



― Então pretende namorar minha filha.

― Sim, senhor.

― Você parece ter pensado muito nisso, meu jovem.

― Sim, senhor.

― Você gosta dela há tempo?

― Sim, senhor. Desde que a conheci. Quando eu a vi no parquinho, sabia que queria me casar com ela.

― Oh, você tem intenções sérias.

― Sim, senhor. Lily para mim não é brincadeira. Eu a amo de verdade.

― Fico feliz, meu rapaz. Então você vai ter uma profissão e trabalhar bastante para sustentar vocês.

― Sim, senhor.

― Vamos combinar o seguinte: venha me procurar de novo daqui a algum tempo. Se não tiver mudado de ideia, e se ela aceitar, então você terá o meu apoio para se casar com Lily.

― Obrigado, senhor. Devo voltar daqui a quanto tempo?

― Uns oito anos. Agora vocês dois podem brincar no parquinho. Dez anos não é idade de pensar em casamento.

― Sim, senhor.

The End

Artes da Shey


Duas artes inéditas da Shey para o Fest!

Fic: As irmãs Stock (parte 5)

Capítulo 11: “Eslipo”
Snape saiu em direção ao lago, ela deveria estar lá, nervosa com tudo aquilo que havia ocorrido. Anita sempre ia ali quando precisava pensar, era sempre assim que ela reagia todas as vezes que precisava ficar sozinha. Mas ele não deixaria que ela tivesse uma opinião errada ao seu respeito, ele amava Anita e não iria perdê-la tão facilmente assim. Se ela não estava pronta, ele iria respeitar a vontade dela. “Eu deveria ter imaginado...ela sempre foi muito tímida e retraída...eu não deveria ter feito aquilo...eu deveria ter me controlado...Inferno!!!” - Ele censurava-se mentalmente durante cada curva do caminho.

- Anita!!! - O nome dela ecoou sem resposta.

- Anita, precisamos conversar... - Ele olhou para os lados em busca do olhar dela, mas era tudo vazio.

- Stock, apareça eu preciso falar com você!!! - Snape gritou com raiva daquele joguinho, ele sabia que ela estava ali.

Não havia ninguém ali?

Não...

- Estupefaça!!! - Gradou uma voz rouca atrás de Snape.

Tarde demais... Não houve tempo para revidar, Snape caiu inerte no chão, covardemente atingido pelas costas...

- Olá verme, a quanto tempo!!! - Yaxle cumprimentou-o cinicamente.

- Eu poderia matar você agora...- Pronunciou ele enquanto chutava Snape no chão.

- Mas não vou...ao menos, não agora!!!- Ele sorriu macabramente.

- Sabe...todo esse tempo fugindo...me deixou cansado...- Ele deu um chute no estômago dele- Eu estou precisando de um pouco de diversão...

- Vamos traidor, vou lhe mostrar o meu local preferido!!! - Yaxle pegou Snape pelas vestes, como se carregasse um saco de batatas e aparatou dali.

***


Anita sentiu que precisa ficar sozinha e pensar em tudo aquilo que havia ocorrido, ela saiu em direção ao seu local preferido, foi em rumo ao lago, esconder-se, como sempre fazia na hora do aperto. Ela estava lá quando Snape foi atacada e observava trêmula a ação de Yaxley.

***

Snape estava acordando, aos poucos as dores no seu corpo se tornavam mais intensas, e ele percebeu chocado que estava amarrado, estava numa espécie de cabana de madeira, o local fedia a um odor forte e nauseante, mistura de sangue e sujeira.

- Demorou a acordar Snape... - Yaxle sentiu enorme prazer ao vê-lo sangrando na sua frente, o sangue escorrendo e ensopando o chão.

- O que pensa que está fazendo? - Perguntou Snape, avaliando rapidamente sua situação.

- Estou apenas me divertindo um pouco, antes de matar você... – Ele respondeu como se fosse uma coisa extremamente óbvia.

- Realmente, deve ser muito fácil torturar alguém amarrado, por que não me solta e duelamos como dois homens adultos? - Perguntou Snape superiormente, apesar da tensão que sentia percorrer todo seu corpo.

- Duelar com você???... - Yaxle perdeu um pouco da falsa segurança.

- Sim...Ou está com medo de mim? - Perguntou Snape com um sorriso de puro deboche.

- MEDO???!!! - Berrou Yalex com o rosto tensionado – Eu NUNCA teria medo de um verme traidor como você...

- Antes de matá-lo...- Disse ele olhando para o porco estripado sobre a mesa.

- Quero fazer algumas...perguntinhas...- Yaxle tentou voltar ao controle.

- Quem você estava procurando? - Yalex levantou uma das sobrancelhas, seu rosto doentio radiava certo prazer.

- Não é da sua conta.- Snape respondeu firmemente.

- CRUCIO!!!

- Ahhh!!! - Snape sentiu o feitiço jogá-lo ao chão, a dor tomava conta de todo oseu corpo, era impiedosa e mortal.

- Eu vou ser bonzinho...vou facilitar pra você...

- Não banque o filantropo, Yaxle...o papel não lhe cai bem!!! -Rebateu o mestre ironicamente.

- Crucio!!!

- Ahhh!!!

- Eu ouvi você falando...- Disse o comensal observando cada gesto de Snape.

- Quem é Anita Stock?- inquiriu nervosamente.

- Ninguém!!!

- CRUCIO,CRUCIO,CRUCIO!!! - Repetiu fortemente até vê-lo quase sem forças caído no chão.

- Não sei...- Murmurou ele.

- Você está mentindo...até eu sei quem é Anita Stock!!!- Exclamou ele com um sorriso psicopata.

- Então me diga, você... – Exclamou Snape querendo saber se era um blefe ou não.

- Uma bela moça de lábios vermelhos e olhos azuis... – Yalex tinha um brilho no olhar.

- … (Snape ficou calado, aparentemente ele a conhecia)

- Eu poderia fazer com ela...o mesmo que eu fiz com aquela amiguinha dela...

- Qual era mesmo o nome dela???... - Yalex perguntou para si mesmo

- ….Lenorah Kiel, lembrei!!! - Exclamou satisfeito consigo mesmo.

- Não toque nela, ou eu vou!!! - Snape reagiu com ódio

- Vai o quê? - Riu debochadamente – Você não vai fazer nada, Snape!!!

- Eu estuprei Lenorah na frente dos pais dela...Você deveria ter visto a cara do senhor Kiel...- E continuou ao ver que o assunto lhe torturava mais do que as maldições imperdoáveis.

- ...O Lord disse que eu podia torturar aquele traidor do Kiel a vontade, antes de matá-lo, é claro...então...eu... – Yalex gargalhou diante da face de Snape.

- Seja homem e me enfrente num duelo, seu covarde!!! - Interrompeu Snape desesperado para salvar Anita.
- Sabe Snape...eu gosto de ouvi-las chorando...me excita!!!

- Maldito, você em enoja!!!!!!! - Snape estava doente com o que ele dizia.

- Mas você sabe que eu jamais poderia fazer algum mal a sua querida Anita Stock, não sabe? - Perguntou rindo.

- Por quê? - Bradou Snape confuso.

- Meu caro Severo...acredito que essa moça, seja ela quem for...andou mentindo pra você.

- O que está dizendo???!!! - Exclamou Snape irritado

-Ela não pode ser Anita Stock... – Afirmou Yaxle com toda certeza.

- Simplesmente, por que eu matei a filha caçula dos Stock....Eu matei Anita Stock!!! - Respondeu Yaxle friamente, seu rosto duro e impenetrável.

- … – Snape não disse nenhuma palavra, deveria ser um engano.

- Da para acreditar que a pirralha dos Stock, metida a heroína, veio querer defender a sua amiguinha...me enfrentando!!!

- Eu não queria...mas fui forçado a matá-la...Uma pena, eu podia ter me divertido com ela também!!!

- Cale-se!!! - Snape se contorcia diante de todas essas informações.

- Chega de conversa...faça seu ultimo pedido. – Yaxle olhou-o com nojo.

- Avada...
“Anita eu te amo...”
- Alarte Ascendare!!
- Berrou Anita com toda a sua raiva – Yalex subiu para o alto e foi jogado de encontro ao chão.
- Você está morta, eu matei você!!! - Yalex exclamou assustado, arregalando ou olhos e empalidecendo, ela seria um fantasma?

- Anita Stock... - O comensal balbuciou

- Não...Eu não sou Anita Stock, eu sou Lenorah Kiel!!! - Diante dessa frase ela simplesmente transformou-se diante de deles, sua pele antes branca tornou-se morena e seus olhos azuis ficaram verdes.

- Sentiu saudades de mim...- Debochou Yalex com um sorriso.

- Só nojo e desprezo!!! - Respondeu Anita enojada só em vê-lo

- Confundus!!! - Yalex tentou atacá-la

Anita caiu ao chão desorientada, e rapidamente Yaxle a segurou pelos punhos, o corpo dele pesava sobre o seu, era uma sensação sufocante, os olhos dele a encaravam como nos seus piores pesadelos.

- Novamente estamos juntinhos...veja como é o destino..só que dessa vez, querida...eu terei de matar você!! – Exclamou ele acariciando o rosto dela.

- Me largue!!! – Lenorah gritou com todo o seu fôlego, o seu pior pesadelo estava tornando-se realidade, e dessa vez ela não poderia simplesmente acordar.

- Não leve a mal, nada pessoal...só um castigo para o nosso querido Snape!!!

- Não toque nela, o seu problema é comigo!!! – Gritou Snape, tentando se desvencilhar-se das cordas.

- Fique quieto Severo, não estou falando com você!!!- Yaxle berrou para Snape

Era o que Lenorah precisava, cinco segundos de distração, só isso...

- Não fale assim com ele!!! – Lenorah aproveitou a distração dele e deu uma joelhada no ponto franco de todo homem.

- Maldita!!! - Berrou Yalex contorcendo-se de dor.

- Eu não tenho mais 8 anos de idade, seu covarde!!! – Ela gritou olhando-o com nojo

Lenorah foi rápida ao empurrá-lo com força, mas Yalex tentou puxá-la de volta, segurando o seu cordão com toda a força. Ela segurou o grito de dor, seu cordão arrebentou-se do seu pescoço.

- Avada Kedavra!!! -Yalex caiu morto ao chão. - Por alguns minutos, ela ficou observando os olhos dele estavam arregalados numa expressão vazia e assustadora. Ela aproximou-se do corpo dele e pegou a sua cornetinha com as duas mãos.
- Nunca mais ninguém vai tirar nada de mim!!!- Balbuciou Lenorah, ainda trêmula, mas aliviada.
- Anita...- Snape chamou-a quase exaurido da tortura.
- Por favor, não me chame assim... – Os olhos verdes o encararam com amor, doçura e dor.
- Quem é você? - Perguntou Severo sentido-se enfraquecer.
- Eu sou quem sempre fui... - Ela disse suavemente, percebendo a perplexidade do rosto dele.

- Desculpe-me, dear my love!!! – Ela suavemente encostou seus lábios nos dele.

“Eslipo” - feitiço não verbal.


Capítulo 11 : Savage, o auror

Snape acordou confuso, demorou alguns minutos para perceber que estava no leito oeste do Hospital St. Mungus, “Eu devo ter tido um delírio”, pensou consigo mesmo, mas ao tentar levantar-se percebeu que a dor, que sentia pelo corpo, não o deixaria mentir para si mesmo. Ele havia sido torturado e espancado por Yalex. Mas isso não importava, ao menos não agora...Ele pensava em Anita...(ou Lenorah)...como chamá-la...como encará-la? Ele estava confuso demais.

- Severo, você acordou!!! - McGonagol acabava de entrar com uma xícara na mão, aparentemente havia ido tomar um cafezinho.

- Sim.. -Snape parecia tentar assimilar todos os acontecimentos.

- Como você está? - Perguntou ela alegremente.

- Já estive melhor...- Respondeu ele

- Imagino...- Confirmou ela

- Quanto tempo estou aqui?

- A uma semana.

- Severo, foi Anita quem matou Yalex? -Perguntou a velha bruxa

- Não, fui eu – Mentiu ele para salvá-la

- Severo, isso é muito nobre da sua parte, mas os aurores usaram Prior Incantato na sua varinha...

- O que mais eles sabem?

- Bem...ela fugiu..

- Como?

- Pareci que quando quiseram prendê-la, a irmã Ludmila Stock tentou encobri-la e duelou com quatro aurores sozinha, enquanto a irmã fugia...

- Ela está bem?

- Sim...Ludmila está presa e Anita desaparecida.

- Eu tenho de sair daqui!!!– Snape tentou levantar-se em vão.

- Não, você ainda está convalescente!!! - Ela repreendeu ele, como se o mestre fosse um aluno de primeiro ano.

- ...E os aurores querem interrogá-lo – Continuou McGonagal

- Professor Sanpe, posso falar com o senhor? - O auror Savage bateu na porta

- ...Departamento de execução de leis mágicas.

- Se não tem jeito...- Retrucou Snape de mau humor.

- Gostaria que o senhor me contasse como foi o assassinato de Yaxle.

- Assassinato? Eu diria legítima defesa, ele estava ameaçando a minha vida e a senhorita Stock, heroicamente me salvou...

- Sinto informá-lo senhor, mas Anita Stock está morta há vários anos... - Falou Savage gravemente.

- Como assim? Ela estuda em Hogwarts e é uma excelente aluna!!! – Interveio McGongol chocada.

- Madame, quem vocês conheceram foi Lenorah Kiel uma perigosa delinqüente.

- Perigosa delinqüente? - Pasmou-se a diretora

- Isso é um absurdo!!! – Exclamou Snape grosseiramente.

- Estamos procurando Lenorah Kiel por usurpação, fraude, uso indevido da magia e assassinato. – Afirmou Savage.

- Mas eu já disse que foi em legítima defesa!!! -Exclamou Snape nervosamente.

- Mesmo que tenha sido, os outros crimes também são muito graves, cavalheiro... Quando a pegarmos, vai direto para Askaban!!!- Declarou o auror pesadamente.
- Mas a família dela, quer dizer...a senhora Stock...ela sabe disso? - Perguntou a diretora pálida.

- Infelizmente a senhora Stock está morta, a pobre senhora teve um ataque fulminante quando descobriu toda a trama... - Savage puxou no seu bigodinho ao prosseguir – ..Trágico, madame!!!

- Eu não sou obrigado a ficar aqui ouvindo isso!!! – Irrompeu Snape

– O senhor, faça o favor de si retirar!!! - Ordenou Snape fuzilando-o com os olhos.

- Isso é uma falta de respeito!!! - Savage perdeu seu sorriso

- Compreenda, senhor Savage...Muita emoção de uma vez só. Ele deve estar traumatizado – Defendeu McGonagal, evitando maiores transtornos.

- Venho em outro momento, madame - Respondeu Savage beijando a mão da diretora.

- Nós agradecemos!!! – Gradou Snape ironicamente.

***
Snape tentou fechar os olhos, mas era difícil, a algumas horas estava esperando o sono chegar e ele não vinha. Respirou fundo, e acabou por diluir uma gota da poção de dormir em um copo de água, afinal, não queria ficar dopado. Severo estava nervoso demais, atento demais para simplesmente virar e dormir. Agora, Anita...que dizer Lenorah...está sendo perseguida por aurores, com risco de acabar em Askaban. Ele respirou fundo, novamente, seus olhos lacrimejaram.

“A poção estava começando a fazer efeito”. Suspirou.

“Anita...tinha belos olhos azuis, cheios de fúria, medo e dor. Lábios vermelhos e macios bem dispostos numa pele branca como o marfim, um certo ar inatingível...quase frio. Ela era linda, não resta dúvidas...Mas havia uma certa frieza na sua fisionomia, a qual só era quebrada pela sua suavidade e doçura, o que parecia quase contraditório....
Sua visão estava turva, ligeiramente nublada. Uma confusão de pensamentos embaralhados na sua cabeça, eles rodopiavam sem nexo ou direção. Severo quase podia vê-la, mas não poderia tocá-la, esse era o castigo dado pela poção...

“Não poderia tocá-la...”
O verdadeiro nome dela rodopiou na cabeça dele...
“Lenorah...”

“Ela estava diante de mim...não era Anita....era Lenorah...ela parecia uma lembrança antiga, embaçada. Sim, era ela!!!Os olhos verdes, e a pele morena...numa combinação quase irresistível, havia um certo magnetismo que ela emitia, talvez fossem os seus olhos meigos e doces. Ela parecia aflita...“Estranho” - pensou consigo mesmo - Ela não combina com nada que fosse ruim, ou mal...Lenorah tinha calor, uma luz, talvez fosse ela a sua salvação...”

Snape sabia que era uma alucinação, tudo culpa da poção. Então riu de si mesmo, e resolveu participar desse jogo, e chamou-a baixinho:

- Lenorah...Lenoral...Lenorah...

“Pude sentir novamente, aqueles lábios suaves e doces nos meus, era uma pressão delicada, como todos os seus beijos, antigos ou atuais. É como se diz, muda-se a capa, mas não o conteúdo...Agora fazia sentido, seu rosto lindo e caloroso, ela não era fria nem distante...ela estava próxima...Senti os dedos dela passando pelos meus cabelos, era o mesmo toque macio de Anita, mas era diferente...talvez me parecesse ainda mais verdadeiro e entregue do que antes, não havia medo”.
ESCURIDÃO.

Snape acordou e sorriu, há tanto tempo não tinha tido um sonho tão lindo e real. Ele havia sentido até o toque dela. Olhou para os lados e percebeu que ao havia algo no seu leito, era um papel em forma de canudo, todo enrolado por um cordão com um pingente em formato de coração. Ele reconheceria aquele cordão em qualquer lugar.

- Anita...quer dizer...Lenorah!!! -Exclamou ele, levantando-se para ler a carta.

Dear my love,

Agora chegou o momento de lhe explicar tudo, meu nome é Lenorah, eu sou filha única dos Kiel, meu pai era um comensal da morte, que acabou se desviando das trevas, e tornando-se um informante do Dumbledore. Ele mudou graças ao amor da minha mãe, e é por isso que eu acredito que o amaria mesmo você sendo um comensal.
Eu era uma criança quando comensais invadiram minha casa e destruíram tudo que eu tinha, eles mataram os meus pais. Durante o ataque, eu tentei fugir, mas Yaxle me capturou...ele me estuprou na frente do meu pai, graças a Deus minha mãe já estava morta e não viu.
Eu estava ferida quando Ludmila e Anita Stock apareceram, Ludmila começou a lutar com Yaxle para me salvar, mas ela ainda era uma adolescente e ele lançou um feitiço imperdoável nela, um feitiço de morte. Mas Anita, apesar de ser tão criança quanto eu, correu na frente da Ludmila e a defendeu com o seu próprio corpo. Ela caiu morta ali mesmo. E eu não fiz nada.
Yaxle foi embora, pois os aurores já estavam chegando. Eu tive um ataque nervoso e comecei a me transformar descontroladamente, narizes redondos e arrebitados, compridos, finos, etc...boca grande e pequena, cabelo curto, longo, intermediário, e em todas as cores possíveis e imagináveis, tudo isso em frações de minutos. Eu não conseguia parar de me tremer e de me transformar.
Nós pegamos o corpo da Anita e a levamos para a casa dos Stock, nós passamos três horas tentando reanimá-la, nós usamos até feitiços ilegais, mas ela já estava morta. Ludmila percebeu que eu era metamorfamaga e implorou pra que eu me passasse por sua irmã, ela temia que a senhora Stock morresse de um ataque ao perceber que Anita havia morrido. Eu não tinha mais ninguém, e estava com medo de Yaxle voltar para me matar. Ludmila me ofereceu tudo que eu mais precisava e queria: uma família e proteção, acabei aceitando, por favor, não me julgue por isso.

Eu espero que um dia você consiga me perdoar por todo o mal que lhe causei. Não pense que tudo foi uma grande mentira, pois o nosso amor foi a única coisa pura que eu preservei em toda essa teia de falsidade. Eu nunca quis mentir para você, mas eu não podia contar a verdade. Esse segredo também envolvia Ludmila, Yaxle e a senhora Stock. Contudo, mesmo assim, por diversas vezes eu tentei lhe contar mas, eu não consegui. Severo, eu queria ter conseguido entregar a você tudo o que tenho, o meu corpo e o meu espírito. Mas eu não consegui...Quero que saiba, que ao menos eu lhe dei o meu coração.

PS: Minha mãe, me deixou esse cordão em formato de coração. Como eu havia lhe dito, não foi nenhum Stock que me deu ele.

Sempre sua.

LK.